O que o coronavírus está provocando no
mundo
JORGE LEITE DE
OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF
Quando
o jornalista de famoso canal de TV saiu às ruas e adentrou algumas casas para
saber de seus entrevistados o que estavam sentindo em relação à pandemia
provocada pelo coronavírus ouviu as mais curiosas respostas.
—
Sinto pânico! — respondeu-lhe uma jovem senhora de quarenta anos.
—
Muita raiva — completou sua mãe de 63 anos —, porque estou presa em casa sem
ter cometido nenhum crime.
—
Pois eu já estou impaciente de tanto ouvir reclamação de Maria — acrescentou o
marido da anciã —. É um tal de dizer que eu não a ajudo em nada, que passo o
dia vendo televisão, que eu tenho de jogar o lixo fora, que está com medo de
morrer... Não está fácil. Se eu não estivesse com 65 anos de idade, pediria o
divórcio!
Saindo
dali, o jornalista viu um casal sem máscara caminhando de mãos dadas na rua.
Então perguntou-lhes se não ficaram sabendo da proibição do governador para que
ninguém andasse assim em via pública. A jovem, timidamente, respondeu-lhe, com
o assentimento de cabeça do namorado:
—
É mesmo? Não sabíamos disso. Ontem mesmo vimos o governador passeando nesta rua
sem máscara!? E o entrevistador não encontrou outra resposta a não ser esta:
—
Ah! sim, mas ele é o governador... E saiu de fininho para não apanhar do
musculoso jovem que acompanhava a moça.
Avistando
um casal acompanhado de sua filhinha de oito anos, perguntou à menina se ela
estava sentindo falta dos coleguinhas da vizinhança e da escola. A resposta o
fez sorrir:
—
Dos vizinhos eu não sinto falta, pois estamos sempre brincando juntos, mas de
máscara, não é mesmo, mamãe?
—
E da escola, você não sente falta?
—
Só um pouquinho, pois agora, toda a tarde, mamãe liga o computador e eu acompanho
a aula on-line.
—
E você está gostando das aulas on-line?
—
São horríveis — respondeu a menina, quase chorando.
O
pai apressou-se em socorrer a filha. Disse que a menina ainda não se acostumara
a ouvir a professora a distância sem poder interagir com seus coleguinhas,
ainda que os visse pelo vídeo.
Em
seguida, o jornalista foi ao apartamento de um advogado e ficou sabendo que
este fechara seu escritório, mas estava muito feliz.
—
Como! — respondeu-lhe o entrevistador — como pode estar feliz, se precisou
fechar seu escritório? — A resposta foi esta:
—
Fechei o escritório, que funcionava no 29º andar de edifício comercial situado a
uma hora de trânsito daqui, mas agora faço todo o trabalho de casa, onde montei
meu novo escritório. E nem preciso ir ao cartório, pois seus serviços são on-line.
De
uma vendedora de bolos, soube que sua clientela delivery aumentara
tanto, que ela precisou contratar mais cinco auxiliares. De um vendedor de
livros e-book, soube que os brasileiros estão lendo bem mais. Em consequência,
obras clássicas como as de Machado de Assis, Graciliano Ramos, Clarice
Lispector, Arthur Conan Doyle, Agatha Christie e outros estão
vendendo mais que picolé Kibon na praia.
Enfim,
leitora, o mundo está mudando. Estamos reaprendendo a conviver com as ideias
contrárias às nossas, dentro do próprio lar, e respeitá-las. Percebemos que é
desumano alguém precisar deslocar-se durante três, quatro horas ou mais para
fazer o que de sua própria casa poderia ser feito. Descobrimos que as crianças
precisam de aulas, mas também da educação dos pais, que podem agora
acompanhá-las de perto, no dia a dia. E que elas precisam de lazer e
companhia...
É
isso! Depois do coronavírus, o mundo nunca mais será como antes. Mas não
podemos esquecer que, regendo todos os fenômenos da natureza, está Deus, aquele
Pai amoroso que Jesus nos lembrou:
—
Até os cabelos de suas cabeças estão contados. E não cai uma folha de uma
árvore sem que Deus o perceba. Amemo-nos, pois, e respeitemo-nos como filhos e
filhas de Deus que todos somos.
Quando
a pandemia passar, o mundo estará bem melhor!
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