No Invisível
Léon Denis
Parte 2
Damos prosseguimento ao estudo metódico e sequencial do clássico No Invisível, de Léon Denis, cujo título no original francês é Dans l'Invisible.
Nossa expectativa é que este estudo sirva para o leitor
como uma forma de iniciação aos chamados Clássicos do Espiritismo.
Cada parte do estudo compõe-se de:
a) questões preliminares;
b) texto para leitura.
As respostas às questões propostas encontram-se no final do
texto indicado para leitura.
Este estudo é publicado sempre às sextas-feiras.
Questões preliminares
A. No tocante às sessões mediúnicas, qual era a preferência
manifestada por Léon Denis?
B. Com respeito aos fatos espíritas, devemos denunciar a
fraude ou tentar encobri-la, sob o argumento de que devemos ser indulgentes e
tolerantes?
C. Em que sentido a credulidade constitui perigo para o
Espiritismo?
Texto para
leitura
37. Os fatos espíritas, entretanto, se têm multiplicado,
imposto com tamanho império que os sábios se têm visto obrigados à tentativa de
os explicar. Não são, porém, as elucubrações psicofisiológicas de Pierre Janet,
as teorias poligonais do Doutor Grassei, nem a criptomnésia de Th. Flournoy que
podem satisfazer aos pesquisadores independentes.
38. Quando se possui alguma experiência dos fenômenos
psíquicos fica-se pasmado ante a penúria de raciocínio dos críticos científicos
do Espiritismo. Escolhem eles sempre, na multidão dos fatos, alguns casos que
se aproximem de suas teorias e silenciam cuidadosamente quanto aos inúmeros que
as contradizem. Será esse procedimento realmente digno de verdadeiros sábios?
39. Os estudos imparciais e persistentes induzem a outras
conclusões. Falando do Espiritismo, Oliver Lodge, reitor da Universidade de
Birmingham e membro da Real Academia, o afirmou: “Fui pessoalmente conduzido à
certeza da existência futura mediante provas assentes em bases puramente
científicas”. (Annales des Sciences Psychiques, 1897, página 158.)
40. J. Hyslop, professor da Universidade de Colúmbia,
escrevia: “A prudência e reserva não são contrárias à opinião de que a explicação
espírita é, até agora, a mais racional”.
41. Se, pois, não têm sido poupados sarcasmos aos
espíritas, nas esferas científicas, há, como se vê, sábios que lhes têm sabido
fazer justiça. O professor Barrett, da Universidade de Dublin, se exprimia do
seguinte modo, por ocasião de sua investidura na presidência da Society for
Psychical Research em 29 de janeiro de 1904: “Não poucos dos que me ouvem
se recordam certamente da cruzada outrora empreendida contra o Hipnotismo, que
então se denominava mesmerismo. As primeiras pessoas que com tais estudos se
ocuparam foram alvo de incessantes opugnações do mundo científico e médico, de
um lado, e do mundo religioso, do outro. Foram denunciadas como impostoras,
repudiadas como párias, enxotadas, sem cerimônia, das sinagogas da Ciência e da
Religião. Passava-se isso numa época bastante próxima de nós para que eu tenha
necessidade de o recordar. A ciência médica e filosófica não pode deixar de
curvar as cabeças envergonhadas, lembrando-se desse tempo e vendo o Hipnotismo
e o seu valor terapêutico atualmente reconhecidos, tornados parte integrante do
ensino científico em muitas escolas de Medicina, sobretudo no Continente!...
Não é nosso dever cultuar hoje a memória daqueles intrépidos pesquisadores, que
foram os primeiros desse ramo dos estudos psíquicos!”.
42. Continua o professor Barrett: “Não devemos, do mesmo
modo, esquecer esse pequeno grupo de investigadores que, antes do nosso tempo e
ao fim de pacientes e demoradas pesquisas, tiveram a coragem de proclamar sua
crença em tais fenômenos, que denominaram espiríticos... Não foram, sem dúvida,
os seus métodos de investigação totalmente isentos de crítica, o que, todavia,
os não impediu de ser pesquisadores da verdade, tão honestos e dedicados como
pretendem ser; e tanto mais dignos são eles da nossa estima quanto sofreram os
maiores sarcasmos e oposição. Os espíritos fortes sorriam então, como agora,
dos que mais bem informados que eles se mostravam. Suponho que todos somos
inclinados a considerar o nosso próprio discernimento superior ao do nosso
próximo. Não são, porém, afinal o bom-senso, as precauções, a paciência, o
estudo contínuo dos fenômenos psíquicos que maior valor conferem à opinião que
viemos, por fim, a adotar e não a argúcia ou o cepticismo do observador?”.
43. Conclui assim o professor Barrett: “Devemos ter sempre
em consideração que o que é afirmado, mesmo pelo mais obscuro dos homens, em
resultado de sua experiência pessoal, é sempre digno de nos prender a atenção;
e o que é negado, mesmo pelos mais reputados indivíduos, desde que ignoram a
coisa, jamais no-la deve merecer”. “Aquele perspicaz e valoroso espírito que
era o professor De Morgan, o grande denunciador do charlatanismo científico,
teve a coragem de publicar, há muito, que por mais que se tente ridicularizar
os espíritas, nada deixam por isso eles de estar no caminho que conduz ao
adiantamento dos conhecimentos humanos, seguindo, embora, o espírito e o método
primitivos, quando era preciso rasgar nas florestas virgens a estrada por onde podemos
agora avançar com a maior facilidade.”
44. Rendendo homenagem aos espíritas, o professor Barrett
reconhecia, como juiz imparcial, que não era isento de crítica o seu zelo.
Hoje, como então, essa opinião é inteiramente justificada. A exaltação de uns
tantos adeptos, o seu entusiasmo em proclamar fatos duvidosos ou imaginários e
a insuficiência de verificação nas experiências têm prejudicado muitas vezes a
causa a que acreditavam servir. É isso talvez o que, até certo ponto, justifica
a atitude retraída, por vezes hostil, de alguns sábios a respeito do
Espiritismo.
45. O professor Charles Richet escrevia nos Annales des
Sciences Psychiques, de janeiro de 1905, pág. 211: “Se os espíritas foram
muito arrojados, usaram, entretanto, de bem pouco vigor e é uma deplorável
história a de suas aberrações. Basta por agora ficar estabelecido que eles
tinham o direito de ser muito arrojados e que não lhes podemos, em nome da
nossa ciência falível, incompleta, ainda embrionária, censurar esse arrojo.
Dever-se-lhes-ia, ao contrário, agradecer o terem sido tão audaciosos”.
46. As restrições do Sr. Richet não são menos fundadas que
os seus elogios. Muitos experimentadores não conduzem os seus estudos com a
ponderação e a prudência necessárias. Empenham-se, de preferência, em obter as
manifestações tumultuárias, as materializações numerosas e repetidas, os
fenômenos de grande notoriedade, sem considerar que a mediunidade só
excepcionalmente e de longe em longe pode servir à produção de fatos desse
gênero. Quando têm à mão um médium profissional dessa categoria, o atormentam e
esgotam. Levam-no fatalmente a resvalar para a simulação. Daí as fraudes, as
mistificações, assinaladas por tantas folhas públicas.
47. Muitíssimo preferíveis são, a meu ver, os fatos
mediúnicos de índole mais íntima e modesta, as sessões em que predominam a
ordem, a harmonia e a comunhão dos pensamentos, por cujo veículo fluem as
coisas celestes, como orvalho, sobre a alma sequiosa e a esclarecem, confortam
e melhoram. As sessões de efeitos físicos, mesmo quando sinceras, sempre me
deixaram uma impressão de vácuo, de desgosto e mal-estar, em razão das
influências que nelas intervêm.
48. A determinados médiuns profissionais deveram sem dúvida
sábios como Crookes, Hyslop, Lombroso etc. os excelentes resultados que
obtinham; em suas experiências, porém, adotavam precauções de que não costumam
os espíritas munir-se. Em sessões de materialização realizadas em Paris por um
médium americano, em 1906 e 1907, e que alcançaram desagradável notoriedade,
haviam os espíritas estabelecido um regulamento que os assistentes se
comprometiam a observar e de cujas estipulações resultava a inesperada
consequência de isentar o médium de toda eficaz verificação.
49. A obscuridade era quase completa no momento das
aparições. Os assistentes tinham que conversar em voz alta, cantar, conservar
as mãos presas formando a cadeia magnética e, além de tudo, abster-se de tocar
nas formas materializadas. Desse modo, a vista, o ouvido, o tato ficavam pouco
menos que aniquilados. Tais condições, é certo, se inspiravam numa louvável
intenção, porque, em tese geral, como teremos ocasião de ver no curso desta
obra, favorecem a produção dos fatos; mas no caso em questão contribuíam também
para mascarar as fraudes.
50. As faculdades do médium, entretanto, eram reais e nas
primeiras sessões se produziram autênticos fenômenos, que adiante relatamos.
Houve, em seguida, uma mistura de fatos reais e simulados e o embuste veio, por
fim, a tornar-se constante e evidente. Depois de haver, numa revista espírita,
assinalado os fenômenos que apresentavam garantias de sinceridade, mais tarde
me senti realmente obrigado a denunciar fraudes averiguadas e comprometedoras.
51. Ao fim de longa pesquisa e de acuradas reflexões, nada
tenho que retirar de minhas apreciações anteriores. Fiz justiça a esse médium,
indicando o que havia de real em suas sessões, mas não hesitei em lhe denunciar
as simulações no dia em que numerosos e autorizados testemunhos as
evidenciaram, entre os quais se encontra o de um juiz da Corte de Apelação, que
é ao mesmo tempo eminente psiquista.
52. Guardar silêncio acerca dessas fraudes, encobri-las com
uma espécie de tácita aprovação, seria abrirmos a porta a um cortejo de abusos
que, em certos meios, têm desacreditado o Espiritismo e estorvado o seu
desenvolvimento. Atrás do hábil simulador, logo entre nós surgiram umas
intrusões condenadas pelos tribunais de vizinhos países. Mais recentemente, o
médium Abendt foi, em idênticas circunstâncias, desmascarado em Berlim, como em
seguida o foram Carrancini em Londres e Bailey em Grenoble. Sem o brado de
alarme que soltamos, correríamos o risco de resvalar por um fatal declive e
cair num precipício.
53. Os espíritas são homens de convicção e fé. Mas, se a fé
esclarecida atrai, nos planos espirituais e materiais, nobres e elevadas almas,
a credulidade, no plano terrestre, atrai os charlatães, os exploradores de toda
espécie, a chusma dos cavalheiros de indústria que só nos procuram ludibriar.
Aí está o perigo para o Espiritismo. Cumpre-nos, a todos os que em nosso
coração zelamos a verdade e nobreza dessa coisa, conjurá-lo. De sobra se tem
repetido: o Espiritismo ou será científico, ou não subsistirá. Ao que
acrescentaremos: o Espiritismo deve, antes de tudo, ser honesto!
54. Mais algumas palavras cabem aqui sobre a doutrina do
Espiritismo, síntese das revelações mediúnicas, entre si concordantes, obtidas
em todo o mundo, sob a inspiração dos grandes Espíritos que a ditaram. Cada vez
mais se afirma e se vulgariza essa doutrina. Até mesmo entre os nossos
contraditores não há quem se não sinta na obrigação moral de lhe fazer justiça,
reconhecendo todos os benefícios e inefáveis consolações que tem prodigalizado
às almas sofredoras.
55. O professor Th. Flournoy, da Universidade de Genebra,
assim se exprime a seu respeito no livro Espíritos e Médiuns: “Isenta de
todas as complicações e sutilezas da teoria do conhecimento e dos problemas de
alta Metafísica, essa filosofia simplista se adapta por isso mesmo
admiravelmente às necessidades do povo”.
56. A seu turno, J. Maxwell, advogado geral perante a Corte
de Apelação de Paris, se pronunciava do seguinte modo em sua obra Os
Fenômenos Psíquicos: “A extensão que a doutrina espírita adquire é um dos
mais curiosos fenômenos da época atual. Tenho a impressão de estar assistindo
ao nascimento de um movimento religioso a que estão reservados consideráveis
destinos”.
57. Além disso, Th. Flournoy, em seguida a uma
investigação, cujos resultados menciona em sua obra pré-citada, expende os
seguintes comentários: “Há um coro geral de elogios acerca da beleza e
excelência da filosofia espírita, um testemunho quase unânime prestado à
salutar influência que exerce na vida intelectual, moral e religiosa de seus
adeptos. Mesmo as pessoas que têm chegado a desconfiar completamente dos
fenômenos e, por assim dizer, os detestam, pelas dúvidas e decepções a que dão
lugar, reconhecem os benefícios que devem às doutrinas”.
58. Mais adiante Th. Flournoy disse: “Encontram-se
espíritas que nunca assistiram a uma experiência e nem sequer o desejam, mas
afirmam ter sido empolgados pela simplicidade, beleza e evidência moral e
religiosa dos ensinos espíritas (existências sucessivas, progresso indefinido
da alma etc.). Não se deve, pois, obscurecer o valor dessas crenças, valor
incontestável, pois que inúmeras almas declaram nelas ter encontrado um
elemento de vida e uma solução à alternativa entre a ortodoxia, de um lado,
alguns de cujos dogmas repulsivos (como o das penas eternas), já não podiam
admitir, e do outro lado às desoladoras negações do materialismo ateu”.
59. É preciso, contudo, reconhecer que, em que pese às
observações do Senhor Flournoy, mesmo no campo espírita não têm escasseado as
objeções. Entre os que são atraídos pelo aspecto científico do Espiritismo,
alguns há que menosprezam a filosofia. É que para apreciar toda a grandeza da
doutrina dos Espíritos é preciso ter sofrido. As pessoas felizes sempre são
mais ou menos egoístas e não podem compreender que fonte de consolação contém
essa doutrina. Podem interessar-lhes os fenômenos, mas para lhes atear a chama
interior são necessários os frios sopros da adversidade. Só aos espíritos
amadurecidos pela dor e a provação as verdades profundas se patenteiam em toda
plenitude.
60. Em assuntos dessa ordem tudo depende das anteriores
predisposições. Uns, seduzidos pelos fatos, se inclinam de preferência à
experimentação. Outros, esclarecidos pela experiência dos séculos transcorridos
ou pelas lições da atual existência, colocam o ensino acima de tudo. A
sapiência consiste em reunir as duas modalidades do Espiritismo num conjunto
harmônico.
61. A experimentação, como o veremos no curso desta obra,
exige qualidades não vulgares. Muitos, baldos de perseverança, depois de
algumas tentativas infrutíferas, se afastam e regressam à indiferença, por não
terem obtido com a desejada presteza as provas que buscavam.
62. Os que sabem perseverar, cedo ou tarde, encontram os
sólidos e demonstrativos elementos em que se firmará uma convicção inabalável.
Foi o meu caso. Desde logo me seduziu a doutrina dos Espíritos; as provas
experimentais, porém, foram morosas. Só ao fim de dez ou quinze anos de
pesquisa foi que se apresentaram irrecusáveis, abundantes. Agora encontro
explicação para essa longa expectativa, para essas numerosas experiências
coroadas de resultados incoerentes e, muitas vezes, contraditórios. Eu não
estava ainda amadurecido para completa divulgação das verdades transcendentes.
À medida, porém, que me adiantava na rota delineada, a comunhão com os meus
invisíveis protetores se tornava mais íntima e profunda. Sentia-me guiado
através dos embaraços e dificuldades da tarefa que me havia imposto. Nos
momentos de provação, doces consolações baixavam sobre mim.
63. Atualmente chego a sentir a frequente presença dos
Espíritos, a distinguir, por um sentido íntimo e seguríssimo, a natureza e a
personalidade dos que me assistem e inspiram. Não posso, evidentemente,
facultar a outrem as sensações intensas que percebo e que explicam a minha
certeza do Além, a absoluta convicção que tenho da existência do mundo
invisível. Por isso é que todas as tentativas por me desviar da minha senda têm
sido e serão sempre inúteis.
64. A minha confiança, a minha fé, é alimentada por
manifestações cotidianas; a vida se me desdobrou numa existência dupla,
dividida entre os homens e os Espíritos. Considero por isso um dever sagrado
esforçar-me por difundir e tornar acessível a todos os conhecimentos das leis
que vinculam a Humanidade da Terra à do Espaço e traçam a todas as almas o
caminho da evolução indefinida. (Continua na próxima semana.)
Respostas às
questões preliminares
A. No tocante às sessões mediúnicas, qual era a preferência
manifestada por Léon Denis?
Léon Denis preferia os fatos mediúnicos de índole mais
íntima e modesta, as sessões em que predominam a ordem, a harmonia e a comunhão
dos pensamentos, por cujo veículo fluem as coisas celestes, como orvalho, sobre
a alma sequiosa e a esclarecem, confortam e melhoram. As sessões de efeitos
físicos, mesmo quando sinceras, sempre lhe deixaram uma impressão de vácuo, de
desgosto e mal-estar, em razão das influências que nelas intervêm. (No
Invisível, Prefácio da edição de 1911.)
Devemos agir como
agiu Léon Denis, que se viu, em determinado momento, realmente obrigado a
denunciar fraudes averiguadas e comprometedoras. Guardar silêncio acerca das
fraudes, encobri-las com uma espécie de tácita aprovação, seria abrir a porta a
um cortejo de abusos que, em certos meios, desacreditaram o Espiritismo e
estorvaram o seu desenvolvimento. Atrás
do hábil simulador – diz Léon Denis – surgiram umas intrusões condenadas pelos
tribunais de vizinhos países. O médium Abendt foi, em idênticas circunstâncias,
desmascarado em Berlim, como em seguida o foram Carrancini em Londres e Bailey
em Grenoble. Sem o brado de alarme que Denis emitiu, o risco de resvalar por um
fatal declive e cair num precipício seria muito grande. (Obra citada, Prefácio
da edição de 1911.)
C. Em que sentido a credulidade constitui perigo para o
Espiritismo?
Segundo Léon Denis, a credulidade, no plano terrestre,
atrai os charlatães, os exploradores de toda espécie, a chusma dos cavalheiros
de indústria que só procuram ludibriar. Eis aí um perigo para o Espiritismo.
Cumpre-nos, pois, a todos os que em nosso coração zelamos a verdade e nobreza
dessa coisa, conjurá-lo. De sobra se tem repetido: o Espiritismo ou será
científico, ou não subsistirá. Ao que acrescentaremos: o Espiritismo deve,
antes de tudo, ser honesto! (Obra citada, Prefácio da edição de 1911.)
Observação:
Para acessar a 1ª Parte deste estudo, publicada na
semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2022/12/blog-post_16.html
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