O Espiritismo perante a Ciência
Gabriel Delanne
Parte 41
Continuamos o estudo do clássico O Espiritismo perante a Ciência, de
Gabriel Delanne, conforme tradução da obra francesa Le Spiritisme devant la Science.
Nosso objetivo é que este estudo possa
servir para o leitor como uma forma de iniciação aos chamados Clássicos do
Espiritismo.
Cada parte do estudo compõe-se de:
a) questões preliminares;
b) texto para leitura.
As respostas às questões propostas
encontram-se no final do texto abaixo.
Questões preliminares
A. As ações físicas produzidas pelos
Espíritos exigem dispêndio fluídico do médium?
B. É verdade que a Sociedade Dialética
de Londres se ocupou da verificação dos fatos ditos espíritas?
C. Que conclusões a subcomissão
constituída pela Sociedade Dialética de Londres apresentou?
Texto para leitura
919. As explicações de Crookes
comprovam o que os Espíritos disseram a Allan Kardec a respeito das
manifestações físicas. Com efeito, diz O
Livro dos Médiuns que toda ação física produzida pelos Espíritos exige
dispêndio do fluido nervoso do médium.
920. É notória, no mundo científico da
Inglaterra, a realidade da força psíquica. Poucos descobrimentos suscitaram
tantas discussões e experiências contraditórias. Quando, a priori, se ouve
negarem fenômenos atestados pelas maiores sumidades da Inglaterra, da Alemanha
e da América, vê-se, com espanto profundo, a que aberrações a rotina e o
preconceito podem conduzir.
921. A fim de que nossos leitores
sejam inteiramente edificados sobre o valor de nossa crença, damos o relatório
do comitê da Sociedade Dialética de Londres sobre o Espiritismo:
“Desde sua criação, em 11 de fevereiro
de 1869, esta subcomissão realizou 40 sessões com o fim de estabelecer
experiências e provas rigorosas. Todas essas reuniões se realizaram nas casas
particulares dos membros da comissão, a fim de excluir a possibilidade de
mecanismos previamente dispostos ou de qualquer artifício. Os móveis com que se
fizeram as experiências foram os comuns. As mesas eram as de jantar, pesadas,
que demandavam considerável esforço para serem postas em movimento. A menor
tinha 5 pés e 9 polegadas de comprimento por 4 pés de largura; a maior, 9 pés e
3 polegadas de comprimento por 4 pés e meio de largura; o peso estava em
proporção. Os quartos, as mesas e todos os móveis em geral foram cuidadosamente
examinados muitas vezes, antes das experiências, durante e depois, para certeza
de que não existia trapaça, instrumento, ou qualquer aparelho com o auxílio dos
quais pudessem ser produzidos os movimentos mencionados aqui adiante. As
experiências foram feitas à luz do gás, exceto em pequeno número delas.”
922. Segundo se lê no relatório
mencionado, a comissão evitou servir-se de médiuns de profissão, ou pagos; o
médium utilizado era um dos membros da subcomissão, pessoa colocada em alta
posição social, perfeitamente íntegra, sem nenhum proveito pecuniário em vista
e que nenhuma vantagem poderia tirar de uma fraude. Cerca de quatro quintos dos
membros da comissão principiou as investigações com o mais completo ceticismo,
crentes de que os fenômenos eram o resultado da impostura, da ilusão ou de uma
ação involuntária dos músculos. Somente depois de irresistível evidência, em
condições que excluíam aquelas hipóteses e depois de experiências e provas
rigorosas, muitas vezes repetidas, é que os membros mais céticos, muito a
contragosto, ficaram convencidos de que os fenômenos produzidos durante esse
longo inquérito eram fatos verdadeiros.
923. Eis as conclusões obtidas,
conforme o relatório a que nos referimos:
1º. Sob certas disposições de corpo ou
de espírito, em que se achem uma ou mais pessoas presentes, produz-se uma força
suficiente para pôr em movimento objetos pesados, sem emprego de nenhum esforço
muscular, sem contato material de qualquer natureza entre esses objetos e o
corpo das pessoas presentes.
2º. Essa força pode produzir sons, que
se ouvem, distintamente, em objetos materiais, sem qualquer contato, nem
relação visível ou material com o corpo das pessoas presentes; ficou
demonstrado que os sons provêm daqueles objetos, pelas vibrações perfeitamente
sensíveis ao tato. (Isso serviu de advertência aos senhores Bersot, Julei Soury
e à Academia das Ciências, que admitiam como única causa do fenômeno o músculo
rangedor.)
3º. Essa força é frequentemente
dirigida com inteligência.
924. Ressalte-se que em todas essas
experiências a hipótese de um meio mecânico ou qualquer outro foi completamente
afastada, porque os movimentos se fizeram em várias direções, ora dum lado, ora
doutro, ora para cima, ora para baixo.
925. Esses movimentos teriam exigido a
cooperação de grande número de mãos e pés e, em razão do volume considerável e
do peso das mesas, não se poderiam produzir sem o emprego visível de um esforço
muscular. Mãos e pés eram perfeitamente visíveis e nenhum deles se poderia ter
mexido, sem que fossem logo percebidos. A ideia de ilusão foi posta de lado. Os
movimentos se realizaram em direções diferentes e as pessoas presentes foram
deles simultaneamente testemunhas. Era um caso de medição e nunca de opinião ou
imaginação.
926. Esses movimentos se reproduziram
tantas vezes, em condições tão numerosas e tão diversas, com tantas garantias
contra o erro e o embuste e com tão seguros resultados, que os membros da
subcomissão, céticos no princípio das investigações, ficaram convencidos de que
existe uma força capaz de mover corpos pesados, sem contato material, força
essa que depende, de maneira desconhecida, da presença de seres humanos.
927. Em resumo, o parecer final da
comissão foi no sentido de que um fato físico importante se achava assim
demonstrado, a saber: que se podem produzir movimentos de corpos sólidos, sem
contato material, por uma força desconhecida até agora, que age a uma distância
indefinida do organismo humano e é inteiramente independente da ação muscular.
928. Vê-se, pois, à vista dos fatos
narrados, que a Ciência reconhece os fenômenos espíritas. Crookes, levando mais
longe a investigação, demonstrou que a força psíquica é governada por uma
inteligência, que não a dos assistentes; além disso, uma dessas inteligências
reveste temporariamente um corpo, diz que é a alma de pessoa que já viveu na
Terra, e lhe faz fotografar a imagem. É o caso de Katie King.
929. Se tais fatos não induzem à
crença, cumpre renunciar a convencer os homens, porque nada mais positivo, mais
tangível, foi apresentado nos ramos dos conhecimentos humanos, em favor de uma
teoria.
930. A despeito dos senhores Lélut,
Luys, Moleschott, Büchner, Cari Vogt e outros materialistas, não aceitaremos,
no futuro, em nossas discussões, senão fatos estabelecidos cientificamente, não
desejando mais disputar hoje, que possuímos certezas, contra hipóteses sem
fundamento. Não são mais visionários, cérebros ocos, que proclamam a
autenticidade das nossas manifestações; é a ciência oficial da Inglaterra.
Opunham-nos outrora Chevreul, Babinet, Faraday. Agora nós apresentamos Crookes,
Varley, Oxon, de Morgan, A. Wallace e toda a sociedade dialética. Demonstrem
nossos contraditores que esses homens ilustres estão em erro e nós
acreditaremos; mas enquanto esperamos que o façam, deixamos o público julgar
para decidir de que lado estão a boa-fé, a ciência e a verdade.
Respostas às questões preliminares
A. As ações físicas produzidas pelos Espíritos exigem
dispêndio fluídico do médium?
Sim. Nesse sentido, as explicações de
Crookes comprovaram o que os Espíritos disseram a Allan Kardec a respeito das
manifestações físicas. Com efeito, diz O
Livro dos Médiuns que toda ação física produzida pelos Espíritos exige
dispêndio do fluido nervoso do médium. (O
Espiritismo perante a ciência, Quinta Parte, Cap. III – Médiuns videntes e
médiuns auditivos.)
B. É verdade que a Sociedade Dialética de Londres se ocupou
da verificação dos fatos ditos espíritas?
É verdade. Criada com esse objetivo em
11 de fevereiro de 1869, uma subcomissão constituída pela Sociedade Dialética
de Londres realizou 40 sessões com vistas à apuração da veracidade dos aludidos
fenômenos. O relatório que apresenta suas conclusões foi transcrito por Delanne
na obra ora em estudo. (Obra citada, Quinta Parte, Cap. III – Médiuns videntes
e médiuns auditivos.)
C. Que conclusões a subcomissão constituída pela Sociedade
Dialética de Londres apresentou?
Ei-las:
1º. Sob certas disposições de corpo ou
de espírito, em que se achem uma ou mais pessoas presentes, produz-se uma força
suficiente para pôr em movimento objetos pesados, sem emprego de nenhum esforço
muscular, sem contato material de qualquer natureza entre esses objetos e o
corpo das pessoas presentes.
2º. Essa força pode produzir sons, que
se ouvem, distintamente, em objetos materiais, sem qualquer contato, nem
relação visível ou material com o corpo das pessoas presentes; ficou
demonstrado que os sons provêm daqueles objetos, pelas vibrações perfeitamente
sensíveis ao tato.
3º. Essa força é frequentemente
dirigida com inteligência. (Obra citada, Quinta Parte, Cap. III – Médiuns
videntes e médiuns auditivos.)
Observação:
Para acessar a parte 40 deste
estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2020/12/o-espiritismo-perante-ciencia-gabriel_18.html
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