Revista Espírita de 1863
Allan Kardec
Parte 4
Damos prosseguimento ao estudo metódico e sequencial da Revista Espírita do ano de 1863, periódico editado e dirigido por Allan Kardec. O estudo baseia-se na tradução feita por Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.
A coleção do ano de
1863 pertence a uma série iniciada em janeiro de 1858 por Allan Kardec, que a
dirigiu até 31 de março de 1869, quando desencarnou.
Cada parte do estudo,
que é apresentado às quartas-feiras, compõe-se de:
a) questões
preliminares;
b) texto para
leitura.
As respostas às
questões propostas encontram-se no final do texto abaixo.
Questões preliminares
A. Ante as agressões
que o Espiritismo sofria então com grande intensidade, qual foi o conselho de
Kardec?
B. Que problemas
Kardec mencionou ao referir-se aos espíritas ineptos?
C. O que, segundo
Kardec, distingue o Espiritismo de todas as outras filosofias?
Texto para leitura
32. Dedicado ao redator
do Renard, de Bordeaux, o Espírito batedor de Carcassone, valendo-se da
tiptologia, escreveu o poema “O doente e o médico”, no qual satiriza o
ceticismo do Sr. Rochefort a respeito do Espiritismo. (P. 65)
33. Kardec abre o
número de março de 1863 dizendo que naquele momento se verificava verdadeira
cruzada contra o Espiritismo, constituída de escritos, discursos e até atos de
violência e de intolerância. “Todos os espíritas devem alegrar-se – disse Kardec
– porque é prova evidente de que o Espiritismo não é uma quimera. Fariam tanto
barulho por causa de uma mosca que voa?” (P. 67)
34. Afirmando que o
povo podia ser dividido em três classes: os crentes, os incrédulos e os
indiferentes, Kardec lembra que o número de crentes havia centuplicado em
alguns anos, mas que os Espíritos acharam que as coisas não iam bastante
depressa. Eis, segundo Kardec, o motivo real de tanto barulho. (P. 68)
35. Finalizando o
artigo, o Codificador convida a que todos os espíritas prossigam o seu
trabalho, trabalhando, não por uma propaganda furibunda e irrefletida, mas com
paciência e a perseverança de quem sabe o tempo que lhe resta para, semeada a
ideia, saber esperar a colheita. (PP. 69 a 71)
36. É melhor “um
inimigo declarado que um amigo inepto”. Esse pensamento expresso por Kardec
refere-se aos confrades que não refletem maduramente antes de agir. Entre os
problemas citados pelo Codificador colocam-se em primeira linha as publicações
intempestivas ou excêntricas, por serem fatos de maior repercussão. A
inconveniência dessas publicações é destacada por Kardec, que recomenda que, em
tais casos, é preciso fazer uma escolha muito rigorosa do que será publicado em
nome do Espiritismo. (PP. 71 a 73)
37. Na sequência, o
Codificador trata de um assunto ainda mais grave: os falsos irmãos. Os Judas
existem também no movimento espírita, afirma Kardec. Eis o que, segundo ele, os
caracteriza:
I) a tendência para
fazer o Espiritismo sair dos caminhos da prudência e da moderação;
II) o estímulo às
publicações excêntricas;
III) o costume de
provocar nas reuniões assuntos comprometedores sobre política e religião;
IV) o hábito de
soprar a discórdia enquanto pregam a união entre os espíritas;
V) o lançamento ao
tapete, com habilidade, de questões irritantes ou ferinas, capazes de provocar
dissidências;
VI) a implantação da
inveja e do desejo de supremacia entre os vários grupos, agravado quando, por
meras diferenças de opinião, os grupos passam a apedrejar-se, erguendo bandeira
contra bandeira. (P. 74)
38. Alguns organizam
ou fazem organizar reuniões onde se ocupam exatamente daquilo que o Espiritismo
desaconselha, envolvendo a reunião espírita em práticas ridículas de magia
negra, cartomancia, quiromancia, leitura da buena-dicha e quejandos,
cujo resultado é o descrédito que se lança à doutrina espírita. (PP. 75 a 77)
39. O Espiritismo se
distingue de todas as outras filosofias porque não é fruto da concepção
filosófica de um homem só, mas de um ensino que cada um pode receber em todos
os cantos da Terra. O que fez o rápido sucesso da doutrina espírita são as
consolações e as esperanças que dá. As cóleras que ele excita são indícios do
papel que tem de representar e da dificuldade que seus detratores encontram em
lhe opor algo de mais sério. Feito esse registro, Kardec conclui: “Espíritas,
elevai-vos pelo pensamento, olhai vinte anos para a frente e o presente não vos
inquietará”. (PP. 77 e 78)
40. A Revista noticia
o falecimento em Lyon do Sr. Guillaume Renaud, um dos mais fervorosos espíritas
daquela cidade. Uma semana depois do óbito, o vigário da paróquia de
Haute-Saône referiu-se com desdém ao falecido, dizendo que ele recusara os
sacramentos que lhe foram oferecidos pela Igreja. A verdade, segundo Kardec, é
que, durante a doença do Sr. Renaud, inúteis esforços foram tentados para que
ele abjurasse as crenças espíritas, a que ele se recusou terminantemente. Em
represália, o clero de Lyon não permitiu fosse o seu corpo recebido na igreja
local. (PP. 78 a 80)
41. Evocado em Lyon,
trinta e seis horas depois do óbito, Guillaume Renaud referiu-se ao processo de
sua desencarnação, afirmando ter adormecido por algum tempo, após o que, ao
despertar, viu a seu lado, a rodeá-lo, Espíritos que o festejavam com efusões de
alegria. (P. 81)
Respostas às questões propostas
A. Ante as agressões
que o Espiritismo sofria então com grande intensidade, qual foi o conselho de
Kardec?
Primeiro, ele
explicou o motivo de tanto barulho com relação às ideias espíritas. Em seguida,
convidou a que todos os espíritas prosseguissem na tarefa, trabalhando não por
uma propaganda furibunda e irrefletida, mas com paciência e a perseverança de
quem sabe o tempo que lhe resta para, semeada a ideia, saber esperar a colheita.
(Revista Espírita de 1863, pp. 69 a 71.)
B. Que problemas
Kardec mencionou ao referir-se aos espíritas ineptos?
Com o vocábulo
ineptos ele se referia aos confrades que não refletem maduramente antes de
agir. Entre os problemas então citados colocou em primeira linha as publicações
intempestivas ou excêntricas, por serem fatos de maior repercussão. A
inconveniência dessas publicações foi destacada por Kardec, que recomendou que,
em tais casos, é preciso fazer uma escolha muito rigorosa do que será publicado
em nome do Espiritismo. Na sequência, o Codificador trata de um assunto ainda
mais grave: os falsos irmãos. Os Judas existem também no movimento espírita,
afirma Kardec. Eis o que, segundo ele, os caracteriza: I) a tendência para
fazer o Espiritismo sair dos caminhos da prudência e da moderação; II) o
estímulo às publicações excêntricas; III) o costume de provocar nas reuniões
assuntos comprometedores sobre política e religião; IV) o hábito de soprar a
discórdia enquanto pregam a união entre os espíritas; V) o lançamento ao
tapete, com habilidade, de questões irritantes ou ferinas, capazes de provocar
dissidências; VI) a implantação da inveja e do desejo de supremacia entre os
vários grupos, encantando-se quando, por meras diferenças de opinião, os grupos
passam a apedrejar-se, erguendo bandeira contra bandeira. (Obra citada, pp. 71
a 74.)
C.
O que, segundo Kardec, distingue o Espiritismo de todas as outras filosofias?
O Espiritismo se distingue das outras filosofias porque
não é fruto da concepção filosófica de um homem só, mas o resultado de um
ensino que cada um pode receber em todos os cantos da Terra. Ademais, o que fez o
rápido sucesso da doutrina espírita são as consolações e as esperanças que dá.
(Obra citada, pp. 77 e 78.)
Observação:
Para
acessar a Parte 3 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2023/05/revista-espirita-de-1863-allan-kardec_0569033445.html
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