Revista Espírita de 1862
Allan Kardec
Parte 14
Damos sequência ao estudo metódico e sequencial da Revista Espírita do ano de 1862, periódico editado e dirigido por Allan Kardec. O estudo é baseado na tradução feita por Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.
A coleção do ano de
1862 pertence a uma série iniciada em janeiro de 1858 por Allan Kardec, que a
dirigiu até 31 de março de 1869, quando desencarnou.
Cada parte do estudo,
que é apresentado às quartas-feiras, compõe-se de:
a) questões
preliminares;
b) texto para
leitura.
As respostas às
questões propostas encontram-se no final do texto abaixo.
Questões preliminares
A. Pode alguém estar
encarnado na Terra pela primeira vez?
B. Quem custeava os
gastos de viagem, quando Kardec viajava a serviço do Movimento Espírita?
C. Por que Guillaume
Remone foi sepultado vivo?
Texto para leitura
146. Kardec alude a
seu projeto de escrever a história do Espiritismo, mas ressalva que tal obra
não sairá tão cedo e talvez nem mesmo em sua vida. Para tanto, uma farta documentação
ele já conseguira reunir. (PP. 304 e 305)
147. De Cherbourg, a Revista
publica comunicação transmitida por um ex-marujo da marinha chamado Arsène
Gautier, de que ninguém se lembrava e que, no entanto, deu provas de ter estado
na casa da médium, onde falecera quinze a dezesseis anos antes. Como o Espírito
dissesse ser aquela sua primeira encarnação, Kardec perguntou a um dos guias da
Sociedade de Paris se isso era possível. Eis a resposta: primeira encarnação na
Terra é possível; mas, como Espírito, não. Estamos todos muito longe das
primeiras encarnações que tivemos e não temos delas nenhuma consciência. (PP.
305 e 306)
148. Em resposta a
uma senhora amiga, que lhe perguntou ser possível a um Espírito encarnado
recuar ante uma prova começada, Kardec respondeu que sim. Os Espíritos recuam
com frequência ante as provas e aí está a causa da maioria dos suicídios. E
eles recuam também quando se desesperam e murmuram, perdendo assim os
benefícios da prova. (P. 307)
149. É possível
evocar um Espírito mentalmente, sem pronunciar seu nome, e ele responder a
perguntas feitas mentalmente sem que o médium de nada saiba? Kardec disse que
sim e são até muito comuns, mas raramente obtidas à vontade, enquanto ocorrem
espontaneamente a cada passo. (PP. 307 e 308)
150. “A criança e o
ateu”, do Espírito de Dulcis, e “A abóbora e a sensitiva”, de Dombre, compõem
também o número de outubro de 1862 da Revista. (PP. 309 a 312)
151. Hippolyte
Fortoul, comunicando-se no grupo de Sainte-Gemme, escreve sobre o Espiritismo e
o Espírito maligno, afirmando que o orgulho é o mais encarniçado inimigo do
gênero humano e que virá o dia em que serão obrigados a explicar-se
publicamente todos aqueles que atribuem as manifestações espíritas ao demônio.
(PP. 312 a 316)
152. Três comunicações
assinadas por Sonnet, Barbaret e Lamennais fecham a edição de outubro. Eis,
resumidamente, alguns dos ensinamentos nelas contidos:
I - O orgulho
oblitera o julgamento sobre o que fazemos.
II - Para
subtrair-nos à influência dos maus Espíritos, precisamos subir, subir bastante
em virtude, e eles não nos atingirão.
III - Buscai na
palavra a sobriedade e a concisão: poucas palavras, muita coisa. O Livro dos
Espíritos é toda uma revolução, porque é conciso e sóbrio: poucas palavras,
muita coisa.
IV - Não devemos
medir a importância das comunicações por sua extensão, mas pelas ideias que
encerram em pequeno espaço.
V - Limitado na
inteligência e nas sensações e não podendo compreender além de certos limites,
o homem pronuncia, então, a palavra sacramental: sobrenatural.
VI - O Espiritismo é
a luz que deve iluminar, doravante, toda inteligência votada ao progresso
comum. (PP. 316 a 319)
153. Kardec
reporta-se, na edição de novembro, à viagem feita a Lyon, Bordeaux e a diversas
outras localidades, num total de 20, durante mais de seis semanas, em que
percorreu o equivalente a 693 léguas e assistiu a mais de cinquenta reuniões.
Como o relato da viagem e as instruções transmitidas aos centros visitados
ocupariam quase dois números da Revista, foi feita então uma separata do mesmo
formato. (N.R.: A brochura constitui hoje obra independente, intitulada “Viagem
Espírita em 1862”, publicada no Brasil pela Casa Editora O Clarim.) (PP. 321 e
322)
154. O Codificador
aproveitou o ensejo para esclarecer que os gastos dessa e de outras viagens
foram cobertos por seus recursos pessoais, e não pela Sociedade Espírita de
Paris, como muitos pensavam. (P. 322)
155. Kardec pede
vênia também aos correspondentes pela impossibilidade material de responder a
todas as cartas que chegaram até ele, no período de seis semanas em que esteve
fora de Paris. (P. 322)
156. Evocado na
Sociedade Espírita de Saint-Jean d’Angély, em agosto de 1862, comunicou-se ali
o Espírito de Guillaume Remone, cujo corpo – sepultado vivo – seria um dos que
se veem mumificados nos subterrâneos da torre de São Miguel, na cidade de
Bordeaux. Eis, em resumo, o que o Espírito informou:
I - Sua expiação
deveu-se ao fato de haver assassinado a própria esposa, a quem sufocara com
dois travesseiros, no leito conjugal.
II - O motivo desse
crime foi ciúme.
III - Foi por engano
que o sepultaram com vida.
IV - Logo depois da
morte, ele se via na terra, impressão que durou cerca de 18 dias.
V - Ao deixar o
corpo, ele se viu cercado de uma porção de Espíritos, sofredores como ele
mesmo.
VI - O Espírito da
esposa foi o primeiro a lhe aparecer, como que para censurar o seu crime, e ele
a viu durante muito tempo, também infeliz. (PP. 323 a 328) (Continua
no próximo número.)
Respostas às questões propostas
A. Pode alguém estar
encarnado na Terra pela primeira vez?
Sim. Uma primeira
encarnação na Terra é possível, mas não a primeira encarnação do Espírito,
visto que todos nós estamos muito longe das primeiras encarnações que tivemos e
não temos delas nenhuma consciência. (Revista Espírita de 1862, pp. 305 e 306.)
B. Quem custeava os
gastos de viagem, quando Kardec viajava a serviço do Movimento Espírita?
Ele próprio, com seus
recursos pessoais, e não os confrades visitados ou a Sociedade Espírita de
Paris, como muitos pensavam. (Obra citada, pp. 321 e 322.)
C. Por que Guillaume
Remone foi sepultado vivo?
O próprio Guillaume,
em comunicação dada em agosto de 1862, revelou a causa. Sua expiação deveu-se
ao fato de haver assassinado a própria esposa, a quem sufocara com dois
travesseiros, no leito conjugal. O motivo desse crime foi ciúme. Foi, porém,
por engano que o sepultaram com vida. (Obra citada, pp. 323 a 328.)
Observação:
Para
acessar a parte 13 deste estudo, publicada na semana passada, clique em https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2023/04/blog-post_05.html
Como
consultar as matérias deste blog? Se você não conhece a estrutura deste
blog, clique em Espiritismo Século XXI e verá como utilizá-lo e os vários recursos que
ele nos propicia. |
Nenhum comentário:
Postar um comentário