A Evolução
Anímica
Gabriel Delanne
Parte 3
Damos prosseguimento ao estudo do clássico A Evolução Anímica, de Gabriel Delanne, conforme a 8ª edição da tradução de Manoel Quintão, publicada pela Federação Espírita Brasileira.
Esperamos que este estudo sirva para o leitor como uma
forma de iniciação aos chamados Clássicos do Espiritismo.
Cada parte do estudo compõe-se de:
a) questões preliminares;
b) texto para leitura.
As respostas às questões propostas encontram-se no final do
texto indicado para leitura.
Este estudo é publicado sempre às sextas-feiras.
Questões preliminares
A. Que é que os corpos orgânicos têm que não existe nos
inorgânicos?
B. É a força vital que dá a forma característica dos
indivíduos?
C. Que é então que dá a forma que caracteriza os
indivíduos?
Texto para
leitura
23. O meio líquido que banha as
células deve conter certas substâncias indispensáveis à sua nutrição, a saber: 1º.
Substâncias nitrogenadas, nas quais entram nitrogênio, carbono, oxigênio e
hidrogênio – as proteínas. 2º. Substâncias ternárias, ou seja, compostas de
carbono, oxigênio e hidrogênio – os carboidratos e os lipídios. 3º. Substâncias
minerais, como os fosfatos, a cal, o sal etc. Essas três espécies de
substâncias, quaisquer que sejam as formas de que se revistam, são
indispensáveis ao entretenimento da vida. Com elas o organismo fabrica tudo o
que lhe aproveita à vida do corpo. (Pág. 30)
24. Deve-se assinalar que as ações
físicas ou químicas em jogo são as mesmas que operam na natureza inorgânica. O
que varia são os processos postos em ação. Em todos os graus da escala dos
seres vivos, as operações de digestão e respiração são as mesmas; o que difere
são os aparelhos convocados a produzir tais resultados. Idêntico é também o
modo de reprodução dos seres vivos, e essa notável similitude de funcionamento
orgânico prende-se à circunstância de deverem todas as suas propriedades a um
elemento comum – o protoplasma, o conteúdo celular vivo, que constitui a parte
essencial das células e é o agente de todas as reconstituições orgânicas, de
todos os fenômenos íntimos de nutrição. (Págs. 31 e 32)
25. Todos esses fatos demonstram o
grande plano unitário da Natureza, cuja divisa é unidade na diversidade, de
sorte que do emprego dos mesmos processos fundamentais resulta uma variação
infinita, que estabelece a fecundidade inesgotável das suas concepções, de par
com a unidade da vida. (Págs. 32 e 33)
26. Tem a vida um modo especial de
proceder, para manter o seu funcionamento; existe no ser organizado algo
inexistente nos corpos inorgânicos, algo operante e que não só fabrica como
repara os órgãos. A esse algo chamamos força vital. Essa força, que rege todos
os fenômenos vitais, dá irritabilidade às partes contráteis de animais e
plantas, ou seja, a propriedade de serem afetadas pelos irritantes exteriores.
(Págs. 33 e 34)
27. Tudo o que tem vida nasce, cresce
e morre. Eis um fato geral que quase não padece exceção: dizemos quase porque
organismos inferiores, como as moneras, que são uma simples célula, jamais se
destroem, a não ser acidentalmente. Mas, por que se morre? Dizer que é porque
os órgãos se gastam é indicar apenas uma fase da evolução. Desde, porém, que
admitamos na célula fecundada uma certa quantidade de força vital, tudo se
torna compreensível. Acreditamos, pois, que haja uma certa quantidade de força
vital distribuída por toda criatura que surge na Terra; e, como a geração
espontânea não existe em nossa época, é por filiação que se transmite essa
força, aliás só manifesta nos seres animados. (Págs. 35 a 37)
28. Não é só na matéria e no seu
condicionamento que residem as propriedades da vida orgânica. Há nela uma força
vital renovadora, pois o que caracteriza a vida é a nutrição reparadora do
dispêndio. Quando a substância do músculo operante se destrói, a força vital
intervém para reconstituir o tecido, refazendo as células que o formam. Nisso
está, precisamente, o que diferencia da matéria bruta o ser animado. Na planta
mais ínfima existe alguma coisa mais que no mineral, e essa coisa não repara o
corpo sempre nas mesmas condições. A refecção varia com a idade: integral na
juventude, incompleta na velhice, tende a diminuir, até que se extingue. (Págs.
37 e 38)
29. A força vital – que não deixa
de ser uma modificação da energia universal – não basta, porém, por si só, para
explicar a forma característica dos indivíduos e tampouco justificaria a
hierarquia sistematizada de todos os órgãos e sua sinergia em função de um
esforço comum, visto serem eles ao mesmo tempo autônomos e solidários. Neste
ponto é que se impõe a intervenção do perispírito, isto é, de um órgão que
possua as leis organogênicas, mantenedoras de fixidez do organismo, malgrado as
constantes mutações moleculares. (Pág. 38)
30. Sabemos, por experimentações
espiríticas, que os Espíritos conservam a forma humana, não só por se
apresentarem tipicamente assim, como também porque o perispírito encerra todo
um organismo fluídico-modelo, pelo qual a matéria se há de organizar, no
condicionamento do corpo físico. Na formação da criatura vivente, a vida não
fornece como contingente senão a matéria irritável do protoplasma, matéria
amorfa, na qual é impossível distinguir o mínimo rudimento de organização, o
mais insignificante indício do que venha a ser o indivíduo. A célula primitiva
é absolutamente idêntica em todos os vertebrados. É forçoso admitir, portanto,
a intervenção de um novo fator que determine as condições construtivas do
edifício vital. (Pág. 39)
31. O perispírito contém o desenho
prévio, a lei que servirá de regra inflexível ao novo organismo e que lhe
assinará o lugar na escala morfológica, segundo o grau de sua evolução. É no
embrião que se executa essa ação diretiva. (Pág. 39)
32. No desenvolvimento do embrião,
ensina Claude Bernard, vemos um simples esboço, precedente a toda e qualquer
organização. Nenhum tecido ali se
distingue. Toda a massa constitui-se de células plasmáticas e embrionárias, mas
nesse bosquejo “está traçado o desenho ideal de um organismo ainda invisível”.
A ideia diretriz dessa atuação vital diz essencialmente com o domínio da vida e
não pertence à química nem à física. (Pág. 40)
33. Tomemos, por exemplo, sementes
de espécies variadas. Analisando-as quimicamente, não encontramos nelas a menor
diferença em sua composição. Plantemo-las no mesmo terreno, e veremos cada qual
submetida a uma ideia diretiva especial, diferente das demais. Durante a vida
da planta, essa ideia diretriz conservará a forma característica da planta, renovar-lhe-á
os tecidos segundo o plano preconcebido e conforme o tipo que lhe foi assinado.
Sendo a matéria primária idêntica para todas as plantas, como idêntica é a
força vital para todos os indivíduos, importa exista uma outra força que
origine e mantenha a forma. Ao perispírito atribuímos esse papel, tanto no
reino vegetal, como no animal. (Págs. 40 e 41) (Continua
no próximo número.)
Respostas às
questões preliminares
A. Que é que os
corpos orgânicos têm que não existe nos inorgânicos?
O que existe nos corpos orgânicos, que não apenas fabrica
mas repara os órgãos, é a força vital, que rege todos os fenômenos vitais e dá
irritabilidade às partes contráteis de animais e plantas. (A Evolução Anímica, pp. 33 e 34.)
B. É a força
vital que dá a forma característica dos indivíduos?
Não. A força vital não basta, por si só, para explicar a
forma característica dos indivíduos e tampouco justifica a hierarquia
sistematizada de todos os órgãos e sua sinergia em função de um esforço comum,
visto serem eles ao mesmo tempo autônomos e solidários. (Obra citada, pág. 38.)
C. Que é então
que dá a forma que caracteriza os indivíduos?
É o perispírito, que contém o desenho prévio, a lei que
servirá de regra inflexível ao novo organismo e que lhe assinará o lugar na
escala morfológica, segundo o grau de sua evolução. Possui ele as leis
organogênicas, mantenedoras de fixidez do organismo, malgrado as constantes
mutações moleculares. (Obra citada, pp. 38 e 39.)
Observação:
Para acessar a 2ª Parte deste
estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2022/08/blog-post_26.html
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