sexta-feira, 21 de outubro de 2022

 



A Evolução Anímica

 

  Gabriel Delanne

 

Parte 10

 

Damos prosseguimento ao estudo do clássico A Evolução Anímica, de Gabriel Delanne, conforme a 8ª edição da tradução de Manoel Quintão, publicada pela Federação Espírita Brasileira.

Esperamos que este estudo sirva para o leitor como uma forma de iniciação aos chamados Clássicos do Espiritismo.

Cada parte do estudo compõe-se de:

a) questões preliminares;

b) texto para leitura.

As respostas às questões propostas encontram-se no final do texto indicado para leitura.

Este estudo é publicado sempre às sextas-feiras.

 

Questões preliminares

 

A. Há alguma prova direta do papel do perispírito na conservação das lembranças do que ocorre ao homem?

B. Onde se forma a biblioteca do ser pensante, esse tesouro chamado inconsciente?

C. Em que consiste a memória?

 

Texto para leitura

 

100. O Espírito não conhece diretamente o mundo exterior. Entaipado num corpo material, não percebe os objetos senão pelos sentidos. Ora, a luz e o som só lhe chegam sob a forma de vibrações, diferentes segundo a cor, para a vista, e segundo a intensidade, para o som. Ele dá um nome a tal ou qual natureza de vibrações, mas não conhece intrinsecamente a luz nem o som. Já houve quem comparasse a célula psíquica ao fósforo, que, depois de sofrer a ação da luz, permanece luminoso na obscuridade. Delanne prefere, no entanto, compará-la à placa sensível, que, impressionada pela luz, conserva para sempre, graças a uma reação química, fixo e indelével, o traço da excitação luminosa. (Págs. 128 e 129) 

101. Todo o mundo, diz Delanne, está de acordo em que as modificações produzidas nas células são permanentes. Delboeuf afirma: “Toda impressão deixa um traço inapagável, isto é: uma vez diversamente dispostas e forçadas a vibrar de outro modo, as moléculas jamais retornarão ao estado primitivo”. Richet assevera: “Assim como na natureza não há, jamais, perda de energia cósmica, mas, apenas, transformação incessante, assim também nada se perde do que abala o espírito humano. É a lei de conservação da energia, sob um ponto de vista diferente”. (Págs. 129 e 130) 

102. É fato averiguado que a repetição de palavras e frases de um idioma acaba por tornar-se uma operação automática para o Espírito. O que sucede com a linguagem ocorre com qualquer outra aquisição intelectual. Em todos nós, a tábua de multiplicação tornou-se automática, e, contudo, começamos por decorá-la conscientemente. Esses fatos colocam-nos em face do problema ora focalizado: a ressurreição das lembranças prístinas, a despeito da renovação integral e global das células. Se não houvesse perispírito, que é que imprimiria nas novas células o antigo movimento? É no perispírito, pois, que reside a conservação do movimento e damos como prova direta disso a manifestação da alma após a morte, a qual se nos revela dotada de todas as faculdades e lembranças, não apenas de sua última encarnação, mas abrangendo longos períodos pretéritos. (Págs. 130 e 131) 

103. Condições da percepção – Para que uma sensação seja percebida, isto é, para que se torne um estado consciencial, duas condições são indispensáveis: a intensidade e a duração. (Pág. 132) 

104. A intensidade é condição muito variável, mas faz-se preciso um mínimo de intensidade para que se verifique a percepção, porque não ouvimos, por exemplo, os sons muito brandos. É por não guardarem intensidade constante que as percepções diminuem insensivelmente, até não mais poderem ficar presentes no espírito, caindo assim “abaixo dos domínios da consciência”.  (Pág. 132) 

105. A duração, ou o tempo necessário para que uma sensação seja percebida, ou melhor, para que o Espírito tome conhecimento do movimento perispiritual, foi determinada há uma trintena de anos para as diversas percepções. Se bem que os resultados variem conforme as pessoas, as circunstâncias e a natureza dos atos psíquicos estudados, ficou pelo menos estabelecido que cada ato psíquico requer uma duração apreciável e que a pretensa velocidade infinita do pensamento não passa de metáfora. Fique claro, pois, que toda ação nervosa, cuja duração seja inferior à requerida pela ação psíquica, não pode despertar a consciência. Assim, para que uma sensação se torne consciente é imprescindível que o movimento perispiritual tenha uma certa duração; sem isso o registro se fará, sem que a alma tenha dele conhecimento. (Pág. 132) 

106. Gravam-se, pois, no perispírito as sensações com uma certa durabilidade; mas elas não permanecem no campo da consciência. Desaparecem, momentaneamente, para dar lugar a outras e tornam-se, por assim dizer, inconscientes. A mesma coisa dá-se em relação a tudo que temos visto, lido e aprendido. Por conseguinte, nossa alma cria, desde o nascimento, uma reserva imensa de sensações, volições, ideias, uma vez que o mecanismo mediante o qual a alma atua sobre a matéria é igualmente mantido no invólucro fluídico. Cada painel contemplado, cada leitura que fazemos, deixa em nós um traço. As ideias ligam-se e entrosam-se por lei de associação, que também prevalece para as sensações e percepções. O território em que se escalonam esses materiais é o perispírito. É nele que se forma a biblioteca do ser pensante, esse tesouro que denominamos o inconsciente. (Pág. 133) 

107. O eu, o único ser que pode conhecer e compreender, é sempre ativo e operante; mas tudo o que aprende e sente classifica-se mecanicamente, em virtude da diminuição de intensidade e temporariedade das impressões, sob a forma de movimentos no seu invólucro, prontas a reaparecer ao primeiro apelo da vontade. O inconsciente pode ser movido também pelo trabalho do Espírito durante o sono. Os atos psíquicos que se produzem sem a intervenção do corpo físico não têm, contudo, a intensidade suficiente para se tornarem conscientes no estado normal. (Pág. 134) 

108. Reitor do corpo e guarda dos estados conscienciais, o perispírito está, assim, em constante movimento, determinando o ritmo incessante das ações vitais da vida vegetativa e orgânica e o correspondente a outras modalidades psíquicas da alma consciente, inclusive as correspondentes aos estados passados. (Pág. 135) 

109. A memória é o fulcro, o alicerce da vida mental e compreende três coisas: a conservação de certos estados, sua reprodução e sua localização no passado. Na velha psicologia, só o terceiro termo constituía a memória, mas se comprovou indispensável admitir o inconsciente, ou seja, as lembranças não mais percebidas pelo eu normal e que, no entanto, subsistem. (Págs. 135 e 136) 

110. O instinto, dizem, é ato hereditário específico, o que implica a existência de uma memória hereditária, memória orgânica, que sabemos residir no perispírito. Eis o mecanismo dessa operação: 1º – Há na vida orgânica, primariamente, fenômenos automáticos dependentes da vida em si mesma e que começam e acabam com ela: são os movimentos do coração os respiratórios. 2º – Em seguida temos toda uma série de ações reflexas: o melhor tipo a apresentar desses reflexos é o conjunto dos fenômenos da digestão, que são a consequência do movimento inicial da deglutição. 3º - Uma excitação exterior provoca movimentos reflexos de reação que buscam uma melhor adaptação do ser vivente ao seu meio, seja por defender-se, fugir ou buscar. Essas ações, que eram primitivamente voluntárias, tornaram-se instintivas, por efeito de repetições inumeráveis. 4º – Também se produzem conjuntos de movimentos musculares pela simples ação da vontade e que requerem quantidade enorme de ações reflexas apropriadas, a revelarem uma técnica inteiramente desconhecida do Espírito. (Págs. 136 e 137) (Continua no próximo número.)

 

Respostas às questões preliminares

 

A. Há alguma prova direta do papel do perispírito na conservação das lembranças do que ocorre ao homem?

Sim. A prova disso é a manifestação da alma após a morte, a qual se nos revela dotada de todas as faculdades e lembranças, não apenas de sua última encarnação, mas abrangendo longos períodos pretéritos. (A Evolução Anímica, pp. 130 e 131.)

B. Onde se forma a biblioteca do ser pensante, esse tesouro chamado inconsciente?

É no perispírito que se forma essa biblioteca de informações e reminiscências pertinentes às existências do ser pensante, do qual elas podem emergir em dado momento, ou seja, transitar do inconsciente para o consciente. (Obra citada, pág. 133.)

C. Em que consiste a memória?

A memória é o fulcro, o alicerce da vida mental e compreende três coisas: a conservação de certos estados, sua reprodução e sua localização no passado. Na velha psicologia, só o terceiro termo constituía a memória, mas se comprovou indispensável admitir o inconsciente, ou seja, as lembranças não mais percebidas pelo eu normal e que, no entanto, subsistem. (Obra citada, pp. 135 e 136.)

 

 

Observação:

Para acessar a Parte 9 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2022/10/blog-post_14.html

 

 

 

 

 

 

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