Que
seríamos nós se não tivéssemos alma?
ASTOLFO
O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@gmail.com
De
Londrina-PR
Antes do Espiritismo,
errônea ou muito imprecisa, vaga e confusa era a ideia que se fazia da alma
humana.
Erradamente considerada
como efeito e não causa pelos materialistas, estes viam – e continuam a ver –
nos fenômenos psicológicos, dela dependentes, apenas o resultado da atividade
funcional do sistema nervoso do homem.
Um decantado mas mal compreendido paralelismo psicofisiológico
parecia justificar esse modo de ver, porquanto, lesado o cérebro, ou a medula
espinhal, ou os nervos, perturbam-se as funções superiores da consciência, o
pensamento lógico, o juízo, o raciocínio, a memória, as sensações e as
percepções humanas, instalando-se a demência, os delírios, as alucinações, a
amnésia, as paralisias, a afasia, a insensibilidade e mesmo o coma.
Os homens de ciência, principalmente os fisiologistas, os
psicólogos e os psiquiatras, foram desse modo levados a um erro fundamental,
que é inverter os papéis do corpo e da alma, dando primazia àquele, o qual, no
entanto, é tão somente um instrumento que o Espírito utiliza para a realização
de suas atividades, enquanto encarnado.
Os vitalistas não cometeram o mesmo erro dos materialistas,
mas, equivocadamente, confundiram a alma com o princípio vital da vida
orgânica, sem explicar o atributo essencial da alma, que é a consciência
individual, resultante da faculdade cognitiva ou inteligente do ser humano.
A inteligência nada tem que ver com a matéria, nem tampouco com o
princípio vital, que é também substância material, embora sutil e dinâmica,
donde emana a força vital, mas não a inteligência e, menos ainda, a razão
lógica, o senso moral e todas as faculdades superiores, inexistentes nos outros
seres vivos e organizados, vegetais ou animais, pelo menos no grau em que
esplendem no homem racional e moral.
Os espiritualistas, ao contrário dos materialistas, consideram a
alma como um ser real e distinto, causa e não efeito de toda atividade
psicológica e moral do homem.
Conceituando-a como um ser distinto do corpo perecível e a ele
sobrevivente, o espiritualismo clássico incorre, no entanto, no erro de considerar
seja a alma criada com o corpo, ao qual se liga durante a vida física e dele se
desprende com a morte, para seguir um destino do qual se fazem ideias muito
vagas. A reencarnação, ensinada por grandes vultos da filosofia espiritualista,
como Pitágoras, Sócrates e Platão, não é aceita pelo espiritualismo clássico,
que se alinha, nesse ponto, à doutrina da Igreja.
Com Allan Kardec e a Doutrina por ele codificada raiou no mundo a
aurora de uma Nova Era, a Era do Espírito, e a conceituação de alma humana recebeu,
então, brilhante luz.
Eis o que os próprios Espíritos ensinaram, no item 134 de O
Livro dos Espíritos:
134. Que é a alma?
“Um Espírito encarnado.”
b) – Que seria o nosso
corpo se não tivesse alma?
“Simples massa de carne
sem inteligência, tudo o que quiserdes, exceto um homem.”
É admirável no texto referido a
limpidez da Doutrina Espírita a respeito do que seja a alma do homem: "A
alma é um Espírito encarnado.”
A alma é, pois, um ser
real, individual, independente e autônomo, de natureza puramente espiritual e
que tem por destino grandioso progredir sempre, alteando-se cada vez mais em
conhecimentos e em virtudes, o que ela logra mediante múltiplas existências
corporais, nas quais se depura e se eleva gradualmente, até que, por fim, se
liberta totalmente da necessidade de encarnar ao tornar-se Espírito puro.
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