quarta-feira, 30 de novembro de 2022

 



Revista Espírita de 1861

 

Allan Kardec

 

Parte 14 e final

 

Concluímos nesta edição o estudo metódico e sequencial da Revista Espírita do ano de 1861, periódico editado e dirigido por Allan Kardec. O estudo é baseado na tradução feita por Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.

A coleção do ano de 1861 pertence a uma série iniciada em janeiro de 1858 por Allan Kardec, que a dirigiu até 31 de março de 1869, quando desencarnou.

Cada parte do estudo, sempre apresentado às quartas-feiras, compõe-se de:

a) questões preliminares;

b) texto para leitura.

As respostas às questões propostas encontram-se no final do texto abaixo. 

 

Questões preliminares

 

A. Que é preciso para que um grupo espírita seja estável?

B. Quais são, segundo Kardec, os verdadeiros espíritas?

C. Quem são os melhores propagadores do Espiritismo?

 

Texto para leitura

 

244. Na constituição dos grupos, uma das primeiras condições é a homogeneidade: uma reunião não pode ser estável, nem séria, se não houver simpatia entre os componentes. (P. 392)

245. O que uma reunião espírita requer, acima de tudo, é o recolhimento. Ora, como estar recolhido se, a cada momento, a gente é distraída por uma polêmica acrimoniosa, e se há, no grupo, pessoas hostis umas às outras? (P. 393)

246. Kardec repete então a classificação dos espíritas constantes do item 28 d’O Livro dos Médiuns. (P. 393)

247. O Codificador chama de verdadeiros espíritas, ou melhor, espíritas cristãos, os que não se limitam a admirar a moral espírita, mas a praticam e aceitam. E diz que um grupo formado exclusivamente por elementos desta última classe estaria nas melhores condições, porque entre praticantes da lei de amor e de caridade é que se pode estabelecer uma séria ligação fraternal. (PP. 393 e 394)

248. Tendo por objetivo a melhora dos homens, o Espiritismo não vem procurar os perfeitos, mas os que se esforçam em se aprimorar pondo em prática os ensinos dos Espíritos. “O verdadeiro espírita – assevera Kardec – não é o que alcançou a meta, mas o que seriamente quer atingi-la.” (P. 394)

249. A simples lógica demonstra, a quem quer que conheça as leis do Espiritismo, quais os melhores elementos para a composição dos grupos realmente sérios, e são estes que têm a maior influência na propagação da Doutrina. (P. 394)

250. Aquele, pois, que tem a intenção de organizar um grupo em boas condições deve, antes de tudo, assegurar-se do concurso de alguns adeptos sinceros, que levem a doutrina a sério e cujo caráter conciliatório e benevolente seja conhecido. Formado esse núcleo, far-se-ão as regras precisas para as admissões e a ordem dos trabalhos. (P. 395)

251. Essas regras, segundo Kardec, podem sofrer modificações, mas há algumas que são essenciais à unidade de princípios: o estudo prévio, uma profissão de fé categórica e uma adesão formal à doutrina d’ O Livro dos Espíritos. (P. 395)

252. A ordem e a regularidade dos trabalhos – afirma Kardec – são igualmente essenciais. (P. 396)

253. Kardec diz também que seria útil que houvesse entre os grupos um ponto de ligação, um centro de ação, formado de delegados de todos os grupos, o que ajudaria de forma significativa a união de todos. (P. 397)

254. O ponto principal, contudo, é para Kardec a composição dos grupos primitivos. Se formados de bons elementos, serão boas raízes que darão bons renovos. Se, porém, forem formados de elementos heterogêneos e antipáticos, de espíritas duvidosos, mais ocupados com a forma do que com o fundo, que consideram a moral como parte acessória e secundária, há que esperar polêmicas irritantes e sem saída, estremecimentos, suscetibilidades e conflitos. (P. 397)

255. A verdadeira propagação, a que é útil e frutífera – reitera Kardec –, é feita pelo ascendente moral das reuniões sérias. “Sede, pois – aconselha o Codificador –, sérios em toda a acepção da palavra e as pessoas sérias virão a vós: são os melhores propagadores, porque falam com convicção e tanto pregam pelo exemplo quanto pela palavra.” (P. 398)

256. Dizendo que alguns grupos falaram em filiar-se à Sociedade Espírita de Paris, Kardec explica que essa palavra - filiação - seria imprópria, porque suporia uma espécie de supremacia material que não deve existir. As relações da Sociedade de Paris com as demais são relações morais, científicas e de mútua benevolência, mas sem sujeição. (P. 400)

257. Finalizando suas instruções, Kardec lembra que muitos o acusavam de querer fazer escola no Espiritismo. Ora, por que não teria ele esse direito? “Que haja, pois, uma escola, já que assim o querem”, responde-lhes o Codificador. “Para nós – assevera ele – será uma glória escrever em sua fachada: Escola do Espiritismo Moral, Filosófico e Cristão. E convidamos todos os que têm por divisa amor e caridade. A todos que se ligam a esta bandeira, todas as nossas simpatias e o nosso concurso jamais faltará.” (PP. 401 e 402)

258. A Revista noticia o falecimento, aos 69 anos de idade, do Sr. Jobard, de Bruxelas, presidente honorário da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas. (P. 402)

259. Ao abraçar o Espiritismo, Jobard disse que a doutrina da reencarnação o havia ferido como um traço de luz, porque, tudo explicando de maneira tão lógica, era ela a chave que lhe faltava para chegar à verdade tão buscada. (P. 404)

260. Como prometido, a Revista traz passagens de alguns jornais espanhóis que se indignaram com o auto de fé de Barcelona, classificado pela imprensa da Espanha como um repugnante espetáculo. (PP. 404 a 407)

261. A Revista traz outra fábula do Sr. Dombre: “A Toutinegra, o Pombo e o Peixinho”, na qual o peixe, ao ajudar o pássaro, a quem o pombo recusara auxílio, diz:

“No porvir, pelo menos

Nos grandes não confieis; o clamor da miséria

Só fracamente ecoa em corações em férias;

Seus dons são o conselho e a condolência.

Mas a cordial assistência

Só se encontra nos pequenos”. (N.R.: Toutinegra: espécie de pássaro, de plumagem escura e canto ameno.) (P. 410)

262. Lamennais assevera: “As ideias mudam, mas as ideias e os desígnios de Deus, nunca. A religião, isto é, a fé, a esperança, a caridade, uma só coisa em três, o emblema de Deus na Terra, fica inabalável em meio às lutas e preconceitos”. “A religião existe, antes de tudo, nos corações, e assim não pode mudar.” (PP. 415 e 416)

 

Respostas às questões propostas

 

A. Que é preciso para que um grupo espírita seja estável?

A homogeneidade, diz Kardec, é uma das primeiras condições à constituição de um grupo, cujas reuniões não podem ser estáveis, nem sérias, se não houver simpatia entre seus componentes. (Revista Espírita de 1861, p. 392.)

B. Quais são, segundo Kardec, os verdadeiros espíritas?

Os verdadeiros espíritas, ou melhor, os espíritas cristãos, são os que não se limitam a admirar a moral espírita, mas a praticam e aceitam. Um grupo formado exclusivamente por elementos desta classe estaria nas melhores condições, porque entre praticantes da lei de amor e de caridade é que se pode estabelecer uma séria ligação fraternal. (Obra citada, pp. 393 e 394.)

C. Quem são os melhores propagadores do Espiritismo?

A verdadeira propagação do Espiritismo, a que é útil e frutífera, é a que se faz pelo ascendente moral das reuniões sérias. Os melhores propagadores são os que falam com convicção e tanto pregam pelo exemplo quanto pela palavra. (Obra citada, p. 398.)

 

 

Observação:

Para acessar a Parte 13 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2022/11/blog-post_23.html

 

 

  

 

 

 

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