O Livro dos Espíritos: 166 anos iluminando os
nossos caminhos
ASTOLFO
O. DE OLIVEIRA FILHO
O dia 18 de abril de 2023 assinalou mais um
aniversário d´O Livro dos Espíritos, a primeira e mais importante obra
de Allan Kardec, o codificador da Doutrina Espírita, cujo advento, como tudo na
obra de Deus, ocorreu no momento e no lugar certos.
Diz-nos
Ernesto Bozzano, em seu livro A Crise da Morte, que as manifestações
mediúnicas que deram origem à Nova Revelação se produziram numa época em que
estavam maduros os tempos, para serem compreendidas, apreciadas e assimiladas.
Se se houvessem produzido um século antes, teriam passado despercebidas e
infecundas. “Cumpre, pois, se reconheça que a Nova Ciência da Alma nasceu na
hora precisa, no seio dos povos civilizados.” (Obra citada, p. 92.)
É assim, com justa satisfação, que os espiritistas do mundo todo comemoram a data de 18 de abril de 1857, que evocamos neste momento para assinalarmos as inúmeras contribuições que a doutrina ensinada pelos Espíritos trouxe à Humanidade terrena.
Na visão
de Léon Denis, os princípios que decorrem da Nova Revelação - princípios
ensinados pelos Espíritos desencarnados - são os seguintes:
· Existência de Deus.
· Imortalidade da alma.
· Comunicação entre os vivos e os mortos.
· Progresso infinito.
Segundo
esses princípios – observa Léon Denis – a alma edifica por si mesma seu futuro.
Conforme seu estado moral, os fluidos grosseiros ou sutis que compõem seu
perispírito, e que ela atrai a si por seus hábitos e tendências, a arrastam para
as esferas inferiores, para os mundos de dor onde ela sofre, expia, resgata seu
passado, ou então a levam para regiões ou planetas felizes onde a matéria tem
menos império, onde reina a harmonia, a bem-aventurança. (O porquê da vida,
pp. 47 a 49.)
Acrescentaremos,
no entanto, aos princípios citados por Denis dois outros de fundamental
importância para que se entendam o mistério da vida e a razão de nossa presença
no mundo, com todas as perturbações e desequilíbrios que o globo nos apresenta.
O
primeiro, tratado na questão 132 d´O Livro dos Espíritos, diz respeito à
finalidade da encarnação.
Por que é
que os Espíritos – seres espirituais e morais por excelência – têm de passar
pela experiência na carne?
“Deus lhes
impõe a encarnação com o fim de fazê-los chegar à perfeição”, eis o que
ensinaram os imortais na referida questão, aditando em seguida: “Visa ainda
outro fim a encarnação: o de pôr o Espírito em condições de suportar a parte
que lhe toca na obra da criação”. “É assim que, concorrendo para a obra geral,
ele próprio se adianta.”
O outro
princípio, que decorre deste último, é o da reencarnação, objeto da questão 166
do livro que completou nesta semana 166 anos.
Submetendo-se
à prova de uma nova existência, o Espírito tem a possibilidade de crescer, de
evoluir, de depurar-se, porquanto a reencarnação é a oportunidade que temos de
fazer melhor o que no passado fizemos com imperfeição e corrigir os erros
cometidos. A meta é e será sempre a perfeição, objetivo acessível a todos os
Espíritos, tal como Jesus nos havia descortinado em três conhecidas passagens
do Evangelho:
· “Vós
sois deuses”, isto é, seres perfectíveis, criaturas fadadas à perfeição, frase
que o Cristo não disse mas implicitamente confirmou em conhecida passagem.
· “Tudo
que eu faço podereis fazer também e muito mais”, ou seja, o que diferencia um
ser elevadíssimo como Jesus e a criatura mais abjeta é a diferença de grau
evolutivo, que poderá ser superada pelas reencarnações sucessivas.
· “Das ovelhas que meu Pai me confiou nenhuma se
perderá”, o que implica reconhecer que Jesus e seus prepostos tudo fazem e
farão para que a criatura humana vença seus obstáculos e, por mérito próprio,
alcance a meta a que está destinada.
Atribui-se
erradamente ao Espiritismo o princípio conhecido entre nós como lei de causa e
efeito ou de ação e reação.
Embora
reafirmado pela Doutrina Espírita, devemos fazer justiça aos profetas da antiguidade
e ao mestre de Nazaré, porque tanto Jeremias como Jesus nos advertiram em mais
de uma ocasião que aquele que matar com a espada perecerá vítima da espada, que
a cada um será sempre dado de acordo com seu merecimento e que, por fim, se a
semeadura é livre, a colheita é compulsória.
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