Grilhões Partidos
Manoel Philomeno de Miranda
Parte 5
Prosseguimos neste espaço o estudo – sob a forma dialogada –
do livro Grilhões Partidos, de Manoel
Philomeno de Miranda, obra psicografada por Divaldo P. Franco e publicada no
ano de 1974.
Este estudo é publicado neste blog sempre às
segundas-feiras.
Caso o leitor queira ter em mãos o texto condensado da obra em
foco, para complementar o estudo ora iniciado, basta clicar em http://www.oconsolador.com.br/linkfixo/estudosespiritas/principal.html#MANOEL
e, em seguida, no verbete "Grilhões
Partidos”.
Eis as questões de hoje:
33. Em que consiste a histeria e quais as suas causas?
A histeria já era, segundo Dr. Bezerra, conhecida na
antiguidade. Fenômenos psíquicos, por serem ignorados, muitas vezes foram com
ela confundidos, como reciprocamente ocorria. Em verdade, o homem é o juiz de
si mesmo e recolhe da atividade em que se envolve os frutos merecidos da
plantação realizada. A reencarnação, nesse contexto, afigura-se a todos nós
como uma escola de recuperação, em que os Espíritos se aprimoram e recuperam,
pelo trabalho, o patrimônio da paz malbaratada nas aventuras da insensatez e da
perversidade. Essa realidade era visível na problemática das enfermidades
mentais, em que melhor se desvelam as paisagens íntimas de cada ser, uma vez
que o impositivo do resgate exige da organização fisiopsicológica a
exteriorização dos abusos e crimes anteriormente perpetrados. Essa a causa de
várias doenças mentais e, dentre elas, a histeria, de que se derivam sonhos
desagradáveis, por automatismo psicológico, fruto das recordações impressas na
memória perispiritual e ataques violentos de psicastenia dolorosa, acompanhados
por outros distúrbios de ordem motora. (Grilhões
Partidos, cap. 12, pp. 109 a 112.)
34. Qual foi a
causa da doença catalogada como histeria que acometeu Angélica?
Jovem e atraente, aos primeiros dias do século 20, Angélica
consorciou-se por imposição paterna com um homem a quem não amava, mais idoso
do que ela e, além disso, impossibilitado para o matrimônio. Confessando-lhe o
seu problema, o esposo concedeu-lhe regular liberdade, desde que se mantivessem
as conveniências sociais, para ele relevantes. Essa conjuntura afetiva
constituía já uma medida coercitiva de que a vida se utilizava a fim de
discipliná-los corretamente. Se ela aproveitasse a oportunidade, mediante a
austeridade moral que se impunha, isso a guindaria a relevante posição
espiritual. Mas não foi o que aconteceu. Acobertada pelo marido insensato,
tombou em quedas sucessivas, ocultando os frutos das dissipações por meio de
infanticídios impiedosos que se repetiram por quatro vezes consecutivas, até
que veio a falecer, por ocasião do último aborto, em consequência de hemorragia
violenta. Ao despertar no Além, reencontrou aqueles que impedira de renascer,
passando a sofrer-lhes acrimônias, injúrias e rudes perseguições. A Lei, porém,
sempre chama a necessárias contas todos os seus desrespeitadores. Ao reencarnar,
fixou no centro coronário, onde se situa a epífise, os abusos anteriormente
cometidos, que foram sendo revelados à medida que a puberdade ativava o centro
genésico, produzindo-lhe o estado atual e, simultaneamente, fazendo que a memória
dos sucessos infelizes começasse a trasladar-se do inconsciente profundo para o
consciente atual, em forma de tormentosas crises evocativas das sensações
experimentadas nas pavorosas regiões de dor de onde proveio. (Obra citada, cap.
12, pp. 113 e 114.)
35. A subjugação
corporal pode levar o obsidiado à esquizofrenia?
Sim. Em “O Livro dos Médiuns”, cap. XXIII, item 254, os
Espíritos ensinam que a subjugação corporal pode ter como consequência uma
espécie de loucura, cuja causa o mundo desconhece e que não tem relação alguma
com a loucura ordinária. Bezerra de Menezes elucidou que aquele era o caso de
Ester. Se o socorro divino não a alcançasse imediatamente, a subjugação
espiritual a conduziria “a uma situação esquizofrênica com possibilidades
irreversíveis”. (Obra citada, cap. 13, pp. 115 e 116.)
36. Por que, no
caso Ester, a contribuição do seu pai era indispensável?
O motivo era que Ester resgatava naquele momento faltas
cometidas no passado, quando, acumpliciada com o atual genitor, resvalou pela
desídia e o crime. Seu obsessor não tinha com a jovem qualquer vinculação
direta. Ele assim procedia para desforçar-se do pai, a quem supunha odiar. Como
ela se encontrava comprometida, sofria, fazendo o pai sofrer, enquanto se
liberava, por esse processo, dos erros cometidos em companhia do genitor. O
Espírito a subjugava por encontrar nela predisposições cármicas que facilitavam
o conúbio. Sendo médium, a jovem facultava ao infeliz irmão a obsessão, através
de compreensível afinidade fluídica com que se imantavam reciprocamente. As
tramas do passado eram as responsáveis por isso. (Obra citada, cap.13, pp. 117
a 120.)
37. Qual foi o
passo inicial para o tratamento e libertação de Ester?
O culto do Evangelho no Lar foi o primeiro passo do
tratamento que então se iniciava. (Obra citada, cap. 14, pp. 121 e 123.)
38. Que é que os
instrutores espirituais falam a respeito do egoísmo e suas consequências?
Aberto o Evangelho ao chamado acaso, a lição escolhida foram
as páginas de Emmanuel e Pascal, no capítulo XI, sobre o egoísmo. Feita a
leitura, o Cel. Epaminondas teceu várias considerações mostrando que o egoísmo
é a causa matriz de incontáveis desastres morais e sofrimentos que irrompem por
toda parte. As paisagens espirituais da Terra seriam diferentes se os homens
compreendessem a própria fraqueza e suas limitações, procurando ajudar-se uns
aos outros. Mencionou então o erro dos pais que, desde cedo, pensando no
triunfo dos filhos, os envenenam com os tóxicos da egolatria, esquecidos de os
preparar convenientemente para a vida. Referiu-se depois às implicações do
egoísmo, que prosseguem no além-túmulo, gerando obsessões de longo curso,
porque muitos Espíritos se sentem usurpados em direitos que, verdadeiramente,
não lhes pertencem, dizendo-se traídos e transferindo para os outros
responsabilidades que lhes competia desenvolver e não souberam ou não quiseram
assumir. (Obra citada, cap.14, pp. 124 e 125.)
39. Como se deu
a visita dos pais de Ester, em espírito, à filha enferma?
Durante o sono, afrouxam-se os laços que prendem a alma ao
corpo, e não precisando este então da sua presença, ela se lança pelo espaço e
entra em relação mais direta com outros Espíritos. Foi num momento assim, de
desprendimento espiritual, que os pais de Ester mantiveram um encontro com o
Dr. Bezerra de Menezes e, com a ajuda dele, foram ao encontro de Ester.
Desperta do sono provocado, Ester-espírito deu-se conta da presença de seus
pais, atirando-se ao regaço maternal, que a acolheu carinhosamente. Ambas
choraram, e o Coronel envolveu mãe e filha num só abraço de ternura e saudade.
Elas então conversaram e D. Margarida pôde dizer-lhe que, quando todos se
encontravam à borda de iminente desgraça, Jesus os convocou a uma vida nova,
onde o orgulho que os cegava e o egoísmo que os consumia cederam lugar à
humildade que liberta, à esperança que anima e à alegria que canta bênçãos em
suas almas. (Obra citada, cap.15, pp. 129 a 134.)
40. Que
resultados apresentou a visita feita a Ester?
Ester-espírito, impregnada pelas palavras carinhosas e pelos
fluidos renovadores que a mãe lhe transmitia, após recebê-los do Benfeitor
Espiritual, teve sono e adormeceu. Era a primeira vez nos últimos meses que o
corpo da filha repousava, sem a constrição tormentosa do inimigo desencarnado.
Estavam lançadas as linhas mestras da recuperação de ambos. No dia seguinte, o
Coronel Constâncio informou à esposa que sonhara com Ester, sem conseguir,
porém, recordar com precisão detalhes que dessem encadeamento ao acontecido. Uma
tranquilidade inusitada o dominava então. Tinha a impressão de haver passado a
noite num recinto algo sombrio, onde a filha se encontrava. Nesse ponto,
contudo, ao recordar-se da jovem, seus olhos encheram-se de lágrimas... D.
Margarida confirmou a impressão de Constâncio: tinha ela certeza de haver
visitado a filha. (Obra citada, cap. 15 e 16, pp. 134 a 138.)
Observação:
Para acessar a Parte 4 deste estudo, publicada na semana passada,
clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2020/12/grilhoes-partidos-manoel-philomeno-de_14.html
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