Humildade
JORGE
LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De
Brasília, DF
Bom dia, alma amiga!
Toda palavra é um signo linguístico
constituído por significante, que é o termo propriamente dito (imagem acústica
associada a um significado, segundo Saussure), e seu significado, que é seu
conceito, ideia (o conteúdo semântico do signo linguístico). Entretanto, o
significante é único, mas o significado varia de acordo com o contexto em que
ele está situado. Ou seja, um mesmo significante possui diversos significados a
ele associados individualmente, conforme o contexto, a não ser em textos
ambíguos.
Destaco, do Dicionário Houaiss da
Língua Portuguesa, e comento significados do termo humildade em
quatro itens: 1) virtude caracterizada pela consciência das próprias
limitações; modéstia, simplicidade; 2) sentimento de fraqueza, de
inferioridade com relação a alguém ou algo; 3) reverência ou respeito
para com superiores; acatamento, deferência, submissão; 4) condição do
que é desfavorecido economicamente; pobreza, penúria.
Começo pelo último conceito. Há pessoas
que vivem em tão alto grau de pobreza que perdem a noção de dignidade em
relação àquelas que as podem auxiliar materialmente. Rebaixam-se à condição dos
animais gratos àqueles que os tratam bem e não os deixam morrer à míngua de
necessidade física, no caso humano alimento, saúde, vestuário e, em maior
nível, habitação.
Nos conceitos em 3), estão os que se
sabem limitados socioeconomicamente, pelos cargos e conhecimentos doutras
pessoas, e, por esse motivo, tratam-nas respeitosamente. E o conceito em 2)
implica também submissão e deferência contidas no item 3) de quem se dependa.
Esses três primeiros itens dizem
respeito ao conceito socioeconômico e intelectual de humildade. Têm muito a ver
com condição temporária, que pode se modificar, sem que a modéstia deixe de
existir.
O mais elevado nível de humildade,
entretanto, é o que está em primeiro lugar na lista acima: o da simplicidade, modéstia
em relação ao que somos, ao que possuímos e ao que sabemos. É sobre ele que
destaco alguns apontamentos úteis.
Na quarta mensagem do capítulo 6 d’O
Evangelho Segundo o Espiritismo, o Espírito de Verdade propõe-nos este
roteiro precioso para a paz espiritual, resultante do cumprimento do dever:
“Tomai por divisa estas duas palavras: devotamento e abnegação, e sereis
fortes, porque elas resumem todos os deveres que a caridade e a humildade vos
impõem”.
No capítulo sete dessa mesma obra, o
espírito Lacordaire, em mensagem de quatro páginas, no item 11, dentre outras
coisas, diz o seguinte: “[...] sem humildade podeis ser caridosos para com o
vosso próximo? Oh, não, pois este sentimento nivela os homens, dizendo que
todos somos irmãos, que se devem auxiliar mutuamente e os conduz ao bem”.
Por fim, destaco o que diz o espírito
Manoel Philomeno de Miranda, na obra Transtornos Psiquiátricos e Obsessivos,
capítulo 7, ao dizer que humildade não é covardia moral, pois “silenciar ante o
erro é estimulá-lo”.
O que não é caridoso é humilhar alguém,
mas esclarecer a falta de conhecimento alheio com respeito e amor é nosso
dever. Somos todos irmãos, em Cristo, que, após sua ressurreição, diz a
Madalena, ele que é o Senhor do Mundo, responsável perante Deus, nosso Pai,
pela formação e destino da Terra: “[...] vá aos meus irmãos e diga-lhes que eu
subo para nosso Pai e nosso Deus” (João, 20:17). Quanto maior a elevação
moral e intelectual do espírito maior é sua humildade. Daí o respeito que lhe
é, por direito, devotado pelos que lhe são inferiores.
Ninguém jamais foi tão humilde como
Jesus, nosso modelo e guia, embora jamais deixasse de esclarecer seus irmãos
com bondade e sabedoria divinas. Paz e luz!
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