Onde estava Deus
naqueles dias?
ASTOLFO
O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@gmail.com
De
Londrina-PR
A pergunta que dá título a este texto
nos remete à pergunta feita pelo então papa Bento XVI em Auschwitz (Polônia),
por ocasião de uma visita ao antigo campo de concentração de tão funesta
lembrança, em que morreram mais de um milhão de pessoas, a maioria de origem
judia.
“Por que, Deus, o senhor permaneceu
em silêncio? Como pôde tolerar tudo isso?”, acrescentou o papa, que se
comportava, diante de uma tragédia, como se comportam geralmente as pessoas que
ignoram as leis de Deus e a finalidade de nossa presença no mundo.
Teria o papa vacilado em sua fé?
A repercussão das dúvidas papais foi
imediata. Na revista Veja, em que a
declaração do papa foi noticiada, três depoimentos diferentes foram
reproduzidos na seção de cartas da edição seguinte.
No primeiro, disse o leitor “que o
Deus que procuro não é o mesmo que ele conhece”. “O meu Deus, magnânimo e
justo, fala ao homem por meio de suas leis, expressas em tudo o que Ele criou.”
E acrescentou que Bento XVI parecia ignorar o que Homero intuiu há 3.000 anos:
as desventuras que assolam a Humanidade são consequência dos nossos próprios
erros, das faltas e imprudências que nós mesmos cometemos.
O segundo depoimento veio de um
ateu: “Deus não poderia fazer nada. Quem nunca existiu não pode em momento
algum dar sua contribuição. Já o homem, sim, poderia, e muito, evitar uma das
maiores barbáries de nossa história.”
O terceiro foi assinado por um
religioso, que entendeu que o papa não vacilou em sua fé, mas deu, sim, uma bela
manifestação de humildade e humanidade ao citar o Salmo 22:1: “Deus meu, Deus
meu, por que me desamparaste?” Essas palavras, aduziu o leitor, também “foram
usadas por Jesus quando de seu sofrimento na cruz, ao carregar os pecados de
toda a humanidade”.
Numa edição subsequente, a revista
transcreveu carta enviada por Suzel Tunes, assessor de comunicação da Igreja
Metodista, o qual, baseando suas ideias no pensamento do teólogo inglês John
Wesley, fundador do movimento que deu origem à referida igreja, disse que cabe
ao homem restaurar a harmonia divina por meio do relacionamento responsável e
amoroso com a natureza e com o seu semelhante. Assim, na perspectiva wesleyana,
“era o homem que estava distante de Deus em Auschwitz, e não o contrário”.
*
Diante de tantas e tão diferentes ideias,
que podemos dizer, à luz do Espiritismo?
O mundo em que vivemos é, como
sabemos, uma escola bastante acanhada, na qual a maioria de seus habitantes é
formada por Espíritos semicivilizados ou bárbaros. Pelo menos é isso que
Frederico Figner revelou em seu livro Voltei,
obra psicografada por Chico Xavier em 1948, pouco tempo depois do término da 2ª
Guerra Mundial.
Mundo de provas e expiações, não
admira, pois, que na Terra ocorram tantas tragédias e tantos sofrimentos, o que
Jesus conseguiu sintetizar com impressionante clareza nos ensinamentos que se
seguem:
• “Ai
do mundo, por causa dos escândalos; porque é mister que venham escândalos, mas
ai daquele homem por quem o escândalo vem!” (Mateus, 18:7.)
• “Então
Jesus disse-lhe: Mete no seu lugar a tua espada; porque todos os que lançarem
mão da espada, à espada morrerão.” (Mateus, 26:52.)
Se desejamos realmente que tenhamos
um mundo melhor, comecemos desde já a fazer a parte que nos cabe.
Não se constrói uma casa a partir do
telhado, nem se colhem uvas nos espinheiros.
O que aqui semearmos é isso que
colheremos.
Quanto ao Pai que nos criou, ele
sabe muito bem o que é melhor para nós que somos seus filhos.
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Colhemos o que semeamos, mais cedo do que pensamos. Deus é sábio, mas deu, a crentes e a ateus, liberdade na semeadura e colheita certa futura.
ResponderExcluirGostei muito da reflexão.
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