A Evolução
Anímica
Gabriel Delanne
Parte 13
Damos prosseguimento ao estudo do clássico A Evolução Anímica, de Gabriel Delanne, conforme a 8ª edição da tradução de Manoel Quintão, publicada pela Federação Espírita Brasileira.
Esperamos que este estudo sirva para o leitor como uma
forma de iniciação aos chamados Clássicos do Espiritismo.
Cada parte do estudo compõe-se de:
a) questões preliminares;
b) texto para leitura.
As respostas às questões propostas encontram-se no final do
texto indicado para leitura.
Este estudo é publicado sempre às sextas-feiras.
Questões preliminares
A. De onde vem a força vital que se contém no gérmen?
B. O perispírito exerce algum papel nas modificações por
que passa o embrião na fase gestatória?
C. Em que momento se inicia a união de alma e corpo?
Texto para
leitura
133. Após tecer comentários em torno do caso Joana
R..., levada à regressão da memória pelos srs. Bourru e Burot, Delanne
assevera: “Há muito que os desencarnados nos revelaram estas leis, e só hoje
podemos delas facultar a prova material. Pois bem: a prova aí está feita,
agora, mais uma vez, para que se reconheça que os ensinos espíritas estão de
acordo com a ciência”. (Pág. 180)
134. Encerrando o cap. IV da obra
em apreço, Delanne diz:
I – O Espírito está, durante a
encarnação, tão intimamente ligado ao corpo por meio do perispírito, que toda e
qualquer modificação mórbida, na célula nervosa do cérebro, equivale a uma
alteração das faculdades espirituais.
II – No estado normal, as
sensações alteram a natureza do movimento vibratório da força psíquica, e se
essa modificação for acentuada, isto é, se os mínimos de intensidade e duração
forem ultrapassados, a sensação registra-se no perispírito de maneira
consciente e haverá percepção, o que vale dizer que o Espírito tomará
conhecimento do que se passa.
III – É assim que se gravam em nós
os estados da consciência: é a memória de fixação. Mas todas as sensações, como
todas as recordações, não podem existir simultaneamente, por causa do
enfraquecimento do seu próprio ritmo, que as faz descer abaixo do mínimo de
perceptibilidade e, assim, entrar pouco a pouco no inconsciente.
IV – Os atos da vida vegetativa e
orgânica hão sido conservados no perispírito por essa maneira, durante a
evolução da alma através da série de formas inferiores. Em cada encarnação
adquirimos hábitos que acabam tornando-se semi-intelectuais, semiorgânicos,
como escrever, esgrimir, nadar, falar.
V – Esses movimentos foram
originariamente conscientes, desejados. Depois, a repetição constante criou um
hábito. Formaram-se associações dinâmicas estáveis no perispírito com os
movimentos fundamentais e que, à força de repetição, acabaram tornando-se
inconscientes.
VI – O estudo do Espírito tem de
ser feito, portanto, abrangendo seus dois aspectos: um, ativo, que é o da alma
propriamente dita; outro, passivo, o do perispírito, inconsciente, almoxarifado
espiritual, guardião inalterável de todos os conhecimentos intelectuais e das
leis orgânicas que regem o corpo físico.
VII – A memória evocativa, que nos
permite recordar os conhecimentos anteriores, realiza-se por meio dos pontos de
referência, cuja localização no passado seja bem conhecida. Essa revivescência
efetua-se pela vontade auxiliada pela atenção, que tem por objeto aumentar o
movimento perispiritual e imprimir a essas imagens um mínimo de movimento
vibratório, suficiente para elas se tornem conscientes.
VIII – Quando as relações de corpo
e alma se alteram, produz-se um novo movimento vibratório, mais rápido; a alma
tem consciência das duas vidas, dos dois estados, sua memória é integral.
Reaparecendo o estado primário, as sensações do secundário voltam ao inconsciente,
visto já não ter a relação normal um período vibratório capaz de as fazer
renascer.
IX – Conclui-se, portanto, que há
no perispírito zonas vibratórias de movimentos variados, a cada uma das quais
correspondendo um mínimo de intensidade, que aumenta à proporção que o sono se
aprofunda, isto é, à medida que a alma se desprende do corpo, do que resulta
que o movimento vibratório seria máximo se completa a separação, ou seja, na
morte. (Págs. 181 a 183)
135. A força vital – Nossa concepção sobre a força vital difere dos
velhos animistas e vitalistas, por não conceituarmos o princípio vital uma
entidade distinta das forças naturais, e sim, apenas, uma forma de energia que
até agora não se conseguiu isolar. A Natureza opera sempre em continuidade nas
manifestações sucessivas que perfazem o conjunto dos fenômenos terrestres. Já
no reino mineral se torna possível encontrar o traço de uma futura vida
orgânica. O cristal é quase um ser vivente, visto que difere completamente da
matéria amorfa, tendo as moléculas orientadas por uma ordem geométrica, fixa.
Existem nele os primeiros lineamentos da reprodução, uma vez que, mergulhando
um cristal fraturado numa solução idêntica, a avaria será reparada. Delanne
relata, na sequência, experiência feita pelo sr. Loir. (Págs. 185 e 186)
136. A mais ínfima das células,
lembra Delanne, contém, não diferenciados, os caracteres todos da vida: o
movimento espontâneo, que o cristal jamais teve; a faculdade de assimilar a
matéria e desenvolver-se; a reprodução, que se opera de moto próprio e lhe
permite formar uma segunda célula; e, por fim, a evolução celular,
característica essa que traça a linha divisória, absoluta, entre a matéria
organizada e a matéria bruta. (Pág. 187)
137. O corpo humano, longe de ser
fixo e imutável em sua composição, varia constantemente e renova-se
integralmente, mas essa renovação decresce à proporção que a idade aumenta.
Ora, tendo sido constatado que as variações não poderiam provir do perispírito,
por ser este inalterável, nem da matéria, por ser inerte, é lógico que só ao
desaparecimento da força vital podemos atribuir a morte. (Págs. 187 e 188)
138. No gérmen que deve constituir
mais tarde o indivíduo – gérmen formado pelo ovo fecundado – reside uma
potência inicial, resultante da soma das potências vitais dos genitores no
instante da procriação. Empregando a linguagem da Mecânica, podemos dizer que o
gérmen encerra uma energia potencial que se transforma em energia atual para o
curso todo da existência. É uma força assaz variável, segundo a natureza dos
seus componentes. A força vital é, portanto, uma energia de capacidade
variável, conforme a sua intensidade primitiva e as circunstâncias em que se
desenvolve. (Pág. 188)
139. A vida resulta, porém, não só
de considerações semelhantes, mas também de misturas, de combinações chamadas
catalíticas, em química, que são de ordem físico-química e que escapam a toda e
qualquer determinação rigorosa. É que na Química, diferentemente do que se dá
na Física, a combinação de duas substâncias produz uma terceira com
propriedades inteiramente diferentes das duas outras, quer as tomemos
separadamente, quer em conjunto. A razão disso vem do fato de que as
propriedades dos corpos dependem dos movimentos atômicos de cada uma das
substâncias em jogo, mas quando a combinação é perfeita o corpo dela resultante
toma um movimento atômico inteiramente diverso do peculiar aos seus
componentes. (Pág. 189)
140. Nos fenômenos vitais, a
complexidade é ainda maior do que nos fatos químicos propriamente ditos. Eis
por que existe aí, muitas vezes, tão grande desproporção entre a causa e o
efeito. O ser vivo, afirma o ilustre Baer, provém de uma célula primitivamente
idêntica: o ovo primordial. Este se edifica por formação progressiva ou
epigênese, consequente à proliferação da célula inicial, que forma novas
células que, diferenciando-se cada vez mais, se associam em cordões, tubos,
lâminas, até constituírem os diferentes órgãos. (Págs. 189 e 190)
141. Essa estrutura vai-se
complicando sucessivamente. No homem, o embrião reproduz, mediante rápida
evolução, todos os seres pelos quais passou a raça. Todos nós fomos, portanto,
no ventre materno, monera, molusco, peixe, réptil, quadrúpede, homem, enfim.
Deve-se à influência do perispírito, atuando na matéria, a rapidez dessa
evolução embrionária. A força vital contida no gérmen anima o perispírito e
este desenvolve as leis que nele estão gravadas. A força vital foi, porém, mais
ou menos modificada pelos genitores e são essas modificações parciais que se
vão reproduzir no novo ser, uma vez que a matéria física tem de ser organizada
pelo perispírito, segundo a influência da força vital. (Pág. 191)
142. A união de alma e corpo –
como se vê em “O Livro dos Espíritos”, Parte 2ª, cap. VII – começa na
concepção, mas só se completa no instante do nascimento. O invólucro fluídico é
que liga o Espírito ao gérmen e essa união vai-se adensando e torna-se mais
íntima a pouco e pouco, até que se completa quando a criança vem à luz. No
período intercorrente, desde a concepção até o nascimento, o movimento
vibratório do perispírito vai-se diminuindo pouco a pouco, até que, não
atingido o mínimo perceptível, o Espírito fica quase totalmente inconsciente.
Dessa diminuição de amplitude do movimento fluídico é que resulta o
esquecimento. (Pág. 192)
143. O estado do princípio
inteligente, nos primeiros tempos, é comparável ao do Espírito encarnado,
durante o sono corporal; à medida que se aproxima o nascimento, suas ideias se
obumbram, vai-se-lhe a noção do passado, do que não mais tem consciência desde
que nasce na Terra. Voltando o Espírito ao espaço, a operação se verifica em
sentido inverso: retomando o Espírito o seu dinamismo vibratório anterior,
explícita se nos depara a restauração da sua memória. (Pág. 192) (Continua no próximo número.)
Respostas às
questões preliminares
A. De onde vem
a força vital que se contém no gérmen?
No gérmen que deve constituir mais tarde o indivíduo –
gérmen formado pelo ovo fecundado – reside uma potência inicial que é
resultante da soma das potências vitais dos genitores no instante da
procriação. Empregando a linguagem da Mecânica, podemos dizer que o gérmen
encerra uma energia potencial que se transforma em energia atual para o curso
todo da existência. A força vital é, portanto, uma energia de capacidade
variável, conforme a sua intensidade primitiva e as circunstâncias em que se
desenvolve. (A Evolução Anímica, pág.
188.)
B. O
perispírito exerce algum papel nas modificações por que passa o embrião na fase
gestatória?
Sim. No ser humano, o embrião reproduz, mediante rápida
evolução, todos os seres pelos quais passou a raça. Todos nós fomos, portanto,
no ventre materno, monera, molusco, peixe, réptil, quadrúpede, homem, enfim.
Deve-se à influência do perispírito, atuando na matéria, a rapidez dessa
evolução embrionária. A força vital contida no gérmen anima o perispírito e
este desenvolve as leis que nele estão gravadas. A força vital foi, porém, mais
ou menos modificada pelos genitores e são essas modificações parciais que se
vão reproduzir no novo ser, uma vez que a matéria física tem de ser organizada
pelo perispírito, segundo a influência da força vital. (Obra citada, pág. 191.)
C. Em que
momento se inicia a união de alma e corpo?
Essa união – como se vê em “O Livro dos Espíritos”, Parte 2ª,
cap. VII – começa na concepção, mas só se completa no instante do nascimento. O
invólucro fluídico é que liga o Espírito ao gérmen e essa ligação vai-se
adensando e torna-se mais íntima a pouco e pouco, até que se completa quando a
criança vem à luz. No período intercorrente, desde a concepção até o
nascimento, o movimento vibratório do perispírito vai-se diminuindo pouco a
pouco, até que, não atingido o mínimo perceptível, o Espírito fica quase
totalmente inconsciente. Dessa diminuição de amplitude do movimento fluídico é
que resulta o esquecimento. (Obra citada, pág. 192.)
Observação:
Para acessar a Parte 12 deste
estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2022/11/blog-post_04.html
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