A misericórdia e a lei de Deus
JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília, DF
Alma amiga, o Antigo Testamento é fonte de riqueza
espiritual imensurável à luz do Espiritismo Cristão. Todo estudioso do
Espiritismo tem o dever de conhecer bem o chamado Livro da Vida, mais
conhecido como Bíblia Sagrada. Logicamente tirando da letra, que mata, o
espírito, que vivifica, segundo Paulo (II Coríntios, 3:6). Analisemos,
por exemplo, à luz da Doutrina Espírita, alguns versículos do Salmo 51
de Davi:
³Tem piedade de mim, ó Deus, por teu amor!
Apaga minhas transgressões, por tua grande compaixão!
4
Lava-me inteiro da minha iniquidade
e purifica-me do meu pecado!
5
Pois reconheço minhas transgressões
e diante de mim está sempre meu pecado;
6 pequei
contra ti, contra ti somente,
pratiquei o que é mau aos teus olhos (Bíblia de
Jerusalém).
Como a lei de Deus está escrita na consciência, de acordo
com a questão 621 d’O Livro dos Espíritos, o sofrimento humano decorre
da transgressão a essa lei. Daí concluímos que pecar contra Deus é atentar
contra nós mesmos. Foi isso que levou Jesus a afirmar que o reino de Deus está
dentro de nós (Lucas, 17:20, 21), mas é preciso cultivá-lo na prática
das boas obras, pois o inferno também está com aqueles que violam sua
consciência.
Na questão 629 d’O Livro dos Espíritos, lemos que “A
moral é a regra do bem proceder, isto é, a distinção entre o bem e o mal.
Funda-se na observância da lei de Deus. O homem procede bem quando faz tudo
pelo bem de todos, porque então cumpre a Lei de Deus”.
Somente quando estivermos em equilíbrio com a lei natural ou divina deixaremos de sofrer, como também lemos na questão 633 dessa obra, cujo trecho destaco: “[...] A lei natural traça para o homem o limite de suas necessidades; quando ele o ultrapassa, é punido pelo sofrimento. Se o homem sempre escutasse essa voz que lhe diz basta, evitaria a maior parte dos males de que acusa a natureza”.
7 Eis
que eu nasci na iniquidade,
minha mãe concebeu-me no pecado.
No capítulo 4, item 25 d’O Evangelho Segundo o
Espiritismo, é perguntado se a reencarnação é punição e se somente a sofrem
os espíritos culpados. A resposta é a de que a reencarnação é instrumento de
desenvolvimento da inteligência, que Deus concede a todos igualmente. É um
estado transitório, pelo qual só os espíritos que ainda não aprenderam a usar
bem seu livre-arbítrio estão sujeitos. Quanto mais obstinados no mal, mais
sujeitos à reencarnação estaremos, conforme a informação de São Luís, n’O
Evangelho Segundo o Espiritismo, item supra.
Cada pessoa nasce com suas tendências boas ou más.
Cabe-lhe desenvolver as boas e combater as más, fruto de suas encarnações
anteriores. Ao nos tornarmos espíritos puros, não mais reencarnaremos, pois
estaremos plenamente identificados com a lei divina, ou seja, sem máculas em
nossa consciência.
Pelo exposto, deduzimos que Deus não nos castiga, pois
ele é Pai amoroso e bom para com todas as suas criaturas, mas o sofrimento é
instrumento de educação e aperfeiçoamento de todos os seres. Somente deixaremos
de sofrer quando aprendermos a trabalhar incansavelmente no bem e tivermos
quitado todos as nossas dívidas para com a lei divina. Por isto recomendou-nos
Jesus dizer na prece do Pai Nosso: “Perdoai as nossas dívidas, assim como
perdoamos aos nossos devedores”. Ou seja, se desejamos a misericórdia divina para
nós, precisamos usar igualmente de misericórdia para nossos irmãos, filhos
amados do mesmo Pai.
Paz e luz!
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