CINCO-MARIAS
EUGÊNIA PICKINA
Todo indivíduo faz diferença. Jane Goodall
Aspiramos a que uma criança cresça empática?
Ainda que a empatia seja uma inclinação natural do
ser humano, ela depende na infância de estímulo para desenvolver-se. Como em
qualquer situação, o primeiro passo é o exemplo. Porque as crianças
absorvem tudo – as atitudes positivas e os comportamentos negativos. Logo, se
queremos crianças empáticas, devemos também ser pessoas empáticas – em casa, na
rua, no dia a dia, deixando que percebam, observem e absorvam de modo repetido
nosso cuidado e atenção com os outros e, ainda, as consequências de nossas
atitudes gentis, atentas, compassivas.
A habilidade de se
colocar no lugar do outro pode também ser estimulada na primeira infância por
meio da literatura infantil, que é um pilar importante no desenvolvimento da
criança.
Quando a criança tem
contato com os cenários diversos da literatura, ela tem a oportunidade de viver
diferentes experiências, abrindo-se a emoções distintas – medo, raiva,
tristeza, alegria –, integrando-se a contextos que abordam perspectivas plurais
da humanidade, o que contribui para que ela cresça com mais compreensão, mais
empatia.
Contar histórias para
as crianças pequenas e permitir que cresçam com acesso fácil a livros
contribuem de modo bastante eficaz com o fortalecimento das habilidades
emocionais, portanto da empatia, porque a identificação com personagens dá o caldo
imaginário necessário para a criança se reconhecer e se colocar no lugar dos
personagens, entender diferenças e conhecer novas formas de resoluções de
conflitos que poderão, por exemplo, ser reproduzidas nas situações reais.
Por permitir a
diversidade, despertando na criança seu potencial reflexivo e crítico, a
literatura, sem mencionar outros aspectos, é um recurso que, na infância,
favorece o desenvolvimento da empatia.
Notinhas
A empatia –
habilidade de se colocar no lugar do outro – não é uma característica
individual que depende somente de fatores genéticos. Aliás, é sabido hoje que
os fatores ambientais têm influência expressiva para o desenvolvimento da
empatia.
É na primeira
infância (período entre os 0 e 6 anos) que o nosso cérebro passa pelo maior
número de conexões neuronais (sinapses), criando uma janela de oportunidade
para o aprendizado. Assim, se área do cérebro responsável por habilidades
emocionais como a empatia não é devidamente estimulada na infância, fica mais difícil
desenvolvê-la na vida adulta.
É possível observar,
desde o nascimento, comportamentos que são uma espécie de precursores da
empatia, como o choro reativo de um bebê ao ouvir outra criança chorando. Mas é
a partir do primeiro/segundo ano de vida que os fatores ambientais – como a
interação com os pais – começam a preponderar no desenvolvimento da empatia.
*
Eugênia
Pickina é educadora ambiental e terapeuta floral e membro da Asociación Terapia
Floral Integrativa (ATFI), situada em Madri, Espanha. Escritora, tem livros
infantis publicados pelo Instituto Plantarum, colaborando com o despertar da consciência
ambiental junto ao Jardim Botânico Plantarum (Nova Odessa-SP).
Especialista
em Filosofia (UEL-PR) e mestre em Direito Político e Econômico (Mackenzie-SP), ministra
cursos e palestras sobre educação ambiental em empresas e escolas no estado de
São Paulo e no Paraná, onde vive.
Seu
contato no Instagram é @eugeniapickina
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