JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
Alma amiga, houve época, na humanidade, em que o trabalho
era considerado uma punição de Deus. Na Bíblia, encontramos a maldição divina a
Adão de conquistar o pão com o suor do seu rosto. Durante alguns milênios, os
homens escravizaram e puseram em trabalhos forçados seus inimigos vencidos em
combates sangrentos. O trabalho, entretanto, ainda que seja considerado como
expiação, é também instrumento de aperfeiçoamento.
Olavo Bilac foi cognominado Príncipe dos Poetas Brasileiros,
em concurso realizado pela revista Fon-Fon, de 1.º de março de 1913. É
dele este belo soneto intitulado O Tempo:
Sou o tempo que passa, que passa,
Sem princípio, sem fim, sem medida!
Vou levando a Ventura e a Desgraça,
Vou levando as vaidades da vida!
A correr de segundo em segundo,
Vou formando os minutos que correm...
Formo as horas que passam no mundo,
Formo os anos que nascem e morrem.
Ninguém pode evitar os meus danos...
Vou correndo sereno e constante:
Desse modo, de cem em cem anos
Formo um século, e passo adiante.
Trabalhai, porque a vida é pequena,
E não há para o tempo demoras!
Não gasteis os minutos sem pena!
Não façais pouco caso das horas!
Refletindo, porém, no que o poeta diz sobre o tempo,
calculado em segundos, minutos, horas, anos e séculos, concluímos que esse
tempo proposto para bom aproveitamento no trabalho é o tempo do homem na Terra.
Nesse caso, pensamos, como seria o tempo de Deus com bom proveito por nós?
Então, em nossos devaneios literários, inspirado no poema de Bilac, escrevemos
o poema abaixo, que intitulamos como o Tempo
de Deus:
Eu sou tempo divino da graça,
Que jamais teve início, nem fim...
E no espaço da hora que passa,
Muita história já passou por mim.
Nos poetas, filósofos, santos
O que passa são seus pensamentos.
Eu registro essas vozes, no entanto,
Muitas delas se vão como o vento...
Sou eterno presente no espaço,
Tanto quanto o passado e o futuro,
Vou além do espaço que traço,
Tudo vejo do verde ao maduro...
Vive em mim o eterno devir,
Antevisto, por dentro e por fora,
Como tempo de amar e servir
No
trabalho da obra de agora.
Finalizo com esta bela frase do Espírito Abel Gomes,
publicada na obra Falando à Terra, psicografada por Chico Xavier, sob o
título: Notícias: “À maneira que nos desenvolvemos
em sabedoria e amor, consideramos a perda dos minutos como sendo a mais
lastimável e ruinosa de todas”.
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