Revista Espírita de 1862
Allan Kardec
Parte 6
Damos sequência ao estudo metódico e sequencial da Revista Espírita do ano de 1862, periódico editado e dirigido por Allan Kardec. O estudo será baseado na tradução feita por Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.
A coleção do ano de
1862 pertence a uma série iniciada em janeiro de 1858 por Allan Kardec, que a
dirigiu até 31 de março de 1869, quando desencarnou.
Cada parte do estudo,
que é apresentado às quartas-feiras, compõe-se de:
a) questões
preliminares;
b) texto para
leitura.
As respostas às
questões propostas encontram-se no final do texto abaixo.
Questões preliminares
A. Pode-se dizer que
o Espiritismo dá às pessoas uma satisfação moral?
B. Qual é a principal
diferença entre a loucura patológica e a loucura obsessional?
C. Kardec tinha
apreço especial pelo Cristianismo?
Texto para leitura
58. A Natureza,
segundo Kardec, apropriou os corpos ao grau de adiantamento dos Espíritos que
neles devem encarnar. Por isso os corpos dos grupos étnicos (1) primitivos
possuem menos cordas vibrantes que os corpos dos grupos étnicos mais
adiantados. Ele conclui, portanto, que, à medida que as faculdades do Espírito
se ampliam, necessita ele de um instrumento físico adequado, como uma criança
que cresce precisa de roupas maiores. (PP. 99 a 102)
59. Kardec escreve
sobre o crescimento rápido do Espiritismo. “Há várias causas para isto”, diz
ele. “A primeira, e sem contradição, como já explicamos em diversas
circunstâncias, é a satisfação moral que proporciona aos que o compreendem e
praticam. Mas esta mesma causa em parte recebe o seu vigor do princípio da
reencarnação.” (P. 103)
60. A reencarnação é
uma chave que abre novos horizontes, que dá uma razão de ser a inúmeras coisas
incompreendidas, que explica o inexplicado e concilia todos os acontecimentos
da vida com a justiça e a bondade de Deus. Sem a reencarnação, a que atribuir
as ideias inatas, a idiotia, o cretinismo, a selvageria, ao lado do gênio e da
civilização, assim como a profunda miséria de uns ao lado da felicidade de
outros, as mortes prematuras e tantas outras coisas? (P. 106)
61. Concluindo o
artigo, o Codificador informa que a admissão da reencarnação ganhava terreno
diariamente e que na França os seus adversários eram em número imperceptível.
Mesmo na América, afirma Kardec, onde os adversários da ideia são mais
numerosos, a pluralidade das existências corporais começa a se popularizar. (P.
107)
62. A Revista relata
fatos pertinentes à monomania epidêmica verificada numa parte da Alta Saboia,
contra a qual falharam todos os recursos da medicina e da religião. O único
meio que produziu algum resultado foi dispersar os indivíduos por diversas
cidades. Segundo Georges, em mensagem transmitida na Sociedade Espírita de
Paris, deveriam ser enviados para aquela região magnetizadores, espiritualistas
ou espíritas, e não médicos, para se dissipar a legião de Espíritos malévolos
que causavam ali tantos distúrbios. (P. 108)
63. Comentando o
assunto, Kardec afirma que é necessário distinguir a loucura patológica da
loucura obsessional. A primeira é produzida por uma desordem nos órgãos de
manifestação do pensamento. Na segunda não há lesão orgânica. É o Espírito que
se acha afetado pela subjugação de outro Espírito que o domina e comanda. (P.
110)
64. Comunicações
obtidas em Bordeaux, Haia, Sens, Lyon e Frankfurt, a respeito da teoria dos
anjos decaídos, publicada anteriormente por Kardec, concordam inteiramente com
a tese exposta na Revista. A sã razão, dizem os Espíritos em Bordeaux, não pode
admitir a criação de Espíritos puros e perfeitos revoltando-se contra Deus.
(PP. 111 e 112)
65. Girard de
Codemberg, autor de um livro sobre o Mundo Espiritual, que contém comunicações
excêntricas que denotam manifesta influência obsessiva, faleceu em 1858 e, evocado
em Bordeaux, reconheceu os vários erros contidos na referida obra, entre eles,
a negação da reencarnação que agora ele admitia. (PP. 115 a 118)
66. O Espírito de
Jean de La Bruyère, evocado em Bordeaux, afirma que, embora a inteligência do
homem tenha avançado, a melhora moral não deu um passo. Ele reconhece, no
entanto, que o Espiritismo será mais feliz em suas ações: “Pouco a pouco vos
conformareis à sua doutrina e reformareis os vícios que em vida vos apontamos”.
(PP. 118 e 119)
67. A Revista publica
dois poemas de Elisa Mercoeur, recebidos pela Sra. Cazemajoux, em Bordeaux. (P.
120)
68. O Espiritismo tem
mártires? Respondendo a essa questão, Kardec diz, inicialmente, que o
Espiritismo jamais se arvorou em rival do Cristianismo, do qual se declara
filho. Ele combate o ateísmo e o materialismo e repousa sobre as bases
fundamentais de toda religião e sobre a moral do Cristo. “Se renegasse o Cristianismo
– assevera Kardec –, ele se desmentiria, suicidar-se-ia.” (P. 121) (Continua no próximo número.)
Nota do Editor:
(1) No lugar da
palavra “raças” adotamos a expressão “grupos étnicos”, que é mais consentânea
com o estágio atual do conhecimento humano que entende que existe na Terra uma única
raça humana, que se divide em diversos grupos étnicos, embora pertencentes a um
único tronco.
Respostas às questões propostas
A.
Pode-se dizer que o Espiritismo dá às pessoas uma satisfação moral?
Sim. Ele proporciona, sem dúvida, uma satisfação moral
aos que o compreendem e praticam, sentimento que recebe seu vigor do princípio
da reencarnação, visto que a reencarnação é uma chave que abre novos
horizontes, que dá uma razão de ser a inúmeras coisas incompreendidas, que
explica o inexplicado e concilia todos os acontecimentos da vida com a justiça
e a bondade de Deus. Sem a reencarnação, a que atribuir as ideias inatas? E a
idiotia, o cretinismo, a selvageria, ao lado do gênio e da civilização, bem
como a profunda miséria de uns ao lado da felicidade de outros, as mortes
prematuras e tantas outras coisas? (Revista Espírita de 1862, pp.
103 e 106.)
B. Qual é a principal diferença entre a loucura
patológica e a loucura obsessional?
Comentando o assunto, Kardec explica que a primeira – a
loucura patológica – é produzida por uma desordem nos órgãos de manifestação do
pensamento. Na loucura obsessional não há lesão orgânica. É o Espírito que se
acha afetado pela subjugação de outro Espírito que o domina e comanda. (Obra
citada, pág. 110.)
C. Kardec tinha apreço especial pelo Cristianismo?
Sim. O Codificador afirma na Revista que o Espiritismo
jamais se arvorou em rival do Cristianismo, do qual se declara filho. Ele
combate o ateísmo e o materialismo e repousa sobre as bases fundamentais de
toda religião e sobre a moral do Cristo. “Se renegasse o cristianismo –
assevera Kardec –, ele se desmentiria, suicidar-se-ia.” (Obra citada, pág.
121.)
Observação:
Para
acessar a parte 5 deste estudo, publicada na semana passada, clique em https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2023/01/blog-post_04.html
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