quarta-feira, 26 de abril de 2023

 



Revista Espírita de 1862

 

Allan Kardec

 

Parte 16 e final

 

Concluímos hoje o estudo metódico e sequencial da Revista Espírita do ano de 1862, periódico editado e dirigido por Allan Kardec. O estudo foi baseado na tradução feita por Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.

A coleção do ano de 1862 pertence a uma série iniciada em janeiro de 1858 por Allan Kardec, que a dirigiu até 31 de março de 1869, quando desencarnou.

Cada parte do estudo, apresentado sempre às quartas-feiras, compõe-se de:

a) questões preliminares;

b) texto para leitura.

As respostas às questões propostas encontram-se no final do texto abaixo. 

 

Questões preliminares

 

A. No tratamento da obsessão, que fatores são realmente essenciais?

B. Que é que Charles Fourier escreveu a respeito da reencarnação?

C. As preces são úteis aos Espíritos sofredores?

 

Texto para leitura

 

168. Fechando a edição de novembro, Erasto disserta sobre a origem da linguagem. Eis algumas informações contidas nessa comunicação:

I - A Humanidade já atravessou três grandes períodos: a fase bárbara, a fase hebraica e pagã e a fase cristã: a esta última sucederá a fase espírita.

II - Entre os grupos étnicos brutos, onde as sensações grosseiras dominavam, começaram a aparecer alguns seres superiores, com a tarefa de conduzi-los a uma fase melhor.

III - A linguagem propriamente dita, como a vida social, não começou a ter um caráter certo senão a partir da fase hebraica e pagã.

IV - A língua primitiva foi uniforme, mas, à medida que crescia o número de pastores, estes constituíam novas famílias e daí novas tribos, diferenciando-se gradativamente a língua então usada. Desse modo foi que surgiram os diferentes idiomas.

V - A Humanidade marcha agora para uma língua única, como consequência forçada de uma comunidade de ideias em moral, em política e, sobretudo, em religião. (N.R.: O Esperanto, a língua criada pelo médico polonês L. Zamenhof, foi idealizado em 1887, vinte e cinco anos depois da mensagem de Erasto.) (PP. 351 a 354)

169. Fato curioso: a Revista, em sua edição de novembro de 1862, informa a um leitor de La Calle, Argélia, que “O Livro dos Espíritos” e “O Livro dos Médiuns” não tinham sido ainda traduzidos para o italiano. (P. 354)

170. Um artigo de Kardec sobre causas da obsessão e meios de combatê-la é a principal matéria do número de dezembro de 1862, da qual extraímos os seguintes ensinamentos:

I - Se um Espírito quiser agir sobre uma pessoa, dela se aproxima, envolve-a com o seu perispírito, como num manto; os fluidos se penetram, os pensamentos e as vontades se confundem e, então, pode o Espírito servir-se daquele corpo como se fora o seu.  Assim se dá na mediunidade.

II - Se o Espírito for bom, sua ação será suave e benéfica; se for mau, fará maldades. Se for perverso e mau, ele a constrange, até paralisar a vontade e a razão.

III - Tal é a causa da obsessão, da fascinação e da subjugação, que se mostram em diversos graus de intensidade. O paroxismo da subjugação é geralmente chamado possessão.

IV - No tratamento das obsessões é preciso esforçar-se por adquirir a maior soma possível de superioridade pela vontade, pela energia e pelas qualidades morais.

V - Antes, porém, de pretender dominar o mau Espírito, é preciso dominar-se a si mesmo. De todos os meios para adquirir a força de o conseguir, o mais eficaz é a vontade, secundada pela prece. É necessário pedir ao anjo da guarda e aos bons Espíritos que nos assistam na luta. Mas não é suficiente pedir que expulsem o mau Espírito. Lembrando a máxima: Ajuda-te, e o céu te ajudará, devemos pedir-lhes, sobretudo, a força que nos falta para vencer as nossas más inclinações, porque são elas que atraem os maus Espíritos, como a carniça atrai as aves de rapina. (PP. 355 a 363)

171. O Codificador recomenda também que oremos pelo Espírito obsessor. Com perseverança acaba-se, na maioria dos casos, por conduzi-lo a melhores sentimentos, transformando-o de obsessor em reconhecido. (P. 363)

172. Em resumo, diz Kardec, a prece fervorosa e os esforços sérios por se melhorar são os únicos meios de afastar os maus Espíritos, que reconhecem como senhores aqueles que praticam o bem, mas riem ante as fórmulas. (P. 364)

173. Kardec relata alguns fatos relacionados com sua passagem por Rochefort, onde teve ele a satisfação de passar duas noites reunido com os espíritas sinceros e dedicados do lugar. E menciona também reportagem desfavorável ao Espiritismo assinada com o pseudônimo de Tony, no semanário Spectateur, de 12/10/1862, na qual o jornalista faz inúmeras objeções às práticas e à doutrina espírita. A resposta de Kardec se lê em seguida. (PP. 365 a 372)

174. Extraído do jornal Écho de Sétif, de 18/9/1862, a Revista publica trechos de um artigo científico, de autoria de Jalabert, intitulado “Mens agitat molem”, no qual o autor demonstra de modo racional a possibilidade das comunicações entre os Espíritos livres e os encarnados. (PP. 373 a 376)

175. Kardec inseriu na edição de dezembro uma carta enviada por um amigo de Charles Fourier, em que ele cita passagens que comprovam que Fourier era também reencarnacionista, ou melhor, a reencarnação era uma das pedras angulares de sua teoria. Comentando o fato, o Codificador lembra que o Sr. Louis Jourdan, redator do Siècle, admitiu explicitamente a doutrina da reencarnação em seu livro Prières de Ludovic, publicado pela primeira vez em 1849, consequentemente antes de se cogitar do Espiritismo. (PP. 376 e 377)

176. Entre a correspondência de Kardec, buscou ele uma carta datada de 29/7/1860, que trata exatamente do tema focalizado no artigo sobre Charles Fourier: a reencarnação. Como foi lembrado anteriormente, Fourier dizia que diariamente veem-se pessoas vindo pedir caridade à porta dos castelos, dos quais foram donos em vida anterior.  (PP. 379 a 381)

177. Em sua caserna, em Paris, onde conta vários camaradas adeptos da doutrina espírita, o Sr. Perché recebeu uma comunicação de sua irmã Marguerite, que tece considerações em torno do dia de comemoração dos mortos. Na mensagem, a comunicante confirma a tese espírita de que as preces são sempre úteis aos Espíritos sofredores e mostra a felicidade que muitos deles sentem pela lembrança e o carinho de seus familiares. (PP. 381 a 385)

178. A Revista noticia a fundação pelo Sr. Canelle, velho conhecido de Kardec, de um dispensário em Paris em que o tratamento é dirigido por ele e vários médicos magnetizadores. Além dos tratamentos pagos, o estabelecimento consagra sessões especiais às magnetizações gratuitas. (P. 386)

 

Respostas às questões propostas

 

A. No tratamento da obsessão, que fatores são realmente essenciais?

São dois: a prece fervorosa e os esforços sérios por se melhorar. Esses são, segundo Kardec, os únicos meios de afastar os maus Espíritos, que reconhecem como senhores aqueles que praticam o bem, mas riem ante as fórmulas. (Revista Espírita de 1862, pp. 363 e 364.)

B. Que é que Charles Fourier escreveu a respeito da reencarnação?

Além de admiti-la claramente, Fourier dizia que diariamente veem-se pessoas vindo pedir caridade à porta dos castelos dos quais foram donos em vida anterior. (Obra citada, pp. 379 a 381.)

C. As preces são úteis aos Espíritos sofredores?

Sim. As preces são sempre úteis aos Espíritos sofredores e muitos deles ficam felizes pela lembrança e o carinho que seus familiares demonstram por eles. (Obra citada, pp. 381 a 385.)

 

 

Observação:

Para acessar a parte 15 deste estudo, publicada na semana passada, clique em https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2023/04/blog-post_19.html

 

 

 

 

 

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