domingo, 18 de dezembro de 2022

 


Excetuadas as almas purificadas, ninguém está imune às tentações

 

ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO

aoofilho@gmail.com

De Londrina-PR

 

As tentações, tantas vezes mencionadas no Antigo e no Novo Testamento, bem como em várias obras espíritas, fazem parte das peripécias da vida.

A tese espírita é de que ninguém na Terra é perfeito; logo, estamos todos sujeitos às tentações, que nos acompanham pela vida afora, consoante é dito claramente na questão 122-B d' O Livro dos Espíritos. O Eclesiástico explica o porquê disso. Para o autor dessa importante obra, o homem que jamais é tentado é menos homem.

Miguel Vives, pensador espírita desencarnado em 1906 em Tarrasa, província de Barcelona, esmiuçou o assunto no cap. IX de seu livro O Tesouro dos Espíritas, em que ele nos diz que, do mesmo que existem as intempéries do tempo e do clima (frio, calor, poluição etc.), existem as intempéries morais e o homem necessita compenetrar-se de que ninguém neste mundo está imune a elas.

As tentações, explica o pensador espanhol, podem ser de ordem física ou moral, a saber:

Ordem física: sensualidade, extravagâncias, vícios, descanso indevido.

Ordem moral: vingança, críticas maldosas, paixões exageradas, repulsa por certas pessoas.

Emmanuel, examinando o assunto no cap. 88 de Religião dos Espíritos, adicionou sobre o tema uma informação importante, ou seja, que somos tentados “nas nossas imperfeições".

O assunto já havia sido ventilado por Tiago em sua conhecida epístola (cap. 1, versículo 14), em que diz que “cada um é tentado quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência", assertiva que mereceu de Emmanuel os seguintes comentários:

"Examinemos particularmente ambos os substantivos tentação e concupiscência. O primeiro exterioriza o segundo, que constitui o fundo viciado e perverso da natureza humana primitivista. Ser tentado é ouvir a malícia própria, é abrigar os inferiores alvitres de si mesmo, porquanto, ainda que o mal venha do exterior, somente se concretiza e persevera se com ele afinamos, na intimidade do coração." (Caminho, Verdade e Vida, cap. CXXIX.)

André Luiz confirmou esse entendimento no cap. 18 do livro Ação e Reação, em que afirma que "a tentação é sempre uma sombra a atormentar-nos a vida, de dentro para fora”. “A junção de nossas almas com os poderes infernais verifica-se em relação com o inferno que já trazemos dentro de nós."

No livro Nos Domínios da Mediunidade (cap. 16, pág. 156), o Instrutor Aulus fala-nos das causas por que muitos trabalhadores da seara espírita, ao darem ouvidos a elementos corruptores que os visitam pelas brechas da invigilância, acabam fracassando.

A conclusão, à vista de todas essas lições, é bem clara:

Somos imperfeitos; logo, como não é possível, devido ao nosso estado de inferioridade, evitar a tentação, importa-nos não cair na rede. Como diria Richard Simonetti: “Encontramo-nos em meio a um temporal e, para enfrentá-lo, precisamos de um bom guarda-chuva”.

Emmanuel, em Religião dos Espíritos, lembra-nos que toda tentação é um teste renovador e, para vencer nesse teste, a fórmula é esquecer o mal e fazer o bem.

André Luiz registra, no livro Ação e Reação (cap. 14), importante advertência que o Assistente Silas faz em torno do assunto, a que voltaria depois no cap. VI de Sexo e Destino.

O Eclesiástico, em se reportando à tentação, nos dá uma receita para rechaçá-la.

Padre Germano, no cap. 22 da extraordinária obra Memórias do Padre Germano, dá-nos a respeito um conselho precioso ao lembrar a volta de sua mãe à aldeia humilde em que ele era o pároco. Ela retornara depois de muitos anos. Doente e esquálida, confessou-lhe haver enjeitado todos os 10 filhos que tivera, e os via então a converter-se em répteis. Passado, porém, o primeiro momento de calma, ela tornou a cometer, na vila, uma série de desatinos. Germano, cedendo à influência de obsessores, expulsou-a da Igreja, mas arrependeu-se amargamente do seu gesto, motivo pelo qual deu-nos também importante receita: "Permanecei de sobreaviso; perguntai continuamente se o que pensais hoje está de acordo com o que ontem pensáveis".

Os Espíritos Superiores foram bastante claros com relação ao tema. A influência espiritual negativa – disseram eles – segue a vida do Espírito, até que este "tenha tanto império sobre si mesmo que os maus desistam de obsidiá-lo" (O Livro dos Espíritos, 122-B).

Ora, é a prática do bem e a sintonia com o Pai que estabelecem um novo padrão vibratório, colocando a criatura humana, por sua elevação moral, a salvo de quaisquer influências negativas.

Por fim, é sempre útil lembrar que "Vigiai e orai" é, como ninguém ignora, a receita indicada pelo Mestre dos Mestres.

 

 

 

 

 

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