Revista
Espírita de 1860
Allan
Kardec
Parte
8
Damos sequência ao estudo metódico e sequencial da Revista Espírita do ano de 1860, periódico editado e dirigido por Allan Kardec. O estudo é baseado na tradução feita por Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.
A
coleção do ano de 1860 pertence a uma série iniciada em janeiro de 1858 por
Allan Kardec, que a dirigiu até 31 de março de 1869, quando desencarnou.
Cada
parte do estudo, que é apresentado sempre às quartas-feiras, compõe-se de:
a)
questões preliminares;
b)
texto para leitura.
As
respostas às questões propostas encontram-se no final do texto abaixo.
Questões
preliminares
A.
Que dizer aos que associam os fatos espíritas ao sobrenatural e ao miraculoso?
B.
As manifestações espíritas podem ser comprovadas?
C.
Como Kardec, em discurso na cidade de Lyon, classificou os espíritas?
D.
Que modelo propõe Kardec no tocante às reuniões espíritas?
Texto para leitura
167.
O dr. De Grand-Boulogne envia carta à Sociedade dizendo não ser certo
considerar todos os Espíritos batedores como de uma ordem inferior, visto como
ele mesmo, por meio de batidas, obteve comunicações de ordem muito elevada.
Kardec responde que tiptologia é um meio de comunicação como qualquer outro, do
qual podem servir-se os mais elevados Espíritos. Entende-se por Espíritos
batedores os chamados batedores profissionais. (P. 272)
168.
Na sessão realizada em 24/08/1860, o Sr. Sanson agradece ao Espírito de São
Luís por sua intervenção na cura instantânea de um mal na perna, que tinha
resistido a todos os tratamentos e deveria levá-la à amputação. (P. 278)
169.
Em artigo sobre o maravilhoso e o sobrenatural, Kardec analisa a questão da
crítica, asseverando que a opinião de um crítico só tem valor quando ele fala
com perfeito conhecimento de causa. (P. 282)
170.
Em seguida, o Codificador lista 8 proposições em que reafirma que os fatos
espíritas, baseados numa lei da natureza, nada têm de maravilhoso ou de
sobrenatural, no sentido vulgar desses vocábulos. (P. 283)
171.
O milagre não se explica; os fenômenos espíritas, ao contrário, se explicam da
maneira mais racional. O milagre tem, ainda, outro caráter: o de ser insólito e
isolado. Ora, desde que um fato se repete, à vontade e por diversas pessoas,
não pode ser um milagre. (P. 284)
172.
De quantos gracejos não foram objeto as elevações de São Cupertino? Ora, a
suspensão no ar dos corpos pesados é um fato explicado pelo Espiritismo, que o
Sr. Home e outros repetiram várias vezes. Trata-se, pois, de um fenômeno natural,
não miraculoso. (P. 285)
173.
Vê-se que os fatos espíritas são contestados por certas pessoas porque parecem
fugir à lei comum e porque elas não os compreendem. Dai-lhes uma base racional
e a dúvida cessará. (P. 286)
174.
Diz o Sr. Louis Figuier, em sua obra sobre o maravilhoso e o sobrenatural, que
no século XVIII todos os olhos se abriram às luzes do bom senso e da razão, mas
o maravilhoso e os milagres resistiram. "Abundam ainda os milagres",
diz o Sr. Figuier. (P. 292)
175.
Kardec conclui sua análise da obra do Sr. Figuier afirmando que os espíritas
provam a realidade das manifestações "pelos fatos e pelo raciocínio".
"Se não admitem nem uns, nem outro, se negam o que veem, a eles cabe
provar que o nosso raciocínio é falso e que os fatos são impossíveis",
arremata o Codificador. (P. 295)
176.
Jobard conta que o físico Thilorier, que era extremamente surdo, se havia
curado com o magnetizador Lafontaine, em poucas sessões. (P. 296)
177.
Kardec explica por que as comunicações relativas às pesquisas científicas têm
importância secundária: todo cuidado é pouco para evitar dar prematuramente
como verdades incontestáveis o que é ainda hipotético. (P. 298)
178.
Georges (Espírito familiar) pede maior regularidade nas sessões da Sociedade,
ou seja, que se evitem toda confusão, toda divergência de ideias, porque a
divergência favorece a intromissão dos maus Espíritos. (P. 300)
179.
Kardec responde à Gazette de Lyon,
que em 2/08/1860 fez duras críticas aos espíritas, e lhe diz que o Espiritismo
é inteiramente baseado no dogma da existência da alma, sua sobrevivência ao
corpo, sua individualidade após a morte, sua imortalidade, as penas e as
recompensas futuras. Seu objetivo é prová-las de maneira patente e sua moral é
apenas o desenvolvimento das máximas do Cristo. (P. 308)
180.
Kardec fala dos espíritas de Lyon e as conversões para o bem conseguidas, até
então, pelos ensinamentos espíritas. (P. 310)
181.
Concluindo sua resposta à Gazette de Lyon,
Kardec lembra que almas e Espíritos são uma única e mesma coisa. Assim, negar a
existência dos Espíritos é negar a alma; admitir a alma, sua sobrevivência e
individualidade, é admitir os Espíritos. Resta saber se após a morte ela pode
manifestar-se, fato que os livros sagrados e os Pais da Igreja reconheciam.
(N.R.: Frei Boaventura Kloppenburg também o reconhecia.) (P. 311)
182.
Os espíritas lioneses ofereceram em 19/09/1860 um banquete a Kardec, ocasião em
que o Sr. Guillaume proferiu um belo discurso, que foi respondido pelo Codificador.
(PP. 312 a 314)
183.
Em seu discurso, Kardec classifica os espiritistas em 3 categorias: os que
buscam os fenômenos e se limitam a crer nas manifestações; os que nele veem
mais que os fatos e admiram sua moral, mas não a praticam; e os que admiram sua
moral, a praticam e aceitam todas as suas consequências: estes, os verdadeiros
espíritas, ou melhor, os espíritas cristãos. (P. 315)
184.
Sobre as sociedades espíritas, Kardec lembrou que as melhores comunicações são
obtidas em reuniões pouco numerosas, nas quais reina a harmonia e uma comunhão
de sentimentos; os pequenos grupos serão sempre mais homogêneos, e é esse o modelo
que ele sugere. (P. 316)
185.
Não é nas grandes reuniões que os neófitos podem colher elementos de convicção,
mas na intimidade. Há, pois, um duplo motivo para se preferir os pequenos
grupos, que se podem multiplicar ao infinito, porque 20 grupos de dez pessoas,
sem nenhuma dúvida, obterão mais e farão mais prosélitos que uma única reunião
de 200 pessoas. (P. 317)
186.
Sobre a identidade dos Espíritos comunicantes, Kardec ensina, como regra geral:
jamais o nome é uma garantia; a única, a verdadeira garantia de superioridade é
o pensamento e a maneira pela qual ele é expresso. (P. 318)
Respostas às
questões propostas
A. Que dizer aos
que associam os fatos espíritas ao sobrenatural e ao miraculoso?
Em
oito proposições bastante claras, Kardec reafirma que os fatos espíritas,
baseados numa lei da natureza, nada têm de maravilhoso ou de sobrenatural, no
sentido vulgar desses vocábulos, visto que o milagre não se explica, mas os
fenômenos espíritas, ao contrário, se explicam racionalmente. O milagre tem,
ainda, outro caráter: o de ser insólito e isolado. Ora, desde que um fato se
repete à vontade e por diversas pessoas, não pode ser um milagre, e é o que se
dá com os fenômenos espíritas. (Revista
Espírita de 1860, pp. 283 a 285.)
B. As manifestações
espíritas podem ser comprovadas?
Segundo
Kardec, os espíritas provam a realidade das manifestações "pelos fatos e
pelo raciocínio". "Se não admitem nem uns, nem outro, se negam o que veem,
a eles cabe provar que o nosso raciocínio é falso e que os fatos são
impossíveis", arremata o Codificador. (Obra citada, p. 295.)
C. Como Kardec, em
discurso na cidade de Lyon, classificou os espíritas?
No
discurso proferido em 19 de setembro de 1860 Kardec classificou os espiritistas
em três categorias: os que buscam os fenômenos e se limitam a crer nas
manifestações; os que nele veem mais que os fatos e admiram sua moral, mas não
a praticam; e os que admiram sua moral, a praticam e aceitam todas as suas consequências:
estes, os verdadeiros espíritas, ou melhor, os espíritas cristãos. (Obra
citada, p. 315.)
D. Que modelo
propõe Kardec no tocante às reuniões espíritas?
Lembrando
que as melhores comunicações são obtidas em reuniões pouco numerosas, nas quais
reina a harmonia e uma comunhão de sentimentos, ele diz que os pequenos grupos
serão sempre mais homogêneos e é esse o modelo que sugere. (Obra citada, pp.
316 e 317.)
Observação:
Para acessar a Parte 7 deste estudo, publicada na semana passada,
clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2022/07/blog-post_27.html
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