Revista
Espírita de 1861
Allan
Kardec
Parte
9
Continuamos nesta edição o estudo metódico e sequencial da Revista Espírita do ano de 1861, periódico editado e dirigido por Allan Kardec. O estudo é baseado na tradução feita por Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.
A
coleção do ano de 1861 pertence a uma série iniciada em janeiro de 1858 por
Allan Kardec, que a dirigiu até 31 de março de 1869, quando desencarnou.
Cada
parte do estudo, que será sempre apresentado às quartas-feiras, compõe-se de:
a)
questões preliminares;
b)
texto para leitura.
As
respostas às questões propostas encontram-se no final do texto abaixo.
Questões
preliminares
A.
Que recomendou Erasto a respeito da análise das comunicações mediúnicas?
B.
As comunicações espíritas dependem sempre de médiuns?
C.
Que consequências, segundo Rousseau, podem advir do Espiritismo?
Texto para leitura
149.
Mais vale repelir dez verdades – diz Erasto – que admitir uma só mentira, uma
só teoria falsa. (P. 257)
150.
Se, pois, o médium der motivo legítimo de suspeita, devemos repelir suas
comunicações, pois há uma serpente oculta na grama – eis como Erasto trata a
necessidade de analisar com rigor todas as comunicações. (PP. 257 e 258)
151.
Erasto diz que para a obtenção do transporte de objetos é necessário dispor de
médiuns sensitivos, isto é, dotados no mais alto grau das faculdades mediúnicas
de expansão e de penetrabilidade, visto que seu sistema nervoso, facilmente
excitável, lhes permite, por meio de certas vibrações, projetar ao seu redor
seu fluido animalizado. (P. 258)
152.
Em geral, diz Erasto, são e continuarão sendo muito raros os casos de
transporte de objetos. (P. 259)
153.
É que precisa existir, entre o Espírito e o médium, uma certa afinidade, uma certa
analogia, uma certa semelhança que permita à parte expansiva do fluido
perispirítico do médium misturar-se, unir-se com o do Espírito. (P. 259)
154.
Para produzir tais fenômenos, é necessário que as necessidades do
Espírito-motor sejam aumentadas por algumas do medianeiro, porque o fluido
vital, indispensável à produção de todos os fenômenos medianímicos, é apanágio
exclusivo do encarnado e, por isso, o Espírito-operador é obrigado a
impregnar-se dele. (P. 259)
155.
Advertindo que, se não tivéssemos outros meios de convicção, além dos
fenômenos, não seríamos a centésima parte dos espíritas que somos, Erasto
recomenda: “Falai ao coração. É por ele que fareis mais conversões sérias”. (P.
261)
156.
A Revista transcreve mensagem obtida pelo Sr. D’Ambel na Sociedade Espírita de
Paris, na qual fica claro que os fatos mediúnicos não se podem manifestar sem o
concurso consciente ou inconsciente do médium, e que só entre os encarnados,
Espíritos como nós, é que podemos encontrar os que podem servir de médiuns. (P.
264)
157.
Certamente os Espíritos podem tornar-se visíveis e tangíveis aos olhos dos
animais, mas isso não significa que possam ser mediunizados os animais ou a
matéria inerte. (P. 264)
158.
Dizendo que os homens empregam tudo quanto têm de força e de energia na
aquisição de bens terrenos, o Espírito de Byron adverte: “Insensatos! De um
instante para outro o anjo da libertação vai bater-vos à porta: sereis forçados
a abandonar todas as quimeras; sois proscritos que Deus pode chamar à
mãe-pátria a qualquer instante”. (P. 266)
159.
“Não edifiqueis palácios nem monumentos: uma tenda, roupa e pão – eis o
necessário”, assevera Byron. “Contentai-vos com isto e o vosso supérfluo dai-o
aos vossos irmãos necessitados de abrigo, roupa e pão.” (P. 266)
160.
Em linda mensagem, que pode ser vista n’O
Livro dos Médiuns, Jean-Jacques Rousseau diz: “Se o Espiritismo ressuscitar
o Espiritualismo, devolverá à sociedade o impulso que dá a uns dignidade
interior, a outros a resignação, a todos a necessidade de elevar-se para o Ser
Supremo, esquecido e desconhecido por suas ingratas criaturas”. (P. 267)
161.
Adolphe, Bispo de Alger, lembra-nos as palavras do Cristo: “Os pobres sempre os
tereis!” (P. 269)
162.
Sendo a Terra lugar de expiação, sempre haverá aqui pobres a expiar seus abusos
e erros do passado. (P. 269)
163.
Adolphe aconselha evitemos ver, em todos os pobres, culpados em punição: “Se a
pobreza é para alguns uma severa expiação, para outros é uma prova que lhes
deve abrir mais rapidamente o santuário dos eleitos”. “Sim, sempre haverá
pobres e ricos, para que uns tenham o mérito da resignação e os outros o da
caridade e do devotamento.” (P. 270)
164.
Curiosa polêmica se deu na Sociedade Espírita de Paris a partir de uma
dissertação em que Lamennais analisou o aforismo de Buffon “O estilo é o homem”.
Divergindo de Buffon, Lamennais afirmou que frequentemente o homem não se
reflete em suas obras, visto que muitos são iluminados por uma centelha divina
que os torna maiores. (P. 274)
165.
Buffon replicou de forma estranhamente ofensiva, sem poupar escritores
ilustres, como Alexandre Dumas, Victor Hugo e o próprio Lamennais. Para Buffon,
Lamennais confundiu a forma e o fundo, o estilo e o pensamento. (PP. 274 e 275)
166.
Bernardin de Saint-Pierre, citado na polêmica, também se manifestou e, de
acordo com Lamennais, disse: “Não, o estilo não é o homem”. E apresentou a si
mesmo como prova disso, afirmando: “Não mereço toda a reputação literária de
que gozei”. (P. 281)
167.
Lamennais dirigiu, por fim, um recado a Buffon, lembrando-lhe que ele apenas
queria dizer que “a inspiração humana muitas vezes é divina” e que não havia
nisso nenhuma matéria para controvérsia. (PP. 281 e 282)
Respostas às
questões propostas
A. Que recomendou
Erasto a respeito da análise das comunicações mediúnicas?
Mais
vale repelir dez verdades, disse Erasto, que admitir uma só mentira, uma só
teoria falsa. Se, pois, o médium der motivo legítimo de suspeita, devemos
repelir suas comunicações, pois há uma serpente oculta na grama. Foi dessa
maneira que Erasto nos falou sobre a necessidade de analisar com rigor todas as
comunicações. (Revista Espírita de 1861,
pp. 257 e 258.)
B. As comunicações
espíritas dependem sempre de médiuns?
Sim.
Conforme mensagem obtida pelo Sr. D’Ambel na Sociedade Espírita de Paris, os
fatos mediúnicos não se podem dar sem o concurso consciente ou inconsciente do
médium, e que só entre os encarnados, Espíritos como nós, é que podemos
encontrar os que podem servir de médiuns. (Obra citada, p. 264.)
C. Que
consequências, segundo Rousseau, podem advir do Espiritismo?
Escreveu
o notável pensador Jean-Jacques Rousseau (Espírito): “Se o Espiritismo
ressuscitar o Espiritualismo, devolverá à sociedade o impulso que dá a uns
dignidade interior, a outros a resignação, a todos a necessidade de elevar-se
para o Ser Supremo, esquecido e desconhecido por suas ingratas criaturas”.
(Obra citada, p. 267.)
Observação:
Para acessar a Parte 8 parte deste estudo, publicada na semana
passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2022/10/blog-post_19.html
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