sábado, 29 de outubro de 2022

 



Refletindo com o Espírito Victor Hugo: favela moral

 

JORGE LEITE DE OLIVEIRA

jojorgeleite@gmail.com

De Brasília, DF

 

Há pouco tempo, alma querida, adquiri a obra organizada por Washington Fernandes sobre “reflexões filosóficas” nos romances psicografados por Divaldo Franco e ditados por um dos maiores escritores que o mundo já conheceu: Victor Hugo. A obra contém 100 reflexões, mas hoje destaco e comento duas frases duma delas, para nossa reflexão e principalmente prática, pois de teorias o mundo anda farto. Estão na primeira das cinco partes do livro intitulado: 100 Reflexões Filosóficas e cor Local nos Romances Mediúnicos de Victor Hugo. As frases comentadas são do capítulo 2, denominado Favela moral.

Diz Hugo que: “[...] A favela são as pessoas reunidas, os espíritos estiolados, que o cansaço e a fome, o ódio e a indiferença ressequiram, quase mataram, porque deixaram vivendo na morte lenta”.

É importante observar que nesse lugar há muitas pessoas altamente solidárias e trabalhadoras. Estas, muitas vezes, para bem sobreviverem, observam a violência ao lado de seu barraco, mas são obrigadas a fingir que nada viram, pois, se denunciam o fato, duas coisas podem ocorrer: a primeira é que as autoridades não investiguem sua denúncia. E não vamos aqui julgar o motivo disso. A segunda é que a violência pode voltar-se contra o denunciante ou sua família, em vingança por sua atitude.

Da favela, porém, saem professores, advogados, médicos, engenheiros... que não se conformaram com a vida miserável em que viviam e, trabalhando duro para custear os próprios estudos, laboram de dia e estudam à noite. Mas também saem de lá pedreiros, eletricistas, pintores de paredes, faxineiros, cuidadores, babás... dignos e honestos.

Todos, porém, têm um desejo principal: viver bem. Para isso, a maioria sonha com um lar onde não lhe falte vestuário, boa alimentação, segurança e lazer. Deseja casar-se, ter filhos aos quais possa educar com vistas a futuro socioeconômico melhor. Infelizmente, porém, os preguiçosos, invejosos, egoístas, também ali estão. Sentem-se excluídos do que consideram privilégios e não conquistas pessoais. Daí revoltarem-se e optarem por diversos crimes como vingança da sociedade que consideram injusta.

Então prossegue o Espírito Victor Hugo: “Onde a desesperança se agasalha nos braços da rebeldia, gerada pelo desconforto social, unindo os espoliados físicos, econômicos e morais, aí está a favela. Sejam duas pessoas esquecidas, engendrando na miséria a criminalidade e a ignomínia, seja no grande aglomerado que constitui a arquitetura para o turismo ultrajante, onde se mesclam todas as paixões, aí estão as almas faveladas”.

Daí, a pior favela está no íntimo da pessoa que, mesmo quando passa a morar em bairro residencial no qual suas condições de vida sejam muito melhores, leva consigo a favela moral. Saiu da favela material, mas a favela espiritual continua presente em sua alma, expressa pela revolta, pelos vícios, pelo egoísmo, enfim, pela miséria moral.

Segundo Allan Kardec, esse estado de espírito só terminará quando a educação moral de todos os cidadãos caminhar passo a passo com o acúmulo de conhecimentos intelectuais. Ou seja, é preciso que a educação intelecto-moral se faça presente nos lares e nas escolas para que tenhamos uma sociedade mais justa e nos libertemos da favela moral. Nesse sentido, o conhecimento e, sobretudo a prática dos esclarecimentos espíritas cristãos muito têm a nos oferecer, desde que nos proponhamos a “colocar a mão no arado e não olharmos para trás”, como nos recomendou Jesus. Só assim sairemos de vez da favela moral.

 

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