A Evolução
Anímica
Gabriel Delanne
Parte 4
Damos prosseguimento ao estudo do clássico A Evolução Anímica, de Gabriel Delanne, conforme a 8ª edição da tradução de Manoel Quintão, publicada pela Federação Espírita Brasileira.
Esperamos que este estudo sirva para o leitor como uma
forma de iniciação aos chamados Clássicos do Espiritismo.
Cada parte do estudo compõe-se de:
a) questões preliminares;
b) texto para leitura.
As respostas às questões propostas encontram-se no final do
texto indicado para leitura.
Este estudo é publicado sempre às sextas-feiras.
Questões preliminares
A. Qual é, na vida dos seres humanos, o papel do
perispírito?
B. Quem modela o corpo físico que nós usamos?
C. A alma está sempre revestida do seu invólucro fluídico?
Texto para
leitura
34. A irritabilidade, sinal
distintivo de vida, pertence ao protoplasma celular. Na série de seres que se
hão escalonado da monera ao homem, a célula primitiva diversificou-se e
especificou-se, de maneira que cada tecido evidenciou uma das propriedades
desse protoplasma. Os atos e as funções vitais não pertencem, contudo, senão a
órgãos e aparelhos, ou seja, a conjuntos de partes anatômicas. A função é uma
série de atos ou fenômenos agrupados, harmonizados, colimando um resultado. A
digestão, por exemplo, requer intervenção de uma série de órgãos: boca,
esôfago, estômago, intestino etc., postos em atividade para transformar os
alimentos. O resultado entrevisto pelo Espírito constitui o laço e a unidade: é
ele quem promove a função e se vale para isso do duplo fluídico, onde reside
esse estatuto vital, indispensável à complexidade das ações vitais. (Págs. 41 a
43)
35. Todas as moléculas orgânicas,
semelhantes entre si, realizam desse modo tarefas diferentes, segundo a colocação
que tiverem no organismo. É que a função pertence a um conjunto e não às
unidades que o compõem. Esse conjunto resulta de uma lei que se liga à sua
própria estrutura. (Pág. 44)
36. Uma circunstância capital, que
não podemos esquecer, é que todas as partes do corpo se transmudam sem cessar
e, conquanto a renovação celular seja constante, as funções jamais se
interrompem e a vida continua a engendrar os fenômenos de sua evolução, graças
à existência do perispírito. (Págs. 44 e 45)
37. O perispírito não é concepção
filosófica imaginada para dar conta dos fatos: é um órgão indispensável à vida
física, reconhecível pela experimentação. Foi no estudo da materialização dos
Espíritos que o seu papel se revelou, pondo em destaque suas propriedades funcionais.
A vida psíquica de todo ser pensante apresenta uma continuidade assecuratória
de sua identidade. Em que parte do ser reside essa identidade? Evidentemente,
no Espírito, pois é ele que sente e que quer. O perispírito representa nisso um
grande papel, porque a renovação incessante das moléculas e a conservação das
lembranças indicam que as sensações e os pensamentos não são registrados apenas
no corpo físico, mas também no que é imutável – no invólucro fluídico da alma.
(Págs. 46 a 48)
38. Os fenômenos gerais da vida
orgânica têm como regulador o sistema nervoso cérebro-espinhal. Onde situar a
sede da atividade psíquica? A experiência fornece a respeito indicações
precisas. Tomemos qualquer vertebrado inferior, uma rã por exemplo. Vemo-la
saltar, coaxar, tentar fugir. Podemos, de chofre, suprimir essas manifestações,
bastando destruir, a estilete, o sistema nervoso central. Muda-se logo a cena.
O animal que saltava e debatia-se tornou-se massa inerte, sem movimentos nem
reflexos. Entretanto, o coração continua a bater e os nervos e músculos são
excitáveis pela eletricidade: os aparelhos e os tecidos estão vivos, salvo o
aparelho central destruído. Suprimiu-se o aparelho adequado às manifestações
intelectuais, o princípio inteligente não mais pode utilizá-lo, os fenômenos
psíquicos desapareceram. (Págs. 49 e 50)
39. A influência nervosa é, pois,
uma ação especial, um agente fisiológico distinto de qualquer outro e que, por
isso, difere da força vital. Crookes e Albert de Rochas demonstraram
experimentalmente a existência dessa força nervosa, que pode exteriorizar-se.
(Pág. 51)
40. É a alma que condiciona, isto
é, modela o corpo, sob um plano preconcebido, tanto quanto o dirige por meio do
perispírito. A forma humana, ressalvadas as alterações próprias da idade,
conserva o seu tipo, apesar do afluxo incessante de matéria que passa pelo
corpo. O ser humano compõe-se, pois, de três elementos distintos: a alma com o
seu perispírito, a força vital e a matéria. A força vital representa aí um
duplo papel: dá ao protoplasma suas propriedades gerais, e ao perispírito o
grau de materialidade necessária para que ele possa manifestar as leis que
oculta. A vida resulta, portanto, evidente da união da força vital com o
perispírito, dando aquela a vida propriamente dita, e este as leis orgânicas,
concorrendo a alma com a vida psíquica. (Pág. 52)
41. Dos três fatores citados,
apenas um é sempre e por toda parte idêntico – a vida. O Espírito, transitando
pela matéria vivente, desde as primitivas eras do mundo, conseguiu paulatinamente
a transformação progressiva e aperfeiçoada. Cremos seja ele o agente da
evolução das formas orgânicas, e daí a razão do perispírito, conservando-lhe as
leis. (Pág. 53)
42. Comparando-se a ação do
perispírito sobre a matéria à do eletroímã sobre a limalha de ferro, podemos
fazer uma ideia do seu modo operatório. O corpo físico seria o espectro
magnético do perispírito. Da mesma forma que a ação magnética se mantém enquanto
a corrente elétrica circula no eletroímã, o corpo mantém-se vivo enquanto a
força vital continua a sustentá-lo. Se no eletroímã uma força imponderável (a
eletricidade) determina por indução o nascimento de outra força imponderável (o
magnetismo), com ação diretiva sobre a matéria bruta, no ser vivente a força
vital age sobre o perispírito e este pode desenvolver suas propriedades, que
são, como vimos, a formação e a reparação do corpo físico. (Págs. 54 e 55)
43. Alma e perispírito formam um
todo indivisível. O perispírito é a ideia diretora da estrutura orgânica. É ele
que armazena, registra, conserva todas as percepções, volições e ideias da
alma. É, enfim, o guardião fiel, o acervo imperecível do nosso passado. Em sua
substância incorruptível fixaram-se as leis do nosso desenvolvimento e é por
isso que nele é que reside a memória. (Pág. 55)
44. A alma jamais abandona seu
invólucro fluídico. Desde períodos multimilenares em que a alma iniciou as
peregrinações terrestres, sob as formas mais ínfimas da criação, até elevar-se
gradativamente às mais perfeitas, o perispírito não cessou de assimilar as leis
que regem a matéria. Existe, pois, unidade do princípio pensante no homem e no
animal, mas não há transições bruscas entre um e outro. O homem não constitui
um reino à parte no seio da natureza e somente por meio de uma evolução
contínua, por esforços consecutivos, chega a atingir o ponto culminante na
criação. (Pág. 56) (Continua no próximo número.)
Respostas às
questões preliminares
A. Qual é, na
vida dos seres humanos, o papel do perispírito?
O perispírito é um órgão indispensável à vida física,
reconhecível pela experimentação. Foi no estudo da materialização dos Espíritos
que o seu papel se revelou, pondo em destaque suas propriedades funcionais. A
vida psíquica de todo ser pensante apresenta uma continuidade assecuratória de
sua identidade. Em que parte do ser reside essa identidade? Evidentemente, no
Espírito, pois é ele que sente e que quer. O perispírito representa nisso um
grande papel, porque a renovação incessante das moléculas e a conservação das
lembranças indicam que as sensações e os pensamentos não são registrados apenas
no corpo físico, mas também no que é imutável – no invólucro fluídico da alma.
(A Evolução Anímica, págs. 46 a 48.)
B. Quem modela
o corpo físico que nós usamos?
É a alma que o condiciona, isto é, modela o corpo, sob um
plano preconcebido, tanto quanto o dirige por meio do perispírito. A forma
humana, ressalvadas as alterações próprias da idade, conserva o seu tipo, apesar
do afluxo incessante de matéria que passa pelo corpo. O ser humano compõe-se,
assim, de três elementos distintos: a alma com o seu perispírito, a força vital
e a matéria. (Obra citada, pág. 52.)
C. A alma está
sempre revestida do seu invólucro fluídico?
Sim. A alma jamais o abandona. Desde períodos
multimilenares em que a alma iniciou as peregrinações terrestres, sob as formas
mais ínfimas da criação, até elevar-se gradativamente às mais perfeitas, o
perispírito não cessou de assimilar as leis que regem a matéria. Existe, pois,
unidade do princípio pensante no homem e no animal, mas não há transições
bruscas entre um e outro. O homem não constitui um reino à parte no seio da
natureza e somente por meio de uma evolução contínua, por esforços consecutivos,
chega a atingir o ponto culminante na criação. (Obra citada, pág. 56.)
Observação:
Para acessar a Parte 3 deste
estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2022/09/blog-post_02.html
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