Revista Espírita de 1863
Allan Kardec
Parte 9
Damos prosseguimento ao estudo metódico e sequencial da Revista Espírita do ano de 1863, periódico editado e dirigido por Allan Kardec. O estudo baseia-se na tradução feita por Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.
A coleção do ano de
1863 pertence a uma série iniciada em janeiro de 1858 por Allan Kardec, que a
dirigiu até 31 de março de 1869, quando desencarnou.
Cada parte do estudo,
que é apresentado às quartas-feiras, compõe-se de:
a) questões
preliminares;
b) texto para
leitura.
As respostas às
questões propostas encontram-se no final do texto abaixo.
Questões preliminares
A. Espírito batedor é
o mesmo que Espírito tiptor?
B. A autoanálise é
importante no processo evolutivo do ser humano?
C. O que distingue o
Espiritismo das demais doutrinas filosóficas?
Texto para leitura
82. O “Orçamento do
Espiritismo ou Exploração da Credulidade Humana” é o título de uma brochura
publicada em Argel, em que o autor apresenta números mirabolantes para dizer
que Allan Kardec embolsava uma renda anual de 38 milhões de francos. Eis alguns
exemplos do absurdo: a Sociedade Espírita de Paris, que jamais teve 100 sócios,
teria 3.000 associados, e a Revista Espírita contaria com 30.000 assinantes. O
efeito junto aos espiritistas foi provocar uma enorme gargalhada e, nos demais,
despertar o desejo de conhecer o nababo que ficou rico com o
Espiritismo. (PP. 173 a 180)
83. O Sr. Sabô, de
Bordeaux, conta que duas fábulas de origem mediúnica foram agraciadas no
concurso anual promovido pela Academia dos Jogos Florais de Toulouse, em que se
inscreveram 68 concorrentes. Uma - intitulada “O Leão e o Corvo” - obteve o
primeiro prêmio; a outra recebeu menção honrosa. O autor desencarnado foi o
Espírito familiar do Sr. T. Jaubert, vice-presidente do tribunal civil de
Carcassone, que, evidentemente, não cientificou o júri sobre a origem mediúnica
de seus dois trabalhos. As fábulas foram escritas por meio da linguagem
alfabética das pancadas. (PP. 180 a 183)
84. Noutra carta, o
Sr. Sabô relata uma experiência mediúnica por ele realizada, sendo médium o Sr.
Jaubert. O Sr. Sabô fez, a pedido do médium, a evocação mental de um Espírito e
eis que apareceu sua falecida esposa, morta aos 22 anos de idade, de nome
Félicia, que Jaubert não conhecera. Comentando o fato, Kardec fez um único
reparo: ao título de batedor dado ao Espírito que trabalha com o Sr. Jaubert. O
vocábulo batedor é mais apropriado quando se refere a uma das classes
constantes da escala espírita, na categoria de “Espíritos imperfeitos”. Como o
objetivo do Espírito familiar do Sr. Jaubert é sério, Kardec prefere chamá-lo
de Espírito tiptor, termo que se refere à linguagem tiptológica. (PP. 185 a
188)
85. Na seção de
dissertações espíritas, a Revista transcreve três mensagens de origem
mediúnica. Na primeira, La Fontaine diz que o que impede, por vezes, que nos
corrijamos de um defeito é, certamente, não percebermos que o temos. Ele propõe
então a autoanálise, o conhecimento de nós mesmos, para termos sucesso nesse
campo. A segunda, sem identificação de autoria e recebida em Viena, destaca o
valor da amizade e diz que a prece eleva o Espírito do homem para Deus,
transportando-o para um estado de paz que o mundo não pode oferecer. A
terceira, assinada apenas por um Filósofo do outro mundo, diz que o Espiritismo
é obra de Deus e, por isso, tem assegurado um brilhante futuro, quando, graças
à sua benéfica influência, haverá na Terra a concórdia e a fraternidade que ele
apregoa. (PP. 191 a 194)
86. Interessante
artigo sobre o sonambulismo abre o número de julho e nele Kardec reproduz carta
de um distinto médico de Tarn, que afirma que certos fenômenos ligados ao
sonambulismo provam com clareza a existência da alma e sua ação à distância,
independente do corpo físico. Kardec comenta o assunto. (PP. 197 a 200)
87. A Revista
transcreve dois pedidos de admissão formulados ao presidente da Sociedade
Espírita de Paris, para mostrar o nível de consciência e o caráter dos que
aderem às ideias espíritas através da leitura e do estudo. Nas duas cartas,
ambos os missivistas dizem do efeito que a simples leitura d’O Livro dos
Espíritos produziu em suas vidas. Comentando o assunto, Kardec afirma que a
Sociedade Espírita de Paris só acolhe gente séria e que ali nenhum dos médiuns
recebe retribuição. Quanto aos membros correspondentes e honorários, nenhum
encargo financeiro lhes é imposto, visto que apenas os membros titulares e
associados concorrem para o custeio das despesas da Sociedade. (PP. 200 a 204)
88. A última
inventada para tentar ridicularizar o Espiritismo surgiu na Sala Robin, no Boulevard
du Temple, onde aparecem espectros e fantasmas impalpáveis, imitando as
aparições espíritas. O jornal Independence belge, falando sobre esse
novo truque cênico, exclamou: “Eis a religião do Sr. Allan Kardec metida a
pique. Como vai o Espiritismo sair-se desta?” Kardec diz que deve haver o dedo
dos Espíritos nesse movimento, porque esses recursos, aliados à virulência dos
sermões, acabam produzindo efeito contrário ao que os detratores do Espiritismo
desejam. (PP. 204 a 206)
89. Um correspondente
de Bordeaux, mencionando o fato que ocorreu com sua irmã na cidadezinha de
B..., onde era difícil encontrar alguém para conversar sobre Espiritismo,
mostra o efeito que quatro sermões proferidos pelos irmãos carmelitas tiveram
na população da cidade. O resultado dos ataques – ao chamar os médiuns de
possessos do demônio que só agem por interesse – foi que em toda a cidade só se
falava, nos dias seguintes, do Espiritismo e todo mundo queria saber mais, fato
que fez com que surgissem novos adeptos onde não havia praticamente nenhum.
(PP. 207 e 208)
90. Em Constantinopla,
conforme carta enviada à Revista pelo advogado Repos Filho, presidente da
Sociedade Espírita local, os livros espíritas, mal chegam aos livreiros, são
imediatamente vendidos. (P. 209)
91. Segundo o Sr.
Repos Filho, um quadro desenhado mediunicamente por seu amigo e confrade Paul
Lombardo foi admitido na Exposição nacional otomana com esta inscrição:
“Desenho mediúnico. Executado pelo Sr. Paul Lombardo, de Constantinopla, que
desconhece as artes do desenho e da pintura”. Comentando ambas as notícias,
Kardec diz que o Espiritismo tem um caráter que o distingue de todas as
doutrinas filosóficas: o de não ter um foco único, de não depender da vida de
nenhum homem. Se o prejudicam aqui, ele surge ali. Eis aí a sua força. (PP. 209
a 211)
Respostas às questões propostas
A. Espírito batedor é
o mesmo que Espírito tiptor?
Não. O Sr. Sabô fez a
evocação mental de um Espírito e eis que apareceu sua falecida esposa, que o
médium não conhecera. Sua comunicação se fez por meio de pancadas. Comentando o
fato, Kardec fez um reparo ao título de batedor dado ao Espírito comunicante,
afirmando que o vocábulo batedor é mais apropriado quando se refere a uma das
classes constantes da escala espírita, na categoria de “Espíritos imperfeitos”.
Como o objetivo do Espírito que ali se comunicou foi sério, Kardec prefere
chamá-lo de Espírito tiptor, termo que se refere à linguagem tiptológica. (Revista
Espírita de 1863, pp. 185 a 188.)
B. A autoanálise é importante no processo evolutivo do ser
humano?
Sim. Segundo o Espírito de La Fontaine, o que impede, por
vezes, que nos corrijamos de um defeito é, certamente, não percebermos que o
temos. Ele propõe então a autoanálise, o conhecimento de nós mesmos, para
termos sucesso nesse campo. (Obra citada, págs. 191 a 194.)
C. O que distingue o
Espiritismo das demais doutrinas filosóficas?
O que distingue o
Espiritismo de todas as doutrinas filosóficas é o fato não ter um foco único,
de não depender da vida de nenhum homem. Se o prejudicam aqui, ele surge ali.
Eis aí a sua força. (Obra citada, pp. 209 a 211.)
Observação:
Para
acessar a Parte 8 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2023/06/revista-espirita-de-1863-allan-kardec_01043510072.html
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