Revista
Espírita de 1860
Allan
Kardec
Parte
11 e final
Concluímos o estudo metódico e sequencial da Revista Espírita do ano de 1860, periódico editado e dirigido por Allan Kardec. O estudo é baseado na tradução feita por Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.
A
coleção do ano de 1860 pertence a uma série iniciada em janeiro de 1858 por
Allan Kardec, que a dirigiu até 31 de março de 1869, quando desencarnou.
Cada
parte do estudo, apresentado sempre às quartas-feiras, compõe-se de:
a)
questões preliminares;
b)
texto para leitura.
As
respostas às questões propostas encontram-se no final do texto abaixo.
Questões
preliminares
A.
É certo dizer, como o Sr. Louis Figuier, que as manifestações espíritas são
modernas?
B.
Qual a receita para nos livrarmos de um Espírito que nos atormente?
C.
O que pode ocorrer, na vida espiritual, a uma pessoa que nunca ajudou a
ninguém?
D.
Que é preciso para adquirir as virtudes?
Texto para leitura
228.
A teogonia pagã e a mitologia não passam também, segundo Kardec, de um quadro
da vida espírita poetizada pela alegoria. (P. 384)
229.
O Codificador afirma ainda que a arte cristã se ressente da austeridade de sua
origem e inspira-se no sofrimento dos primeiros adeptos, cujas perseguições
impeliram os homens ao isolamento e à reclusão. (P. 385)
230.
O Espiritismo abre, pois, para a arte um campo novo, imenso e ainda não
explorado. Quando o artista trabalhar com convicção, como trabalharam os
artistas cristãos, colherá nessa fonte as mais sublimes inspirações. (P. 386)
231.
Kardec, concluindo sua análise do livro História
do Maravilhoso, do Sr. Louis Figuier, diz que é falso afirmar, como faz
Figuier, que as manifestações espíritas são inteiramente modernas. (P. 387)
232.
Na sequência, o Codificador destaca o progresso incrível das ideias espíritas,
às quais nenhuma imprensa prestou o seu concurso, e informa que a 2ª edição d'O Livro dos Espíritos esgotou-se em
quatro meses. (PP. 387 e 388)
233.
Para o Sr. Figuier, a filosofia exposta n'O
Livro dos Espíritos é obsoleta e a moral é adormecedora. Sem dúvida, diz
Kardec, ele teria preferido uma moral galhofeira e viva: "Mas que fazer? É
uma moral para uso da alma; aliás, ela teria sempre uma vantagem: a de fazer
dormir. É, para ele, uma receita em caso de insônia". (P. 395)
234.
O Espírito que se identificou como Baltazar (mencionado no item 210 deste
estudo) é na verdade o Sr. G... de la R..., indivíduo conhecido por suas
excentricidades, sua fortuna e seus gostos gastronômicos, que confessa que seu
apego à vida material "materializou" seu Espírito a tal ponto, que
lhe seria preciso muito tempo para quebrar todos os laços terrenos das paixões
que o prendiam à Terra. (PP. 395 e 396)
235.
Kardec analisa o caso de um assinante da Revista que era atormentado por um
Espírito, num processo de obsessão simples. A pedido dele, o Codificador
explicou que ele não se livraria do Espírito nem pela cólera, nem pelas
ameaças, mas pela paciência, e que era ainda preciso dominá-lo pelo ascendente
moral e buscar torná-lo melhor pelos bons conselhos. (P. 397)
236.
Consultado, o obsessor confessou que agia assim por inveja. Kardec comenta o
caso dizendo que a inveja cega e por vezes impele o homem a atos contrários a
seus interesses, seja no espaço como na Terra. (P. 399)
237.
A Revista traz uma mensagem de um Espírito culpado que afirma que nossas dores
terrenas jamais nos permitirão compreender as angústias de uma alma que sofre
sem tréguas, sem esperança, sem arrependimento. (P. 401)
238.
O Espírito de Clara, que nunca ajudara a ninguém na Terra, diz que sua desgraça
crescia dia a dia, e maldizia as horas culpadas, as horas de egoísmo e de
esquecimento em que, desconhecendo toda caridade, todo devotamento, só pensava
no seu bem-estar! (P. 402)
239.
"Crês, então, que preces isoladas e o meu nome pronunciado bastarão para
acalmar o meu sofrimento? Não, cem vezes não. Tenho rugido de dor; erro sem
repouso, sem asilo, sem esperança, sentindo o eterno aguilhão do castigo
penetrar em minh'alma revoltada", eis o desabafo de Clara. (P. 403)
240.
O guia espiritual da médium comentou a comunicação de Clara dizendo que ela não
matou, não roubou, nem cometeu crime algum aos olhos humanos. Apenas
divertia-se com aquilo a que chamamos felicidade terrena: beleza, fortuna, prazeres,
adulação, tudo lhe sorria e nada lhe faltava. Mas ela foi egoísta, só amou a si
mesma e agora ninguém a ama. (P. 403)
241.
Alfred de Musset (Espírito) diz que os pais da Igreja, que fundaram essa
religião sublime em sua origem, eram mais espíritas do que nós e pregavam a
mesma doutrina ensinada pelo Espiritismo: caridade, bondade, esquecimento,
perdão e abnegação. (P. 404)
242.
O Espírito de Delphine de Girardin disserta sobre a reencarnação e sua lógica e
afirma que basta olhar para dentro de nós mesmos para acharmos as provas da
reencarnação. (P. 407)
243.
Para adquirir a virtude, é preciso trabalhar, diz Delphine. A fortuna moral não
se lega com a fortuna material: "Para vos depurardes, é preciso passar por
vários corpos que levam com eles, em cada despojamento, uma parte das vossas
impurezas". (P. 408)
244.
Falando sobre o dia de Finados, Charles Nodier (Espírito) esclarece que nessa
data os Espíritos vão aos cemitérios porque os pensamentos e as preces dos
seres amados ali se apresentam. (P. 408)
245.
Nodier assevera: "Conforme a maneira por que tiverdes vivido aqui embaixo,
sereis recebidos perante Deus. Que é a vida, afinal de contas? Uma curtíssima
emigração do Espírito na Terra; tempo, entretanto, em que pode amontoar um
tesouro de graças ou preparar-se para cruéis tormentos". (P. 408)
246.
Lamennais (Espírito) compara o mundo atual a Lázaro e exclama: "Ó mundo!
tu pareces Lázaro: nada te pode devolver a vida; teu materialismo, tuas
torpezas, teu ceticismo são outras tantas faixas que envolvem o teu cadáver, e
cheiras mal, pois há muito que estás morto. Quem te gritará como a Lázaro: Em
nome de Deus, levanta-te? É o Cristo que obedece ao apelo do Espírito Santo.
Século, a voz de Deus se fez ouvir! Estarás mais podre do que Lázaro?"
(PP. 409 e 410)
Respostas às
questões propostas
A. É certo dizer,
como o Sr. Louis Figuier, que as manifestações espíritas são modernas?
Não.
Na análise que fez do livro História do
Maravilhoso, do Sr. Figuier, Kardec afirma que é falso dizer que as
manifestações espíritas são inteiramente modernas, visto que em todas as épocas
há registros inúmeros de manifestações dos chamados mortos. (Revista Espírita de 1860, p. 387.)
B. Qual a receita
para nos livrarmos de um Espírito que nos atormente?
Segundo
o Codificador do Espiritismo, ninguém se livra de um Espírito por meio da
cólera ou de ameaças, mas pela paciência, e além disso é preciso dominá-lo pelo
ascendente moral e buscar torná-lo melhor por meio de bons conselhos. (Obra
citada, p. 397.)
C. O que pode
ocorrer, na vida espiritual, a uma pessoa que nunca ajudou a ninguém?
Cada
caso tem, obviamente, suas particularidades. No caso de Clara, que nunca ajudou
a ninguém na Terra, a revista registra a informação de que seu sofrimento
crescia dia a dia e, por isso, ela maldizia as horas de egoísmo e de
esquecimento em que, desconhecendo toda caridade, todo devotamento, só pensara
aqui no seu bem-estar! (Obra citada, pp. 402 e 403.)
D. Que é preciso
para adquirir as virtudes?
Para
isso, diz Delphine de Girardin (Espírito), é preciso trabalhar, pois a fortuna
moral não se lega com a fortuna material. "Para vos depurardes, é preciso
passar por vários corpos que levam com eles, em cada despojamento, uma parte
das vossas impurezas", afirmou o Espírito. (Obra citada, pp. 407 e 408.)
Observação:
Para acessar a Parte 10 deste estudo, publicada na semana passada,
clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2022/08/blog-post_17.html
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