O racismo e a
discriminação são inaceitáveis
ASTOLFO
O. DE OLIVEIRA FILHO
Logo que divulgada a
morte de George Floyd, um cidadão americano de cor negra, asfixiado até a morte
por um policial, no dia 25 de maio de 2020, na cidade de Minneapolis, protestos
e manifestações de repúdio ao racismo e à violência policial tomaram as ruas
das principais cidades dos Estados Unidos e também da Europa. Com apoio da
imensa maioria do povo norte-americano, as manifestações, que prosseguiram por
vários dias, pediam uma única coisa: justiça! E que todas as pessoas fossem
tratadas de igual forma, independentemente de sua condição social ou econômica,
de sua etnia ou da cor de sua pele.
Como espíritas que
somos, não há como não apoiar tais anseios, porquanto o racismo, a injustiça e
todas as formas de discriminação são inadmissíveis, especialmente quando o povo
que lhes fecha os olhos se diz seguidor do Cristianismo.
“Gravitar para a
unidade divina, eis o objetivo final da Humanidade” – eis o ensinamento contido
na questão 1.009 d´O Livro dos Espíritos, que acrescenta: “Para
atingi-la, três coisas são necessárias: a Justiça, o Amor e a Ciência, e três
coisas lhe são opostas e contrárias: a ignorância, o ódio e a injustiça”.
O lamentável episódio
ocorrido em Minneapolis – muitos analistas o disseram – pode ser um divisor de
águas, e é exatamente isso que esperamos, porque a marcha do progresso da
Humanidade é algo que ninguém pode sustar, como o leitor pode conferir à vista
do contido nas questões 781 a 783 d´O Livro dos Espíritos:
781. Tem o homem o poder de paralisar a
marcha do progresso?
“Não, mas tem, às vezes, o de embaraçá-la.”
a) Que se deve pensar dos que tentam
deter a marcha do progresso e fazer que a Humanidade retrograde?
“Pobres seres, que Deus castigará! Serão levados de
roldão pela torrente que procuram deter.”
[Nota de Allan Kardec: Sendo o progresso uma condição
da natureza humana, não está no poder do homem opor-se-lhe. É uma força viva,
cuja ação pode ser retardada, porém não anulada, por leis humanas más. Quando
estas se tornam incompatíveis com ele, despedaça-as juntamente com os que se
esforcem por mantê-las. Assim será, até que o homem tenha posto suas leis em
concordância com a justiça divina, que quer que todos participem do bem e não a
vigência de leis feitas pelo forte em detrimento do fraco.]
782. Não há homens que de boa-fé obstam
ao progresso, acreditando favorecê-lo, porque, do ponto de vista em que se
colocam, o veem onde ele não existe?
“Assemelham-se a pequeninas pedras que, colocadas debaixo
da roda de uma grande viatura, não a impedem de avançar.”
783. Segue sempre marcha progressiva e
lenta o aperfeiçoamento da Humanidade?
“Há o progresso regular e lento, que resulta da força
das coisas. Quando, porém, um povo não progride tão depressa quanto devera,
Deus o sujeita, de tempos a tempos, a um abalo físico ou moral que o
transforma.”
[Nota de Allan Kardec: O homem não pode conservar-se
indefinidamente na ignorância, porque tem de atingir a finalidade que a
Providência lhe assinou. Ele se instrui pela força das coisas. As revoluções
morais, como as revoluções sociais, se infiltram nas ideias pouco a pouco;
germinam durante séculos; depois, irrompem subitamente e produzem o
desmoronamento do carunchoso edifício do passado, que deixou de estar em
harmonia com as necessidades novas e com as novas aspirações. Nessas comoções,
o homem quase nunca percebe senão a desordem e a confusão momentâneas que o
ferem nos seus interesses materiais. Aquele, porém, que eleva o pensamento
acima da sua própria personalidade, admira os desígnios da Providência, que do
mal faz sair o bem. São a procela, a tempestade que saneiam a atmosfera, depois
de a terem agitado violentamente.]
Os ensinamentos acima
servem de estímulo e esperança de que – assim como se deu quando a Humanidade
aboliu a escravatura, extinguiu o lamentável regime do apartheid que
imperou na África do Sul e revogou as leis de discriminação racial que
vigoraram por longo tempo nos Estados Unidos – tudo é possível àquele que crê e
sabe que nosso mundo não está e jamais esteve à deriva.
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