Sobre
o purgatório, o inferno e as penas eternas
ASTOLFO O. DE OLIVEIRA
FILHO
aoofilho@gmail.com
Quanto ao inferno, o pensamento espírita é diferente. Segundo o
Espiritismo, o inferno não tem existência real. O inferno não é um lugar, mas
tão somente um estado de espírito, expressão utilizada por um eminente vulto da
Igreja Católica, o saudoso papa João Paulo II. Podemos estar no inferno residindo
em uma mansão de luxo ou no paraíso vivendo em uma simples cabana.
Como sabemos, o inferno foi descrito pelos autores católicos como
uma imensa fornalha, mas teria sido sempre assim compreendido pela alta teologia? Evidente que não. Assim
como o papa que mencionamos, os teólogos mais lúcidos também entendem que semelhante
descrição é uma simples figura e que o fogo que ali se consome é um fogo moral,
símbolo das dores mais intensas e cruciantes, independentemente do lugar em que
nos situemos.
Pode-se dizer o mesmo a respeito da eternidade das penas. Se fosse
possível votar-se essa questão, para se conhecer a opinião íntima de todos os
homens que raciocinam e se acham no caso de compreendê-la, veríamos mesmo entre
os mais fervorosos religiosos que a maioria entende que a eternidade dos suplícios,
se fosse real, seria a negação da infinita misericórdia de Deus, além de não
ter suporte algum nos ensinamentos de Jesus.
Segundo o Espiritismo, a duração do castigo é subordinada ao
melhoramento do Espírito culpado. Nenhuma condenação por tempo determinado é
pronunciada contra ele. O que Deus exige, para pôr um fim aos sofrimentos, é o
arrependimento, a expiação e a reparação; em uma palavra, um melhoramento sério
e efetivo, uma volta sincera ao bem.
O Espírito é, assim, o árbitro de sua própria sorte. Sua
pertinácia no mal prolonga-lhe os sofrimentos; seus esforços para fazer o bem
os minoram ou abreviam, como o apóstolo Pedro afirmou sabiamente: “Antes de
tudo, mantende entre vós uma ardente caridade, porque a caridade cobre a
multidão dos pecados”. (1 Pedro, 4:8.)
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