quinta-feira, 23 de julho de 2020



O Livro dos Médiuns

Allan Kardec

Parte 6

Continuamos o estudo metódico de “O Livro dos Médiuns”, de Allan Kardec, segunda das obras que compõem o Pentateuco Kardequiano, cuja primeira edição foi publicada em 1861.
Este estudo é publicado sempre às quintas-feiras.
Eis as questões de hoje:

41. Em que consiste o fenômeno de transporte?
Este fenômeno difere das manifestações em que ocorra movimento de objetos inertes apenas pela intenção benévola do Espírito que o executa, pela natureza dos objetos quase sempre graciosos e pela maneira doce e frequentemente delicada por que são trazidos. Consiste no transporte espontâneo de objetos que não existem no local onde se está; são com frequência flores, algumas vezes frutos, bombons, joias etc. Para obter fenômenos dessa ordem, é preciso contar com médiuns sensitivos, isto é, dotados do mais alto grau das faculdades medianímicas de expansão e de penetrabilidade, porque o sistema nervoso desses médiuns, facilmente excitável, lhes permite, por meio de certas vibrações, projetar ao seu redor com profusão seu fluido animalizado. Nem todos os Espíritos podem produzi-los, porque é preciso que entre o médium e eles exista uma certa afinidade, uma certa analogia, uma certa semelhança que permita à parte expansível do fluido perispirítico do encarnado se misturar, se unir, se combinar com o do Espírito que quer executar o transporte. Então este pode, por meio de certas propriedades do ambiente terrestre, por nós desconhecidas, isolar, tornar invisíveis e fazer moverem-se certos objetos materiais e os próprios encarnados. (O Livro dos Médiuns, itens 96 a 98).
42. Um objeto pode ser transportado para um local fechado?
O Espírito pode tornar invisíveis os objetos a serem transportados, mas não fazê-los penetráveis, nem quebrar a agregação da matéria, o que seria a destruição do objeto. Tornando invisível o objeto, pode transportá-lo quando quer e não o desembrulhar senão no momento conveniente para fazê-lo aparecer. O caso é, porém, diferente quanto aos objetos compostos pelo Espírito. Como este não introduz no recinto senão os elementos da matéria que são essencialmente penetráveis, pode introduzir um objeto num lugar, por mais fechado que esteja, mas é somente neste caso. Os Espíritos têm a faculdade de penetrar e atravessar os mais condensados corpos com a mesma facilidade com que os raios solares atravessam os vidros de uma vidraça. (Obra citada, item 99, pergunta no 20)
43. Como o Espírito transporta o objeto?
Ele o envolve com um fluido haurido em parte no perispírito do médium e, em parte, dele mesmo e é nesta combinação que oculta e transporta o objeto sujeito do transporte. Uma vez introduzido o objeto no recinto, o Espírito o desembrulha, isto é, tira o elemento fluídico que o envolve, tornando-o novamente visível. (Obra citada, item 99, perguntas nos 13 e 19)
44. Quais são as manifestações espíritas mais interessantes?
De todas as manifestações espíritas, as mais interessantes, sem contradição, são aquelas pelas quais os Espíritos podem tornar-se visíveis. Aliás, este fenômeno não é mais sobrenatural do que os outros, visto que os Espíritos podem tornar-se visíveis durante o sono e mesmo durante a vigília, o que é, contudo, mais raro. (Obra citada, item 100)
45. Há inconveniente em vermos os Espíritos a todo instante?
Haveria tanto inconveniente em nos vermos constantemente em presença dos Espíritos como em ver o ar que respiramos ou as miríades de animais microscópicos que pululam ao redor de nós e sobre nós. Estando a todo momento rodeado de Espíritos, o homem ficaria perturbado com sua visão incessante, que lhe embaraçaria as ações e lhe tiraria a iniciativa na maior parte dos casos, enquanto que, julgando-se só, age mais livremente. Deus sabe melhor do que nós o que nos convém e, se permite que vejamos os Espíritos em certos casos, é para dar uma prova de que tudo não morre com o corpo e de que a alma conserva sua individualidade depois da morte. (Obra citada, item 100, perguntas nos 7 e 8.)
46. Como podem os Espíritos tornar-se visíveis?
O princípio é o mesmo que o de todas as manifestações; reporta-se às propriedades do perispírito, que pode sofrer diversas modificações, à vontade do Espírito. Em nosso mundo, os Espíritos só podem manifestar-se com a ajuda de seu invólucro semimaterial e é assim que aparecem algumas vezes com a forma humana, seja nos sonhos, seja mesmo no estado de vigília. Pela combinação de fluidos do médium e dele mesmo, produz-se no perispírito do desencarnado uma disposição particular que não tem analogia para nós e que o torna perceptível. (Obra citada, item 100, perguntas nos 21 a 23.)
47. Por que não vemos os Espíritos que desejamos ver?
Os Espíritos não têm sempre a possibilidade de se manifestarem à vista, mesmo em sonhos, apesar do desejo dos encarnados de vê-los. Causas independentes da sua vontade podem impedi-lo. É muitas vezes também uma prova cujo mais ardente desejo não pode afastar. (Obra citada, item 100, pergunta no 15.)
48. Qual é o princípio das manifestações visuais?
O perispírito, como já vimos, é o princípio de todas as manifestações; seu conhecimento deu-nos a chave de uma porção de fenômenos e fez a ciência espírita dar um passo imenso, tirando-lhe todo o caráter maravilhoso. Por sua natureza e em seu estado normal, o perispírito é invisível e isto tem ele de comum com diversos fluidos que sabemos existirem e que entretanto jamais vimos; mas pode também, como certos fluidos, sofrer modificações que o tornem perceptível à vista, seja por uma espécie de condensação, seja por uma mudança em sua disposição molecular; é então que nos aparece sob uma forma vaporosa. A condensação (é preciso não tomar esta palavra ao pé da letra, visto que a empregamos apenas por faltar uma outra e a título de comparação) pode ser tal que o perispírito adquira as propriedades de um corpo sólido e tangível, retomando instantaneamente seu estado etéreo e invisível. Podemos compreender tal mudança de estado pelo que se passa com o vapor, que pode passar da invisibilidade ao estado brumoso, depois líquido, depois sólido e vice-versa. Esses diferentes estados do perispírito são o resultado da vontade do Espírito e não de uma causa física exterior, como nos gases. Quando nos aparece, é porque coloca seu perispírito no estado necessário para tornar-se visível, mas para isso só sua vontade não é suficiente, porque a modificação perispirítica se opera por sua combinação com o fluido próprio do médium; ora, essa combinação nem sempre é possível, o que explica por que a visibilidade dos Espíritos não é geral. Assim, não é suficiente que o Espírito queira mostrar-se, e também não é suficiente que uma pessoa queira vê-lo; é preciso que os dois fluidos possam combinar-se, que haja entre eles uma espécie de afinidade, que a emissão do fluido da pessoa seja suficiente para operar a transformação do perispírito, e, enfim, que o Espírito tenha permissão de se mostrar a uma determinada pessoa. (Obra citada, itens 105 e 109)


Observação:
Para acessar a Parte 5 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2020/07/o-livro-dos-mediuns-allan-kardec-parte_16.html




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2 comentários:

  1. Excelente o enfoque e a linguagem do blog. Muito obrigado pelo seu trabalho e pela abrangência dos temas

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    1. Obrigado, amigo, por suas palavras, que só reforçam nosso propósito de continuarmos a luta.

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