CINCO-MARIAS
EUGÊNIA PICKINA
eugeniapickina@gmail.com
Não
posso esperar que algo mude lá fora na vida social se eu mesmo não me puser em
movimento. Rudolf Steiner
Para a criança
crescer e se tornar uma pessoa criativa, feliz, e não alguém continuamente insatisfeito,
é imprescindível, no dia a dia, ela experimentar situações de “sim” e situações
de “não”.
O não faz
parte também do cenário da infância. Com pequenas doses de frustração, o filho,
no contexto diverso de seu desenvolvimento, aprende pouco a pouco a lidar com
as dificuldades e a superar os problemas.
Na festa de
aniversário, a mãe chama o filho e diz: “É hora de ir embora”. O meninozinho
entristece, lamenta, mas obedece à mãe… Na loja, o pai explica à filha: “Não
vou comprar brinquedo”. Ela se frustra, mas entende que a decisão do pai está
tomada.
Pessoas que na infância
não passaram por situações frustrantes, terão resistência para aceitar o não do
professor no ensino médio, o não do chefe no estágio da
faculdade, o não de amigos… Serão adultos largamente egoístas,
com mais inclinação a quadros de desânimo, de letargia, de negligência, por
exemplo…
Digo sempre a quem
educa um filho ou uma filha: tentar poupar a criança de experimentar a
frustração só vai prejudicá-la.
Querer não é errado.
No entanto, nem sempre é possível ter o que queremos e, por isso, é fundamental
aprender a controlar o desejo e as reações frente aos impulsos. Em casa, por
exemplo, em determinados dias, a criança vai querer almoçar correndo para
ganhar a sobremesa – o sorvete de chocolate. No entanto, ajude a criança a ser
um indivíduo paciente, ensinando que ela deverá esperar todos terminarem o
jantar para saborear a sobremesa…
Há pais que
infelizmente confundem felicidade com satisfação de desejos. As crianças
precisam experimentar impossibilidades, passar por situações frustrantes, pois,
mais tarde, conseguirão enfrentar a vida com perseverança, reconhecendo também
as pequenas coisas importantes de cada dia.
Para o bem da criança
é preciso assumir: dizer não ao filho o motivará a ser uma pessoa resiliente,
compreensiva e em consequência (mais) feliz.
Notinha
Resiliência, em termos
simples, diz respeito a uma habilidade adquirida que o indivíduo apresenta
diante de circunstâncias adversas situacionais. Cf. Goleman D.,
Gurin J. Equilíbrio mente/corpo: como usar sua mente para uma saúde
melhor. RJ: Campus, 1997.
*
Eugênia
Pickina é educadora ambiental e terapeuta floral e membro da Asociación Terapia
Floral Integrativa (ATFI), situada em Madri, Espanha. Escritora, tem livros
infantis publicados pelo Instituto Plantarum, colaborando com o despertar da consciência
ambiental junto ao Jardim Botânico Plantarum (Nova Odessa-SP).
Especialista
em Filosofia (UEL-PR) e mestre em Direito Político e Econômico (Mackenzie-SP), ministra
cursos e palestras sobre educação ambiental em empresas e escolas no estado de
São Paulo e no Paraná, onde vive.
Seu
contato no Instagram é @eugeniapickina
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