CINCO-MARIAS
Criança não precisa de celular
EUGÊNIA PICKINA
eugeniapickina@gmail.com
Todas as crianças aprendem por meio da brincadeira, pois o brincar é o
seu trabalho. Maria Montessori
Muitos pais
argumentam: “meu filho tem oito anos, o coleguinha já tem um celular e ele quer
um também.”
Celular não tem
finalidade para quem é criança e, por isso, deve ser mantido a distância. Além
disso, é função dos pais também saber dizer não.
Desde os anos 1980 as
pessoas têm conhecimento de que mais tempo na frente da TV se traduz em menos
paciência e autocontrole, pior desenvolvimento maturativo da atenção e maiores
taxas de fracasso escolar – e por isso agrada tanto ao ser humano, criança ou
adulto, ver TV ou grudar no celular: os eletrônicos nos entretêm, ou seja,
nos distraem.
Nos últimos anos, os
celulares são cada vez mais usados para distrair a criança – para o bebê
terminar a papinha; para a mãe conseguir terminar de vestir a meninazinha; para
o menino esperar quieto no consultório do dentista…
Dar o celular para
uma criança é um desserviço para o seu desenvolvimento. Pois o cérebro dessa
criança aprenderá que a cada vez que tiver que se esforçar, que se concentrar
ou esperar quieta, ele, o cérebro, poderá se distrair. Ou seja,
pais que habituam seus filhos pequenos com o celular estão educando a criança
segundo o estilo de atenção monkey mind – uma mente que pula
de uma coisa para outra e que estará bastante inclinada a não desenvolver a
capacidade de atenção sustentada, de concentração.
Que podem os pais
fazer? Levar a sério o fato de que a criança, para se desenvolver, para crescer
bem e saudável, tem o direito de brincar e ter brinquedos, interagindo com seus
pais, irmãos, o seu entorno… Logo, celular não combina com a infância.
Notinhas
Há vários problemas
relacionados ao uso de celular na infância: distúrbios de aprendizado,
diminuição da habilidade de regulação própria das emoções; obesidade; problemas
relacionados ao sono; problemas emocionais (ansiedade, agressividade, depressão
etc.); demência digital (problemas de concentração e memória).
Monkey mind é um termo que
procede do budismo e informa a mente que pula de uma coisa para a outra,
segundo uma incapacidade de concentração ou de atenção sustentada. Não esquecer
que a origem da criatividade, ou das ideias originais/criativas, depende de uma
pessoa cuja mente é capaz de concentração.
Quando uma criança
desenha, por exemplo, o cérebro precisa manter a atenção voluntariamente na
atividade de desenhar. Por sua vez, quando criança gruda no celular, ele
captura a atenção da criança e faz todo o trabalho, dando a ela
ininterruptas lições de desatenção. A criança aprende? Sim,
ela aprende a desaprender…
*
Eugênia
Pickina é educadora ambiental e terapeuta floral e membro da Asociación Terapia
Floral Integrativa (ATFI), situada em Madri, Espanha. Escritora, tem livros
infantis publicados pelo Instituto Plantarum, colaborando com o despertar da
consciência ambiental junto ao Jardim Botânico Plantarum (Nova Odessa-SP).
Especialista
em Filosofia (UEL-PR) e mestre em Direito Político e Econômico (Mackenzie-SP),
está concluindo em São Paulo a formação em Psicanálise. Ministra cursos e
palestras sobre educação ambiental em empresas e escolas no estado de São Paulo
e no Paraná, onde vive.
Seu
contato no Instagram é @eugeniapickina
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