A Evolução
Anímica
Gabriel Delanne
Parte 12
Damos prosseguimento ao estudo do clássico A Evolução Anímica, de Gabriel Delanne, conforme a 8ª edição da tradução de Manoel Quintão, publicada pela Federação Espírita Brasileira.
Esperamos que este estudo sirva para o leitor como uma
forma de iniciação aos chamados Clássicos do Espiritismo.
Cada parte do estudo compõe-se de:
a) questões preliminares;
b) texto para leitura.
As respostas às questões propostas encontram-se no final do
texto indicado para leitura.
Este estudo é publicado sempre às sextas-feiras.
Questões preliminares
A. No sonambulismo o esquecimento do que nele ocorre é
regra geral?
B. Por que nos é impossível recordar as existências
anteriores?
C. Foi por indução que se admitiu a conservação indefinida
no perispírito de todas as sensações e atos de nossa vida?
Texto para
leitura
122. A modificação dos centros
nervosos determina uma alteração correspondente no estado perispiritual. Se o
paciente se apresenta deprimido, o estado hipnótico proporciona-lhe as
faculdades intelectuais que teria na vida comum, se a enfermidade não
entorpecesse o seu funcionamento. É o que Pierre Janet verificou nos seus
pacientes Lúcia, Rosa ou Leonina, que se mostravam mais inteligentes no sono do
que quando acordadas. A conclusão é óbvia: quanto menos preso ao corpo estiver
o Espírito, mais as suas faculdades independerão das condições materiais para
se manifestarem, e de feição superior às que revela no estado comum. (Págs. 170
e 171)
123. Duas proposições resumem as
principais modificações da memória no caso do sonambulismo provocado: 1a. – o
paciente no estado de vigília não se recorda do que se passou no estado
sonambúlico; 2a. – uma vez sonambulizado, ele se recorda não só dos seus
estados sonambúlicos transatos, como dos pertinentes ao estado de vigília. A
exatidão da primeira proposição pôde ser verificada por todos os
experimentadores e assistentes, embora, a rigor, o esquecimento não constitua
regra absoluta. Pode dar-se então que, sendo breve o transe, o paciente
desperto se recorde de uns tantos episódios sonambúlicos. Seja como for, o
esquecimento constitui a regra geral. (Pág. 172)
124. Por muito tempo se acreditou
que havia uma única espécie de sonambulismo. A escola de Salpêtrière
demonstrou, porém, que podem distinguir-se no estado hipnótico três fases: a letárgica, a cataléptica e a sonambúlica,
cada qual assinalada por caracteres físicos próprios e uma mnemônica peculiar.
(Pág. 173)
125. O coronel de Rochas, no seu
livro “As Forças Não Definidas”, distingue quatro estados: de credulidade, de
catalepsia, de sonambulismo e de relação, todos eles separados por uma fase
letárgica e caracterizando-se por uma lembrança peculiar. O caso Lúcia,
referido por Pierre Janet, ilustra bem esses estados. Lúcia 3 lembrava-se
perfeitamente da sua existência normal, bem como dos estados sonambúlicos
provocados anteriormente e de tudo quanto Lúcia 2 houvera dito, enquanto Lúcia
2 não podia dizer o que se passara com Lúcia 3.
(Págs. 174 e 175)
126. Conclusão de Delanne: As
modificações produzidas pela vontade do operador sobre o perispírito do
paciente resultam na formação de várias zonas ou camadas perispirituais, cada
qual caracterizada por um movimento vibratório especial, à medida que a ação se
prolongue. A alma registra em cada uma dessas camadas fluídicas as sensações
percebidas nesse estado. Como o último estado é superior ao antecedente, em
movimento vibratório, poderá conhecer a todos eles. Cessada a ação magnética, a
vibração nervosa e perispiritual diminui, uma zona mergulha no inconsciente e
sucessivamente outra e outra, até que se reintegre no estado normal. Sempre que
uma causa qualquer acarrete um estado vibratório já produzido, as lembranças
desse estado reaparecerão, assim como as das zonas menos vibrantes, obnubilando
a memória dos estados superiores. (Pág. 175)
127. Esquecimento de existências passadas – Pode-se compreender a
impossibilidade de recordar as existências anteriores, quando se sabe que o
perispírito, conjugado à força vital, tomou ao encarnar um movimento vibratório
bastante fraco para que o mínimo de intensidade necessário à renovação de suas
lembranças possa ser atingido. (Pág. 175)
128. Para que isso ocorra, é
preciso que o ser encarnado se separe do corpo físico, isto é, que este morra.
Nesse caso, retoma ele a sua vida própria, o perispírito passa a irradiar com a
sua tonalidade vibratória natural e a memória pode abranger o panorama imenso
das pregressas existências. O poder de evocação do passado depende da elevação
do Espírito, uma vez que a potência vibratória do perispírito é sempre
proporcional ao progresso moral e intelectual do ser. (Pág. 176)
129. Entre os encarnados é
possível desdobrar a memória do sonâmbulo atuando sobre ele pela vontade. Na
vida espiritual, os Espíritos superiores têm a mesma prerrogativa e podem, para
a melhora de um Espírito atrasado, despertar nele temporariamente a lembrança
de suas existências anteriores, atuando sobre o seu invólucro perispiritual.
(Pág. 176)
130. Não é por indução – lembra
Delanne – que se admite a conservação indefinida no perispírito de todas as
sensações e atos de nossa vida. É a experiência que no-lo prova. Há depoimentos
diversos de criaturas afogadas e salvas in extremis perfeitamente concordes
quanto ao fato de terem visto desdobrar-se em sucessão progressiva os mais
insignificantes incidentes de sua existência, não como simples esboço, mas com
pormenores bastante nítidos, formando um panorama completo dessa existência,
mesmo porque todo ato era acompanhado de um sentimento de bem ou de mal-estar.
Todas as comunicações concernentes à passagem da alma para a vida espiritual
estabelecem que, no momento da morte, se dá uma revivescência dos
acontecimentos da existência terrena, como Kardec ensina em “O Céu e o
Inferno”. (Págs. 176 e 177)
131. Se colocarmos um paciente,
por meio da sugestão, nas condições de determinada época, veremos que lhe
renascem os acontecimentos passados, suscitados por associações de ideias
formadas nessa época e que vivem eternamente conosco, ainda quando pareçam
desaparecidas para sempre nas brumas do esquecimento. Nessas condições, ao
reviver nele uma época do seu passado, a lembrança do eu atual se lhe
desvanece, assim como todos os conhecimentos adquiridos posteriormente à data
fixada pela sugestão. Verifica-se, pois, uma separação entre o estado atual e o
estado sugerido. (Pág. 178)
132. Para levar o paciente a uma
fase anterior de sua existência, os srs. Bourru e Burot socorreram-se de dois
processos: um, simplíssimo, consiste em sugestionar o paciente, persuadindo-o
de que ele vive em tal idade, ou de que nos encontramos no ano tal; o segundo,
mais complexo, é a invocação direta de um estado psicológico antigo, em data
determinada. Uma vez emergente, esse estado suscita, por associação de ideias,
toda uma série de fenômenos coetâneos. Delanne relata o caso Joana R..., levada
à regressão da memória pelos srs. Bourru e Burot. (Pág. 178 a 180) (Continua
no próximo número.)
Respostas às
questões preliminares
A. No
sonambulismo o esquecimento do que nele ocorre é regra geral?
Sim. O paciente no estado de vigília não se recorda do que
se passou no estado sonambúlico. Esse fato foi verificado por vários
experimentadores e assistentes, embora, a rigor, o esquecimento não constitua
regra absoluta. Pode ser que, sendo breve o transe, o paciente desperto se
recorde de uns tantos episódios sonambúlicos. Mas, seja como for, o esquecimento
constitui a regra geral. (A Evolução
Anímica, pág. 172.)
B. Por que nos
é impossível recordar as existências anteriores?
O motivo disso é que o perispírito, conjugado à força
vital, tomou ao encarnar um movimento vibratório bastante fraco para que o
mínimo de intensidade necessário à renovação de suas lembranças possa ser
atingido. Para que isso ocorra, é preciso que o ser encarnado se separe do
corpo físico, isto é, que este morra. Nesse caso, o perispírito passa a
irradiar com sua tonalidade vibratória natural e a memória pode abranger o
panorama imenso das pregressas existências. (Obra citada, pp. 175 e 176.)
C. Foi por indução
que se admitiu a conservação indefinida no perispírito de todas as sensações e
atos de nossa vida?
Não. Foi a experiência que o comprovou. Depoimentos
diversos de criaturas afogadas e salvas in
extremis são concordes quanto ao fato de terem visto desdobrar-se em
sucessão progressiva os mais insignificantes incidentes de sua existência, com
pormenores bastante nítidos, formando um panorama completo dessa existência.
Todas as comunicações concernentes à passagem da alma para a vida espiritual
estabelecem que, no momento da morte, se dá uma revivescência dos
acontecimentos da existência terrena, como Kardec ensina em “O Céu e o
Inferno”. (Obra citada, pp. 176 e 177.)
Observação:
Para acessar a Parte 11 deste
estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2022/10/blog-post_28.html
Como consultar as matérias deste
blog? Se você não conhece a estrutura deste blog, clique neste link: https://goo.gl/h85Vsc, e verá
como utilizá-lo. |
Nenhum comentário:
Postar um comentário