Por que evangelizar as
crianças?
ASTOLFO
O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@gmail.com
De
Londrina-PR
A questão ora proposta foi-nos
apresentada por uma jovem mãe que, quando a formulou, estava dando seus
primeiros passos nos estudos espíritas.
Para entender o que leremos linhas
abaixo é necessário, antes de tudo, saber como o Espiritismo vê o ensino moral
contido no Evangelho.
Reportando-se ao tema, Allan Kardec,
o codificador da doutrina espírita, escreveu:
Podem dividir-se em cinco partes as
matérias contidas nos Evangelhos: os atos comuns da vida do Cristo; os
milagres; as predições; as palavras que foram tomadas pela Igreja para
fundamento de seus dogmas; e o ensino moral. As quatro primeiras têm sido
objeto de controvérsias; a última, porém, conservou-se constantemente
inatacável. Diante desse código divino, a própria incredulidade se curva. É
terreno onde todos os cultos podem reunir-se, estandarte sob o qual podem todos
colocar-se, quaisquer que sejam suas crenças, porquanto jamais ele constituiu
matéria das disputas religiosas, que sempre e por toda a parte se originaram
das questões dogmáticas. Aliás, se o discutissem, nele teriam as seitas
encontrado sua própria condenação, visto que, na maioria, elas se agarram mais
à parte mística do que à parte moral, que exige de cada um a reforma de si
mesmo. Para os homens, em particular, constitui aquele código uma regra de
proceder que abrange todas as circunstancias da vida privada e da vida pública,
o princípio básico de todas, as relações sociais que se fundam na mais rigorosa
justiça. E, finalmente e acima de tudo, o roteiro
infalível para a felicidade vindoura, o levantamento de uma ponta do véu
que nos oculta a vida futura. (O
Evangelho segundo o Espiritismo, Introdução, item I.) [Negritamos]
Aí está o ponto central da resposta
à pergunta formulada.
Evangelizar uma pessoa é ensinar-lhe
o caminho que leva à paz, à harmonia, à felicidade possível no mundo em que
vivemos. E quando tal tarefa deve começar? A resposta a esta dúvida é também
por demais conhecida dos espíritas: a tarefa da evangelização deve iniciar-se na infância, esse período da existência
corpórea que Emmanuel assim conceituou: "A juventude pode ser comparada a
esperançosa saída de um barco para uma longa viagem. A velhice será a chegada
ao porto. A infância é a preparação".
Os Instrutores da espiritualidade nos
ensinam que, encarnando-se com o objetivo de se aperfeiçoar, o Espírito durante
a infância “é mais acessível às impressões que recebe, capazes de lhe
auxiliarem o adiantamento, para o que devem contribuir os incumbidos de
educá-lo". As crianças – ensina o
Espiritismo – são os seres “que Deus manda a novas existências”. “Para que não
lhes possam imputar excessiva seriedade, dá-lhes todos os aspectos da
inocência. Julgando os seus filhos bons e dóceis, os pais lhes dedicam toda a
afeição e os cercam dos mais minuciosos cuidados. A delicadeza da idade
infantil os torna brandos, acessíveis aos conselhos da experiência e dos que
devem fazê-los progredir. É na fase infantil que se lhes pode reformar o
caráter e reprimir as suas más tendências. Esse é o dever que Deus confiou aos
pais, missão sagrada pela qual terão de responder." (O Livro dos Espíritos, questões 383 e 385.)
Examinando o assunto, Emmanuel escreveu:
O período infantil é o mais sério e
o mais propício à assimilação dos princípios educativos. Até os sete anos, o
Espírito ainda se encontra em fase de adaptação para a nova existência. Ainda
não existe uma integração perfeita entre ele e a matéria orgânica. Suas
recordações do plano espiritual são, por isto, mais vivas, tornando-se mais
suscetível de renovar o caráter e estabelecer novo caminho. Passada a época
infantil, atingida a maioridade, só o processo violento das provas rudes, no
mundo, pode renovar o pensamento e a concepção das criaturas, porquanto a alma
encarnada terá retomado o seu patrimônio nocivo do pretérito e reincidirá nas
mesmas quedas, se lhe faltou a luz interior dos sagrados princípios educativos. (O Consolador, pergunta 109.)
Diante
de esclarecimentos tão claros e objetivos, apenas pais negligentes hão de
perder a oportunidade de oferecer ao filho o roteiro que poderá conduzi-lo à
felicidade vindoura – roteiro esse que, segundo Allan Kardec, é infalível.
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