Revista Espírita de 1863
Allan Kardec
Parte 1
Iniciamos nesta edição o estudo metódico e sequencial da Revista Espírita do ano de 1863, periódico editado e dirigido por Allan Kardec. O estudo será baseado na tradução feita por Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.
A coleção do ano de
1863 pertence a uma série iniciada em janeiro de 1858 por Allan Kardec, que a
dirigiu até 31 de março de 1869, quando desencarnou.
Cada parte do estudo,
que será apresentado às quartas-feiras, compõe-se de:
a) questões
preliminares;
b) texto para
leitura.
As respostas às
questões propostas encontram-se no final do texto abaixo.
Questões preliminares
A. Que funções e
propriedades Kardec atribui ao perispírito?
B. Para ajudar um
enfermo por meio da prece, é preciso estar junto dele?
C. Que recomendações
dá Kardec aos que pretendem iniciar-se na prática mediúnica?
Texto para leitura
1. Kardec abre esta
edição com um novo artigo a respeito dos possessos de Morzine; o primeiro saiu
em dezembro de 1862. No estudo, informa Kardec:
I) O perispírito é o
princípio de todos os fenômenos espíritas e de uma porção de efeitos morais,
fisiológicos e patológicos.
II) Ele é também a
fonte de múltiplas afecções e, por sua expansão, a causa das atrações e
repulsões instintivas, bem como da ação magnética.
III) Pela natureza
fluídica e expansiva do perispírito, o Espírito atinge a pessoa sobre a qual
deseja agir: rodeia-a, envolve-a, penetra-a e a magnetiza. (P. 1)
2. Todos nós, diz
Kardec, vivemos num oceano fluídico, incessantemente a braços com correntes
contrárias que atraímos ou repelimos, mas em cujo meio o homem conserva sempre seu
livre-arbítrio. (P. 2)
3. A ação dos maus
Espíritos sobre as pessoas de quem se apoderam apresenta nuanças de intensidade
e duração extremamente variadas, conforme o grau de perversidade do Espírito e
o estado moral da pessoa que lhe dá acesso. (P. 3)
4. Citando o caso de
uma senhora que perdera a razão e fora internada, um amigo da família e membro
da Sociedade Espírita de Paris obteve dos Espíritos a seguinte orientação:
I) A ideia fixa que a
mulher nutria atraía em sua volta uma porção de Espíritos maus, que a envolviam
com seus fluidos e alimentavam suas ideias, impedindo lhe chegassem as boas
influências.
II) Para curá-la,
seria necessário opor uma força moral capaz de vencer essa resistência, mas tal
força não é dada a um só.
III) Cinco ou seis
espíritas sinceros deveriam reunir-se todos os dias, durante alguns instantes,
pedindo com fervor a Deus e aos bons Espíritos sua assistência para ela.
IV) Não era
necessário estar junto à enferma, ao contrário. Pelo pensamento poderia ser
levada a ela uma salutar corrente fluídica, cuja força estaria na razão de sua
intenção, aumentada pelo número. (P. 5)
5. Seis pessoas
dedicaram-se a essa obra de caridade e, durante um mês, não faltaram à missão
aceita. Depois de alguns dias a doente estava mais calma; quinze dias depois, a
melhora era manifesta; e agora ela já havia retornado para sua casa, em estado
perfeitamente normal, sem saber de onde lhe viera a cura. (PP. 5 e 6)
6. A prece não tem,
pois, apenas o efeito de levar ao doente um socorro, mas o de exercer uma ação
magnética. Que não poderia o magnetismo ajudado pela prece! Mas, infelizmente,
muitos magnetizadores fazem abstração do elemento espiritual e só veem a ação
mecânica, privando-se desse modo de um poderoso auxiliar. (P. 6)
7. Reportando-se aos
escolhos da prática mediúnica, Kardec esclarece:
I) Antes de
experimentar, é preciso estudar: o menor inconveniente da prática mediúnica sem
experiência é a mistificação por parte dos Espíritos enganadores e levianos.
II) Não é o exercício
da mediunidade que atrai os maus Espíritos, mas a predisposição física ou moral
que torne o médium acessível à influência deles.
III) A presunção de
julgar-se invulnerável aos maus Espíritos tem sido punida, muitas vezes, de
modo crudelíssimo, visto que é o orgulho que lhes dá mais fácil acesso.
IV) O estudo prévio e
a prece são fatores essenciais para evitar o assalto dos maus Espíritos.
V) Se nos
compenetrássemos do objetivo essencial e sério do Espiritismo e nos
preparássemos sempre para o exercício da mediunidade por um fervoroso apelo ao
anjo da guarda e aos Espíritos protetores e se, além disso, nos estudássemos,
esforçando-nos por nos purificarmos de nossas imperfeições, os casos de
obsessão mediúnica seriam ainda mais raros. (PP. 6 a 8)
8. Evocando um caso
descrito em dezembro de 1862 sob o título “A Choça e o Salão”, a Revista
transcreve comunicação de um Espírito que foi na Terra um criado dedicado de
certa pessoa conhecida de Kardec. Na comunicação, o ex-servo confirma que, no
geral, os exemplos de dedicação dos domésticos aos seus amos têm por causa as
vidas passadas. “Por vezes - disse ele - tais criados são membros da família
ou, como eu, obrigados que pagam uma dívida de reconhecimento e seu
reconhecimento lhes ajuda o progresso.” (PP. 9 e 10)
9. Falando sobre a
situação da alma após a morte corpórea, Kardec diz que, ao morrer, o homem
deixa na Terra apenas seu invólucro pesado e grosseiro, conservando o
envoltório fluídico indestrutível, com o qual, livre do entrave que o prendia
ao solo, pode elevar-se e transpor o espaço. Esse envoltório fluídico, por mais
invisível e etéreo que seja, não deixa de ser uma espécie de matéria que,
durante a encarnação, serve de intermediário entre a alma e o corpo. (P. 13)
10. A Revista
transcreve duas matérias publicadas por um semanário de Bordeaux e pelo Écho
de Sétif, da Argélia. Trata-se de depoimentos pró-Espiritismo de dois
leitores daqueles periódicos. Neste último, o articulista diz que parte dos que
não negam os fatos espíritas atribui as comunicações ao demônio. Ele então
argumenta: “É o que não posso admitir em face de comunicações como esta: Crede
em Deus, criador e organizador das esferas; amai a Deus, criador e protetor das
almas (assinado: Galileu)”. (PP. 14 a 17)
11. Kardec responde a
um leitor de Bordeaux explicando por que o Espiritismo não se dirige àqueles
que têm uma fé religiosa qualquer, com o fito os desviar, mas sim à numerosa
categoria dos incertos e dos incrédulos. (PP. 17 a 20)
Respostas às questões propostas
A. Que funções e
propriedades Kardec atribui ao perispírito?
Segundo o Codificador
do Espiritismo, o perispírito é o princípio de todos os fenômenos espíritas e
de uma porção de efeitos morais, fisiológicos e patológicos, e é também a fonte
de múltiplas afecções e, por sua expansão, a causa das atrações e repulsões
instintivas, bem como da ação magnética. Pela natureza fluídica e expansiva do
perispírito, o Espírito atinge a pessoa sobre a qual deseja agir: rodeia-a,
envolve-a, penetra-a e a magnetiza. (Revista Espírita de 1863, pp. 1 e
2.)
B. Para ajudar um
enfermo por meio da prece, é preciso estar junto dele?
Não, visto que pelo
pensamento pode-se levar até ele uma salutar corrente fluídica, cuja força está
na razão da intenção, aumentada pelo número dos que participarem do ato. A
prece não tem apenas o efeito de levar ao doente o socorro, mas o de exercer
uma ação magnética. (Obra citada, p. 6.)
C. Que recomendações
dá Kardec aos que pretendem iniciar-se na prática mediúnica?
Kardec ensina que
antes de experimentar é preciso estudar, prevenindo assim a possibilidade de
mistificação por parte dos Espíritos enganadores e levianos. Diz ele que não é
o exercício da mediunidade que atrai os maus Espíritos, mas a predisposição
física ou moral que torne o médium acessível à influência deles. A presunção de
julgar-se invulnerável aos maus Espíritos tem sido punida, muitas vezes, de
modo crudelíssimo, visto que é o orgulho que lhes dá mais fácil acesso. O
estudo prévio e a prece são, pois, fatores essenciais para evitar o assalto dos
maus Espíritos. (Obra citada, pp. 6 a 8.)
Como consultar as matérias deste blog? Se você não conhece
a estrutura deste blog, clique em Espiritismo Século XXI e verá como
utilizá-lo e os vários recursos que ele nos propicia. |
Nenhum comentário:
Postar um comentário