Iniciantes na sabedoria

 

CÍNTHIA CORTEGOSO

cinthiacortegoso@gmail.com

De Londrina-PR

 

É claro que enquanto demoramos a querer conquistar a sabedoria, é a tolice que passa mais tempo conosco. Nossas atitudes isentas de sabedoria são tropeços, atrasos, constrangimentos, desconfianças, sofrimentos e uma vasta presença de tudo o que desconsidera a notoriedade do progresso. No entanto, ainda assim, a tolice parece encantar mais corações ou talvez seja pelo fato de que em sua companhia não se presencia a necessidade de melhora; o supérfluo, o equívoco, o ridículo já conseguiram envolvê-la a ponto de fazê-la pensar que já é suficiente.

Se, na presença de nossa vaidade insignificante, olharmos para o céu repleto de estrelas e voltarmos a nós, certamente, para bons entendedores, nossos olhos estarão cabisbaixos, pelo menos por alguns segundos, até a nossa insignificância recobrar-se. Na verdade, todos sabemos ‒ de alguma forma ‒ que a vida transcende e que há infinitamente mais para conhecermos e sentirmos. O problema é que, quando passamos a conhecer algo, a nossa responsabilidade também aumenta. O sábio coração saberá apreciar; o iniciante apenas continuará seguindo até seu momento de despertar.

Não se cria um sábio com conselhos e exemplos tolos, um sábio se desenvolve de acordo com aspectos mais peculiares. O primeiro deles é a boa conduta, pois tudo o que dela se afasta não possuirá, nem de longe, alguma sabedoria. Tornar-se sábio implica abandonar as vestes incoerentes, um tanto impuras, egoístas, só materiais, maldosas, artificiais e querer conhecer as vestes que o Mestre vestia, ou seja, querer aprender a verdade que Ele nos deixou e constantemente nos relembra.

Muitas vezes, imagina-se que para conquistar sabedoria é voltar-se aos livros ininterruptamente ou isolar-se na casa da montanha e sacrificar-se. Pobres pensamentos. Isso não se refere a nenhum momento de sabedoria. O sábio é aquele que compreende a atitude com coerência, respeito, paciência, cautela e, principalmente, amor onde quer que esteja. Não se enfraquece diante das inúmeras investidas contrárias que recebe. Ele começa a seguir a luz.

O caminho do bem também é o do sábio e a máxima faça aos outros o que deseja a si é o primeiro conteúdo a ser aprendido. Outro conteúdo inteiramente decisivo é a reforma íntima, isto é, para tornar-se sábio deve-se querer aprender o que é devido e deixar o ranço do atraso, incompreensão e intolerância.

Nenhum sábio relatou tristeza por alcançar a sabedoria, por certo, foram relatadas somente paz, liberdade e alegria por emancipar-se e não sofrer tanto mais com as pequenezes ainda humanas.

Quem deseja ver a luz da vida deve antes querer acender a própria luz.

 

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