CINCO-MARIAS
O pai suficientemente bom
EUGÊNIA PICKINA
eugeniapickina@gmail.com
Ser pai é atingir o máximo de angústia no máximo de silêncio. O máximo de convivência no máximo de solidão. É, enfim, colher a vitória exatamente quando percebe que o filho a quem ajudou a crescer já, dele, não necessita para viver. É quem se anula na obra que realizou e sorri, sereno, por tudo haver feito para deixar de ser importante. Artur da Távola
Eu não tinha intenção de escrever sobre o Dia dos Pais. Mas, ontem, logo
pela manhã, vi uma cena triste na pracinha do meu bairro: um pai passeava com o
filho. Com uma mão, ele empurrava o carrinho. Com a outra, ele segurava o
celular que estava vendo…
Quem nasce pai?
A paternidade, que se constitui com o próprio estado de ser pai (tal
qual a maternidade), aprende-se com a prática, implica compromisso, envolve a
justa decisão de um homem viver junto com a filha ou o filho. Logo, ser pai é
muito mais que uma condição biológica.
Tem gente que não tem pai desde o ninho. Cresce sem pai, sem contar com
a presença paterna para aprender regras e limites, confiando, no fim, que fazer
o bem compensa. Oxalá, encontre um pai a criança sem pai na atitude firme de
uma mãe, na lição de um professor estável na escola, porque é de nossa inteireza
a figura paterna.
O pai durante muito tempo foi visto como um provedor econômico da
família. Hoje em dia, no entanto, quando pai e mãe exercem funções laborais, o
grande desafio do pai é oferecer segurança, cuidados diretos, amor e entrega,
sem querer apropriar-se do filho, que, na devida hora, deixará o ninho.
A infância é tão curta! Tão importante então para a criança o pai
participar ativamente de sua vida, inventando às vezes atividades simples, que
demandam lições de engenhosidade e cooperação, como consertar um brinquedo ou
um objeto útil aos ritmos da casa, porque tudo isso constitui parte importante
de nossa formação e por um mundo melhor.
Lado a lado com a figura materna, o pai tem lugar de excelência no
desenvolvimento emocional da criança e isso, hoje, é recebido pela sociedade
com muita esperança e alegria, porque ninguém mais duvida que é fundamental o
pai participar da vida dos filhos para que eles cresçam responsáveis, seguros e
confiantes.
Notinha
Em nossa época, sobretudo apressada, todo pai necessita estar atento aos
“inimigos” do bom exercício da paternidade: a) preocupação laboral excessiva;
b) junto com o filho, tomar cuidado com os distratores – TV, computador,
telefone celular; c) machismo (acreditar o pai que o cuidado dos filhos é tarefa
das mulheres e que o pai é apenas um ajudante); d) não estar atento às
necessidades de seu filho; e) descuidar da própria saúde.
*
Esta seção, cuja estreia neste blog ocorreu no dia 6 de janeiro deste
ano, traz sempre textos dedicados à infância, seus cuidados, sua educação. O
título – Cinco-marias – é uma alusão a um conhecido brinquedo
que integra um conjunto de brincadeiras e
atividades lúdicas conceituadas como Patrimônio Cultural da Humanidade.
Eugênia Pickina é educadora ambiental e terapeuta
floral e membro da Asociación Terapia Floral Integrativa (ATFI), situada em
Madri, Espanha. Escritora, tem livros infantis publicados pelo Instituto
Plantarum, colaborando com o despertar da consciência ambiental junto ao Jardim
Botânico Plantarum (Nova Odessa-SP).
Especialista em Filosofia (UEL-PR) e mestre em
Direito Político e Econômico (Mackenzie-SP), está concluindo em São Paulo a
formação em Psicanálise.
Ministra cursos e palestras sobre educação ambiental
em empresas e escolas no estado de São Paulo e no Paraná, onde vive.
Seu contato no Instagram é @eugeniapickina
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