domingo, 6 de dezembro de 2020

 



Os ensinos espíritas e seu alvo

 

ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO

aoofilho@gmail.com

De Londrina-PR

 

Há muitas pessoas, mesmo em nosso meio, que não entenderam ainda o que Allan Kardec disse certa vez sobre a proposta espírita quando, em resposta a um leitor de Bordeaux, explicou que o Espiritismo não se dirige àqueles que têm uma fé religiosa qualquer, com o fito de os desviar, mas sim à numerosa categoria dos incertos e dos incrédulos (Revue Spirite de 1863, pp. 17 a 20).

O ímpeto proselitista revela-se, às vezes, em ações aparentemente inocentes mas que ferem profundamente o que o Codificador nos ensinou.

Já vimos em determinada instituição pessoas defendendo o acesso à sopa dada aos socialmente carentes somente se, antes disso, a pessoa ouvir a palestra espírita ou receber o passe magnético, violentando assim as convicções que tais pessoas têm, visto que o fato de necessitarem do auxílio material não significa que sejam indiferentes a essa ou àquela religião.

Convidá-las à palestra e oferecer-lhes o recurso do passe magnético, eis atitudes que não ofendem a ninguém, mas subordinar a ajuda à aceitação de tais convites é algo que não pode ser aprovado pelos que estudaram e assimilaram a proposta espírita.

Há, ainda, em nosso meio, os chamados espíritas exaltados, a que Kardec se refere no item 28 d´O Livro dos Médiuns. Crédulos por natureza, aceitam facilmente e sem reflexão tudo o que provém do plano espiritual. Exagerados em sua crença, revelam uma confiança cega e à vezes pueril nas coisas do mundo invisível. São eles, portanto, os menos indicados para convencer, o que não impede que queiram, a cada momento, exercitar seu ímpeto proselitista e converter todo mundo.

O tema tem, também, repercussão bem grande na forma como se realiza a divulgação do Espiritismo, seja na tribuna, seja pela imprensa.

Nos setores mais avançados da comunicação social espírita entende-se que o discurso espírita deve ser doutrinário, mas jamais doutrinante. Com efeito, a linguagem doutrinante, impositiva e às vezes intolerante, própria de certos meios religiosos, não se coaduna com a metodologia espírita. 

Se vamos tratar, digamos, de um vício qualquer, como por exemplo o alcoolismo, procuremos expor seus malefícios evidentes à saúde, à família e à sociedade, mas evitemos condenar, maldizer, demonizar os que bebem. 

Os indivíduos devem ser sempre respeitados, não apenas no tocante ao que fazem, mas também naquilo em que acreditam, nas crenças a que se afervoram. 

É preciso, pois, conscientizar-nos de que o Espiritismo não surgiu no mundo para tirar adeptos de nenhuma denominação religiosa, mas veio, sim, para os que duvidam e para aqueles que, adotando alguma religião, nela não se encontram satisfeitos. 

A divulgação que fazemos da Doutrina Espírita pela rede mundial de computadores é aberta e dirigida a todo mundo, mas sabemos que só vão acessar os sites espíritas os que decidirem fazê-lo, sem que ninguém os obrigue, movidos unicamente pelo desejo de conhecer algo que consiga responder às muitas inquietações que podem existir no mundo íntimo dessa ou daquela pessoa.

 


 

 

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