sexta-feira, 9 de junho de 2023

 



No Invisível

 

Léon Denis

 

Parte 20

 

Damos prosseguimento ao estudo metódico e sequencial do clássico No Invisível, de Léon Denis, cujo título no original francês é Dans l'Invisible.

Nossa expectativa é que este estudo sirva para o leitor como uma forma de iniciação aos chamados Clássicos do Espiritismo.

Cada parte do estudo compõe-se de:

a) questões preliminares;

b) texto para leitura.

As respostas às questões propostas encontram-se no final do texto indicado para leitura.

Este estudo é publicado sempre às sextas-feiras.

 

Questões preliminares

 

A. A que espécie de fenômeno estão relacionadas a visão e a audição psíquicas?

B. Qual é mais sutil e penetrante: o sentido psíquico ou o sentido físico?

C. É necessário o concurso de objetos – espelho, cristal, copo d´água – para que o sensitivo consiga perceber as imagens de natureza psíquica?

 

Texto para leitura

 

559. Lê-se nos Annales des Sciences Psychiques, de agosto de 1905, a seguinte narrativa de um caso descrito pelo Messagero, de Roma:

“Um certo Marino Tonelli, de 27 anos de idade, residente em Rancidello (República de San Marino), regressava a casa, em seu cabriolé, na noite de 13 de junho. Adormecera e, ao passar por um lugar perigoso da estrada, conhecido sob a denominação de Coste di Borgo, de repente sentiu-se violentamente sacudido e despertou. Achou-se estendido num campo, ao fundo de pequena ribanceira, por onde acabava de rolar com o cavalo e o cabriolé. Felizmente não estava ferido e começara, com o auxílio de algumas pessoas que o haviam acudido, a pôr a salvo sua pequena equipagem, quando viu aparecer, com grande espanto, sua mãe. A pobre senhora, chorando de comoção, o abraçou, perguntando-lhe se não se machucara e acrescentou: – Eu te vi, sabes? Não conseguia dormir. Tua mulher e os teus dois pequeninos já estavam dormindo há algum tempo; mas eu sentia uma inquietação, um mal-estar extraordinário, desconhecido, que não podia explicar. De repente vi aparecer diante de mim este caminho, exatamente este lugar, com a ribanceira ao lado; vi o cabriolé virar e seres precipitado neste campo; tu me chamavas em teu socorro. Senti, por último, a necessidade irresistível de aqui vir e, sem despertar pessoa alguma, resistindo ao pavor da solidão, da obscuridade e da tempestade ameaçadora, aqui estou, depois de uma caminhada de quatro quilômetros.” O correspondente do Messagero termina dizendo: “Aí está o fato, aí a narrativa exata que colhi dos lábios, ainda trêmulos de comoção, dessa honrada gente.”

560. De acordo com uma indagação a que procedeu ao Senhor Francesco, a inquietação da mãe do rapaz precedeu de algumas horas a visão do acidente, e este ocorreu três quartos de hora depois da visão, isto é, o tempo necessário para percorrer a pé a distância que separa a casa dos Tonelli do lugar do acidente.

561. A premonição e os pressentimentos são difíceis de analisar-se, do ponto de vista científico. Não são explicáveis, senão em certos casos, quando o acontecimento pressentido tem precedentes, subjetivos ou objetivos. Na maioria dos casos, porém, os fatos anunciados nada oferecem que se preste à ideia de sucessão ou encadeamento.

562. Donde vem o poder de certas almas, de lerem no futuro? Questão profunda e obscura, que causa vertigem como o abismo, e que não propomos sem uma certa perturbação, porque a sentimos quase insolúvel para a nossa mesquinha ciência. Do mesmo modo que, girando no espaço, cada mundo se comunica, através da noite, com a grande família dos astros pelas leis do magnetismo universal, assim também a alma humana, centelha emanada do Divino Foco, se pode comunicar com a grande Alma eterna e dela receber instruções, inspirações, lampejos instantâneos.

563. Desta explicação podem sorrir os cépticos. Não é, porém, de nossa elevação para Deus que derivam as forças vivas, os socorros espirituais, tudo o que nos engrandece e faz melhores? Cada um de nós possui, nas profundezas de seu ser, como que uma fresta rasgada sobre o infinito. No estado de desprendimento psíquico – sonho, êxtase, transe – o círculo de nossas percepções se pode dilatar em proporções incalculáveis; entramos em contacto com a imensa hierarquia das almas e dos poderes celestes. Gradual e sucessivamente, pode o espírito remontar até à Causa das causas, à Inteligência divina, para quem o passado, o presente e o futuro se confundem num todo único, e que do conjunto dos fatos conhecidos sabe deduzir todas as consequências que comportam.

564. Visão e audição psíquicas no estado de vigília – A visão e audição psíquicas em estado de vigília estão ligadas aos fenômenos de exteriorização, neste sentido: necessitam de um começo de desprendimento no percipiente. Não se trata mais de fatos fisiológicos ou de manifestações do ser vivo, a distância, e sim de uma das formas de mediunidade.

565. Na visão espírita, a alma do sensitivo já se acha parcialmente exteriorizada, isto é, fora do organismo material. Sua faculdade própria de visão se vem acrescentar ao sentido físico da vista. Às vezes a substituição deste pelo sentido psíquico é completa. Demonstra-o o fato de, em certos casos, o médium ver com os olhos fechados. Fui muitas vezes testemunha desse fenômeno.

566. Convém ter o cuidado de distinguir a clarividência da visão mediúnica. Acontece que sonâmbulos muito lúcidos, no que se refere aos seres e às coisas deste mundo, são inteiramente cegos a respeito de tudo o que concerne ao mundo dos Espíritos. Prende-se isso à natureza das irradiações fluídicas de seu invólucro exteriorizado e ao modo peculiar de adestramento a que os submete o magnetizador. É o que distingue o estado de simples lucidez do de mediunidade. Neste último caso, já não é o magnetismo humano que intervém. O vidente se acha sob a influência do Espírito que sobre ele opera, visando produzir determinada manifestação. Provocando o estado de semidesprendimento, faculta ao sensitivo a visão espiritual.

567. O sentido psíquico, como vimos, é muito mais sutil que o sentido físico; pode distinguir formas, radiações, combinações da matéria que a vista normal não seria capaz de perceber. Para tornar mais distinta sua aparição, o Espírito muitas vezes recorre a um começo de materialização. Objetiva-se mediante as forças hauridas nos assistentes. Nessas condições, sua forma fluídica penetra no campo visual do médium e pode mesmo, em certos casos, impressionar a placa fotográfica.

568. Os videntes descrevem os Espíritos com particularidades que são outros tantos elementos de comprovação. Depois vem a fotografia confirmar, ao mesmo tempo, a fidelidade da descrição e a identidade dos Espíritos que se manifestam. Estes são muitas vezes desconhecidos dos médiuns.

569. No grupo de estudos psíquicos de Tours, de 1897 a 1900, possuíamos três médiuns videntes, auditivos e de incorporação. Antes de adormecerem, feita a obscuridade, eles divisavam, ao pé de cada um dos assistentes, Espíritos de parentes ou de amigos que nomeavam quando os conheciam, ou que descreviam minuciosamente quando os viam pela primeira vez. Nesse caso, a descrição era tal que, conforme a atitude ou o vestuário, os assistentes reconheciam facilmente a personalidade do manifestante. Além disso, os médiuns ouviam e transmitiam a linguagem dos Espíritos e os desejos que estes formulavam.

570. A impressão produzida nos videntes variava de modo muito sensível, conforme o desenvolvimento das faculdades mediúnicas ou o adiantamento dos Espíritos. Onde uns só distinguiam um ponto brilhante, uma chama, outro via uma forma radiosa. O mesmo acontecia com a audição, que variava de intensidade e precisão conforme os sensitivos. Enquanto um não percebia mais que um vago som, uma simples vibração, outro escutava uma harmonia doce e penetrante que o comovia até às lágrimas.

571. O estado de adiantamento do Espírito, como o sabemos, se revela, à primeira vista, no Espaço, pelo brilho ou obscuridade do seu invólucro. Em nossas experiências, já os videntes reconheciam o grau de elevação das almas pela intensidade de suas irradiações. Muitas vezes fizemos este reparo: médium acordado, com os olhos abertos, percebia um certo número de Espíritos de todas as ordens. Fechados os olhos, distinguia somente alguns deles, os mais adiantados, aqueles cujas irradiações sutis – a exemplo dos raios X em relação às placas fotográficas – podiam, através das pálpebras cerradas, influenciar o sentido visual.

572. A História está cheia de fenômenos de visão e de aparição. Na Judeia, a sombra de Samuel exorta Saul. No mundo latino aparecem fantasmas a Numa, Brutus e Pompeu. Os anais do Cristianismo são ricos em fatos desse gênero. Na Idade Média os mais notáveis fenômenos de visão e audição conhecidos são os de Joana d'Arc. A essa virgem incomparável, o mais portentoso dos médiuns que já produziu o Ocidente, é que se deverá sempre recorrer, toda vez que se quiser citar brilhantes provas da intervenção do mundo invisível em nossa História.

573. A vida inteira da heroína está cheia de aparições e vozes, sempre idênticas, e que jamais são desmentidas. Nos vales de Domrémy, nos campos de batalha, em presença de seus arguidores de Poitiers e dos juízes de Ruão, por toda parte a assistem e inspiram os Espíritos. Suas “vozes” ressoam-lhe aos ouvidos, marcando sua tarefa cotidiana e imprimindo à sua vida uma direção precisa e um glorioso objetivo. Elas anunciam acontecimentos que, sem exceção, se realizam. Em seu doloroso encarceramento, essas vozes a encorajam e consolam: “Leva tudo com paciência; não te inquietes com o teu martírio; chegarás por fim ao reino do paraíso”.  E os juízes, a quem ela comunica esses colóquios, aparecem desassossegados com semelhante predição, cujo sentido compreendem.

574. A todas as perguntas pérfidas, insidiosas, que lhe dirigem, as vozes ditam a resposta e, se esta se fez esperar, ela o declara: “Louvar-me-ei em meu conselho”. Quando as vozes se calam, abandonada a si mesma, ela não é mais que uma mulher; fraqueja, se retrata, se submete. Durante a noite, porém, a voz se faz novamente ouvir. E ela o repete aos seus juízes: “A voz me disse que era pecado abjurar; o que eu fiz está bem feito”.

575. Certos sensitivos só obtêm a visão por meio de objetos em que se concentra o pensamento dos Espíritos sob a forma de imagens ou quadros, como, por exemplo, um copo d'água, um espelho, um cristal. Quando o Espírito é impotente para fazer vibrar o cérebro do médium ou provocar uma exteriorização suficiente, impregna de fluidos os objetos que acabamos de indicar; faz, pela ação da vontade, aparecerem imagens, cenas muito nítidas, que o sensitivo descreverá em suas menores particularidades e que outros assistentes poderão igualmente ver.

576. Eis aqui um dos casos mais notáveis, assinalado pelo Light de 16 de fevereiro de 1901. O Espírito de um homem assassinado faz encontrarem seu corpo, a princípio por meio da visão no cristal, e depois, diretamente, pelos sentidos psíquicos do médium:

“O Sr. Perey-Foxwell, corretor de câmbio, residente em Thames Ditton, a pequena distância de Londres, saiu de casa no dia 20 de dezembro de 1900, pela manhã, e dirigiu-se para seu escritório, na cidade. Aí não apareceu ele nesse dia nem nunca mais. Verificado o seu desaparecimento, a polícia procedeu a longas e minuciosas pesquisas, mas inutilmente. Desesperançada, a Sra. Foxwell recorreu a um médium, o Sr. Von Bourg, que obteve, em um espelho, a visão do corretor de câmbio, vivo, e depois o seu corpo debaixo d’água. Numa outra sessão o médium vê um Espírito de pé junto à Sra. Foxwell, indicando com insistência um relógio, uma cadeia e berloques que tem na mão. Naquele se vê gravado um nome. A Sra. Foxwell, pela descrição, reconhece seu marido e o relógio, graças ao qual pôde mais tarde ser o corpo identificado. O Espírito pede que procurem seu despojo e promete conduzir o médium ao lugar em que foi lançado à água. Faz-se uma nova reunião, e o Espírito desenha, pelo punho do Sr. Von Bourg, a planta do caminho que será preciso percorrer. Acompanhado de muitos amigos do finado, o médium toma esse caminho e segue-lhe todas as sinuosidades. Experimenta a repercussão muito viva das impressões sentidas pela vítima. No próprio local em que esta foi ferida, quase perdeu os sentidos. Tiveram que percorrer diversas veredas, contornar casas, transpor barreiras, como o haviam feito os assassinos. Toda vez que vacilavam na direção a tomar, os médiuns – Srs. Von Bourg e Knowles – viam claramente o Espírito adiante deles indicando o caminho. Chegaram finalmente à borda de um riacho, de águas tranquilas e profundas. ‘É aqui!’ declararam os médiuns. Mas havia já anoitecido, e foi preciso voltar ao ponto de partida. No dia seguinte fizeram-se pesquisas. Indivíduos munidos de varas sondaram o fundo do riacho; e, pouco depois, abaixo do sítio em que se faziam as sondagens, mesmo no lugar em que o riacho se encontra com o Tâmisa, viu-se boiar um cadáver à flor d’água. Um relógio, encontrado com o fúnebre despojo, permitiu reconhecer o corpo do Sr. Foxwell. Uma permanência de seis semanas debaixo d’água dera lugar à decomposição das carnes. O corpo se achava revestido com os objetos descritos pelo médium. Pôde-se então reconhecer a identidade, não somente pela presença do relógio e dos berloques, como também por certas particularidades observadas nos dentes, etc.”

577. O professor Bessi relata na Revue des Études Psychiques (maio de 1901) um outro fenômeno de visão espontânea, de que foi testemunha em uma casa mal-assombrada da Úmbria. O caso é tanto mais digno de nota quanto o professor, segundo sua própria confissão, era absolutamente refratário a toda ideia espírita:

“Trabalhava ele alta noite, escrevendo as derradeiras páginas de uma brochura que ia publicar, quando de repente se apagou a lâmpada. O gabinete continuava, entretanto, iluminado por débil claridade um tanto fosca. Diante dele um espelho refletia uma luz ainda mais viva e, com ela, um quarto e móveis que lhe eram desconhecidos. Uma senhora idosa, sentada em frente a uma mesa, escrevia lentamente, em atitude muito absorta; meteu depois a folha escrita em um envelope, que guardou na gaveta. Por último encostou a cabeça no espaldar da poltrona e pareceu adormecer. A luz se extinguiu e a visão desapareceu. Horas depois, vinha o professor a ter notícia do falecimento de uma tia de sua mulher, a qual havia sido encontrada morta, em sua poltrona, encontrando-se também na gaveta da mesa um testamento hológrafo”. (1)

578. Das respostas pelo Sr. Bessi dadas às perguntas que lhe dirigi – diz o Sr. César de Vesme, diretor da Revue des Etudes Psychiques –, resulta que a visão se produziu à meia-noite, e que a senhora idosa foi encontrada morta às primeiras horas da manhã. O agente teria sido, por conseguinte, a própria finada, amparada por alguma assistência oculta; e como só o Sr. Bessi estava acordado em casa, à hora da manifestação, foi ele o único que a apreciou.

579. O órgão da audição, em condições idênticas ao fenômeno da visão, pode ser igualmente influenciado pelos Espíritos. Myers refere o seguinte fato:

“Lady Caidly, na ocasião de tomar um banho, achando-se já fechada no banheiro e despida, ouviu uma voz estranha e claramente distinta que dizia: Puxe o ferrolho! Ela ficou surpreendida e olhou para todos os lados, mas em vão. Quando se meteu no banho, ouviu ainda a voz repetir três vezes seguidas, com insistência crescente: Puxe o ferrolho! Saiu então da banheira e puxou o ferrolho. Mas ao voltar ao banho, perdeu os sentidos e caiu com a cabeça dentro d’água. Por fortuna pôde, na queda, puxar o cordão da campainha. A criada de quarto acudiu. Se a porta estivesse trancada, ela se teria infalivelmente afogado.”  (Continua no próximo número.)

 

(1) Hológrafo: documento totalmente escrito à mão pelo seu autor.

 

Respostas às questões preliminares

 

A. A que espécie de fenômeno estão relacionadas a visão e a audição psíquicas?

Tanto a visão quanto a audição psíquicas em estado de vigília estão ligadas aos fenômenos de exteriorização. Necessitam, pois, de um começo de desprendimento no percipiente. Não se trata mais de fatos fisiológicos ou de manifestações do ser vivo, a distância, e sim de uma das formas de mediunidade. Na visão espírita, a alma do sensitivo já se acha parcialmente exteriorizada, isto é, fora do organismo material. Sua faculdade própria de visão se vem acrescentar ao sentido físico da vista. Às vezes a substituição deste pelo sentido psíquico é completa. Demonstra-o o fato de, em certos casos, o médium ver com os olhos fechados. Léon Denis foi muitas vezes testemunha desse fenômeno. (No Invisível - O Espiritismo experimental: Os fatos - XIV - Visão e audição psíquicas no estado de vigília.)

B. Qual é mais sutil e penetrante: o sentido psíquico ou o sentido físico?

O sentido psíquico é muito mais sutil que o sentido físico, pois pode distinguir formas, radiações, combinações da matéria que a vista normal não seria capaz de perceber. No caso da visão de pessoas desencarnadas, o Espírito muitas vezes, para tornar mais nítida a percepção, recorre a um começo de materialização. Objetiva-se mediante as forças hauridas nos assistentes. Nessas condições, sua forma fluídica penetra no campo visual do médium e pode mesmo, em certos casos, impressionar a placa fotográfica. (Obra citada - O Espiritismo experimental: Os fatos - XIV - Visão e audição psíquicas no estado de vigília.)

C. É necessário o concurso de objetos – espelho, cristal, copo d´água – para que o sensitivo consiga perceber as imagens de natureza psíquica?

Em alguns casos, sim. Há sensitivos que só obtêm a visão por meio de objetos em que se concentra o pensamento dos Espíritos sob a forma de imagens ou quadros, como, por exemplo, um copo d'água, um espelho, um cristal. Quando o Espírito é impotente para fazer vibrar o cérebro do médium ou provocar uma exteriorização suficiente, impregna de fluidos os objetos que acabamos de indicar, e faz, pela ação da vontade, aparecerem imagens, cenas muito nítidas, que o sensitivo descreverá em suas menores particularidades e que outros assistentes poderão igualmente ver. (Obra citada - O Espiritismo experimental: Os fatos - XIV - Visão e audição psíquicas no estado de vigília.)

 

 

Observação:

Para acessar a Parte 19 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2023/06/no-invisivel-leon-denis-parte-19-damos.html

 

 

 

 


 

 

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