A Evolução
Anímica
Gabriel Delanne
Parte 8
Damos prosseguimento ao estudo do clássico A Evolução Anímica, de Gabriel Delanne, conforme a 8ª edição da tradução de Manoel Quintão, publicada pela Federação Espírita Brasileira.
Esperamos que este estudo sirva para o leitor como uma
forma de iniciação aos chamados Clássicos do Espiritismo.
Cada parte do estudo compõe-se de:
a) questões preliminares;
b) texto para leitura.
As respostas às questões propostas encontram-se no final do
texto indicado para leitura.
Este estudo é publicado sempre às sextas-feiras.
Questões preliminares
A. Como definir a força vital?
B. Em que momento o princípio inteligente se torna
individualizado?
C. O princípio inteligente reveste-se sempre de um
envoltório fluídico?
Texto para
leitura
78. Para se compreender bem o
papel do sistema nervoso no organismo e o do perispírito, é preciso ter em
mente que todos os tecidos dos animais são formados de células que não diferem
das vegetais senão pela variedade de formas que afetam as células animais e por
sua membrana envoltória, geralmente mais delgada. As células compõem-se sempre
de três partes: um núcleo interior, sólido, um líquido que banha esse núcleo, e
uma membrana que envolve o todo. A parte essencialmente viva é o líquido, a que
chamaram protoplasma, que constitui realmente o fundamento da vida orgânica.
Enquanto ele se mantiver vivente nos milhões de células que integram um corpo,
esse corpo viverá. A ser exata a teoria da evolução, a vida na Terra deveria
ter começado pela formação do protoplasma, o que é um fato já verificado.
(Págs. 91 a 93)
79. As moneras são, segundo
Haeckel, os seres mais simples que se possam imaginar. São massas pequeníssimas
de protoplasma, destituídas de qualquer estrutura, e cujos apêndices
proteiformes preenchem, por sua vez, todas as funções vitais e animais:
movimento de sensibilidade, assimilação e eliminação, nutrição e crescimento,
reprodução. Consideradas do ponto de vista morfológico, seu corpo é tão simples
quanto o de qualquer cristal. Nem todas, porém, apresentam o mesmo grau de
simplicidade, havendo as que possuem, no âmago da massa, um núcleo bem
caracterizado: são as células nuas, chamadas amebas, que se encontram na água
comum e no sangue dos animais. (Pág. 93)
80. A reprodução celular opera-se de
maneira muito simples. Atingindo um certo volume, verifica-se uma ou mais de
uma divisão em sua massa, que assim se biparte ou multiparte. Todos os
organismos da nossa época começam por uma única célula: o ovo vegetal ou
animal. (Pág. 93)
81. A força vital é, pois, como
vimos, um princípio e um efeito. Princípio, por tornar-se preciso um ser já
vivente para comunicar a vida. Efeito, porque, uma vez completada a fecundação
de um gérmen, as leis físico-químicas servem ao entretenimento da vida. A força
vital tem uma existência certa, pois cada ser reproduz um ser semelhante e não
podemos dar vida a um composto inorgânico. Supondo que chegássemos a fabricar
um músculo sensível, de feição a produzir os mesmos fenômenos que um músculo
natural, ele não poderia regenerar-se, como se dá com o organismo vivo. Logo,
embora opere e se entretenha por meio de leis naturais, o princípio vital
distingue-se dessas leis. Ele é uma força, uma transformação especial da
energia, um produto necessário da evolução incessante. (Pág. 95)
82. Degrau primário não da
organização, mas do entretenimento e da reparação da matéria viva, é possível
encontrar laivos desse princípio até na matéria bruta, haja vista o cristal,
que pode cicatrizar suas fraturas, como mostrou Pasteur. Quebrado em qualquer
parte, se o colocarmos na solução de sua origem, não só cresce em todas as suas
faces, como desenvolve na parte avariada um trabalho ativíssimo que repara o
estrago e restabelece a simetria. (Pág. 95)
83. O princípio vital é, pois, uma
força essencialmente reparadora e é ele que, nos vegetais e nos animais, refaz
as células agregadas entre si, em função de um plano determinado. Ele é de
alguma sorte o desenvolvimento, o grau superior, a transformação exaltada do
que denominamos afinidade nos corpos brutos. O fluido vital age sobre as
moléculas orgânicas, como o fluido magnético sobre as poeiras metálicas. Se
negarmos a existência de uma força vital, ainda que imponderável, não é
possível compreender por que um corpo vivo mantém uma forma fixa, invariável
segundo a espécie, apesar da incessante renovação das moléculas desse corpo.
(Pág. 96)
84. Enquanto a vida se apresenta
difusa, como no caso dos animais inferiores, e enquanto todas as células podem
viver individualmente, sem auxílio de outras, o princípio inteligente mal se
revela nítido, visto que nos seres rudimentares apenas se constata a
irritabilidade, isto é, a reação a uma influência exterior e nenhuma
sensibilidade distinta. Mas, logo que surge o sistema nervoso, desde o instante
em que as funções animais nele se concentram, a comunidade viva transforma-se
em indivíduo, pois a partir daí o princípio inteligente assume a direção do
corpo e manifesta a sua presença com os primeiros clarores do instinto. (Pág.
96)
85. Alguns zoófitos, tais como as
medusas e os ouriços marinhos, possuem alguns lineamentos de sistema nervoso,
pelo que também se lhes distinguem rudimentos instintivos. Esses seres bizarros
foram, por longo tempo, desdenhados pelos naturalistas, que não viam neles mais
que uma geleia viva. A ciência moderna penetrou, porém, os mistérios do seu
organismo e determinou que, mesmo entre os seres mais simples, incluindo
aqueles nos quais não se lobriga sistema nervoso distinto, o estômago é sempre
encontrado. As actínias – flor das pedras, anêmona-do-mar – que se assemelham a
flores vivas e cujas pétalas brilhantes são dotadas de grande motilidade
(faculdade de mover-se, força motriz), são, na verdade, estômagos organizados,
verdadeiras bolsas a transmitirem sucos nutritivos ao resto do corpo. (Págs. 96
a 98)
86. É sob a influência permanente,
ativa, incessante dos meios que atuam sobre o animal, e pela impulsão
resultante de necessidades sempre renascentes, que as espécies se transformam,
concentrando em órgãos particulares as diferentes faculdades originariamente
confundidas entre si. Eis, segundo Leuret, a progressão dessas faculdades: I –
Vêm em primeiro lugar os animais que parecem estabelecer uma transição com a
classe inferior, apresentando instintos só adstritos à procura de alimento.
(Anelídeos: sanguessugas.) II – Sensações mais extensas e numerosas, construção
de um domicílio, extremo ardor genético, voracidade, crueldade cega.
(Crustáceos: caranguejos.) III – Sensações ainda mais extensas, construção
domiciliar, voracidade, ardil, astúcia. (Aracnídeos: aranhas.) IV – Sensações
amplíssimas, domicílio, vida de relação, provisão de guerra e defesa coletiva,
sociabilidade. (Insetos: abelhas e formigas.) (Págs. 98 a 100)
87. Uma íntima conexão existe
entre os seres vivos, de sorte que os animais sucedem às plantas, havendo
organismos que parecem participar das duas naturezas. A força vital que
impregna o gérmen e lhe dirige a evolução não basta, porém, para explicar os
instintos assinalados no animal nem as manifestações inteligentes. Atribuímos
esses fatos ao desenvolvimento do princípio anímico. O princípio inteligente
reveste-se sempre de um envoltório fluídico. Os episódios relatados por Dassier
e sancionados pela lógica não nos permitem duvidar da realidade desse duplo
perispiritual. (Págs. 100 e 101)
88. Nos primórdios da vida, o
fluido perispiritual está misturado aos fluidos mais grosseiros do mundo
imponderável. Podemos compará-lo a um vapor fuliginoso a empanar as radiações
da alma. Como ele se encontra intimamente unido ao princípio espiritual, este
não pode manifestar livremente as faculdades que possui em gérmen, impedido
pela espessa materialidade do cárcere fluídico. (Pág. 101) (Continua no próximo número.)
Respostas às
questões preliminares
A. Como definir
a força vital?
Todos os organismos da nossa época começam por uma única
célula: o ovo vegetal ou animal. A força vital é, pois, um princípio e um
efeito. Princípio, por tornar-se preciso um ser já vivente para comunicar a
vida. Efeito, porque, uma vez completada a fecundação de um gérmen, as leis
físico-químicas servem ao entretenimento da vida. (A Evolução Anímica, pp. 93 a 95.)
B. Em que
momento o princípio inteligente se torna individualizado?
Enquanto a vida se apresenta difusa, como no caso dos
animais inferiores, e enquanto todas as células podem viver individualmente,
sem auxílio de outras, o princípio inteligente mal se revela nítido. Mas, logo
que surge o sistema nervoso, desde o instante em que as funções animais nele se
concentram, a comunidade viva transforma-se em indivíduo, pois a partir daí o
princípio inteligente assume a direção do corpo e manifesta a sua presença com
os primeiros clarores do instinto. (Obra citada, pág. 96.)
C. O princípio
inteligente reveste-se sempre de um envoltório fluídico?
Sim. O princípio inteligente reveste-se sempre de um
envoltório fluídico. Os episódios relatados por Dassier e sancionados pela
lógica não nos permitem duvidar da realidade desse duplo perispiritual. (Obra
citada, pp. 100 e 101.)
Observação:
Para acessar a Parte 7 deste
estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2022/09/blog-post_30.html
Como consultar as matérias deste
blog? Se você não conhece a estrutura deste blog, clique neste link: https://goo.gl/h85Vsc, e verá
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