JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
Alma irmã, vinha eu caminhando por uma pista de entrequadras de Brasília, quando de repente, não mais que de repente, como diria o poeta Vinicius de Morais em seu Soneto de Separação, vi uma cena maravilhosa: pequena formiga transportava folha 20 vezes maior e mais pesada que ela.
Evitei esmagá-la com
o pé, quando a formiga já atravessava meio metro da pista de cerca de dois
metros de largura. Em seguida, refleti na grandeza de Deus, que “faz nascer o
sol e cair a chuva sobre justos e injustos”, como disse Jesus. Retrocedi vários
passos, almejando (palavra rebuscada em troca de desejando)
fotografá-la. Tudo inútil, a formiga já desaparecera do outro lado da pista com
sua gigantesca folha verde.
Mais tarde,
lembrei-me da fábula da cigarra e da formiga. Sabe por quê? Ambas trabalhavam,
mas só uma cantava, embora a lição que por décadas nos tenha sido passada fosse
a de que o canto da cigarra representaria pura preguiça de obrar.
Negativo! A cigarra
canta com dois propósitos: amar para procriar e “anunciar a chegada da
primavera”. A pobrezinha inda paga caro pelo seu encantador canto, ao atrair
pássaro que a devora.
Ai do mundo sem a
sublimidade das canções!
Voltando ao trabalho
da formiga, também refleti numa frase muito falada como incentivo a certas
pessoas: “Deus não escolhe os capacitados, capacita os escolhidos”, o que se
parece com a “doutrina da graça”. Tremenda injustiça, se visto pelo crivo de
existência única e de diferentes aptidões na mesma existência.
Albert Einstein, a
quem é atribuída a frase, diria mais: “Fazer ou não fazer algo só depende de
nossa vontade e perseverança”. Agora, sim, dá para perceber que é de nosso
esforço que vem a ajuda divina. Se nos acomodarmos na lamentação e preguiça,
invejando os que, a nosso ver, são mais capazes que nós, é porque não perseveramos
como tais pessoas e não por um privilégio divino.
A resposta da questão
133 d’O Livro dos Espíritos mostra-nos, claramente, a inexistência de
privilégios e sim merecimento baseado nos esforços individuais: “Todos são
criados simples e ignorantes e se instruem nas lutas e tribulações da vida
corpórea. Deus, que é justo, não podia fazer felizes a uns, sem fadigas e sem
trabalho e, por conseguinte, sem mérito”.
Como vimos, no
início, desde suas mínimas criaturas, é por meio do trabalho que Deus
impulsiona a vida. Tendo essa certeza foi que Machado de Assis, “o Bruxo do
Cosme Velho”, afirmou numa de suas crônicas: “O trabalho move o mundo”.
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